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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Os anos de silêncio: a linha tênue que separa destinos

 

Autor explica como podemos romper a zona de conforto e extrair o máximo do nosso potencial

    Traçar as diferenças entre as pessoas de sucesso e aqueles que atingiram apenas a média ou desistiram antes de alcançar seus objetivos não é um tarefa fácil. Além de desmistificar conceitos como talento, paixão e renda, o pesquisador e filósofo Jacob Pétry observou outro fator que distingue os dois grupos: o desgastante período dos anos de silêncio. Trata-se do momento nas nossas vidas profissionais onde empregamos todas as nossas energias para a lapidação do nosso talento natural. Segundo Jacob, é a parte mais desgastante do percurso das nossas carreiras. “Geralmente, é onde as pessoas desistem dos seus objetivos. Por mais que você tenha clareza daquilo que quer, o período de aperfeiçoamento é onde você deve se dedicar integralmente a lapidação do seu talento. Não é fácil”, destaca Pétry.

    Autor do mais recente sucesso da literatura dedicada ao gerenciamento de carreiras dos últimos anos, O Óbvio que Ignoramos, Pétry debruçou-se a estudar personalidades de reconhecido sucesso pessoal e profissional. Dentre os inúmeros fatores que separa as pessoas bem sucedidas daquelas que apenas “atingiram a média”, o comportamento diante do estresse de uma das partes mais duras do trabalho, o insistente aperfeiçoamento, é apontado como fundamental. “As pessoas desistem, porque a zona de conforto, apesar das limitações, é muito mais segura. Por outro lado, a zona do medo exige uma carga emocional muito forte para ser enfrentada e ocupa um espaço psicológico relevante. Entre esses dois pontos, está a zona de aprendizagem. O importante é se manter focado. Aos poucos, a zona do medo vai decrescendo e a zona de conforto aumentando”, explica Jacob.

    O maior sucesso musical da história, a banda inglesa The Beatles é usada pelo pesquisador pra ilustrar esse problema. Diante do incessante período que os Beatles permaneceram na cidade alemã de Hamburgo, fazendo mais de 400 shows por ano para uma única casa de espetáculos, o primeiro contrabaixista da banda desistiu da carreira musical. Stuart Sutcliff, desmotivado com o incessante período na Alemanha, decidiu abandonar a banda e retomar sua interrompida carreira de pintor. “O problema não é apenas as dificuldades. Trata-se de um período sabático. Dificilmente, você encontrará motivação fora de si mesmo. A zona de conforto é muito tênue. Resume-se a família e poucos amigos”, completa Jacob. A disposição natural que temos para uma determinada área é fundamental dentro desse processo. “Se você não se sente motivado por conta próprio dificilmente conseguirá completar o processo”, observa Jacob.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Silval comete os mesmos erros que cometi em 94, diz Sobrinho

Da Redação Olhar Direto - Marcos Coutinho

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Do alto de quem disputou uma eleição para governador em 1994, na condição de vice-governador do Estado, o atual secretário geral do PTB e secretário de Governo de Cuiabá, Osvaldo Sobrinho, não acredita na possibilidade de o atual vice-governador de Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB), viabilizar sua candidatura sem assumir o comando do Palácio Paiaguás.
"Silval comete os mesmo erros que cometi em 94", assevera o líder petebista, que foi derrotado por Dante de Oliveira (PSDB), numa época em que os futuros candidatos ao cargo de governador eram conhecido com uma antecedência de quatro anos. 
"Se ele (Silval Barbosa) não assumir o governo, ficará difíci para viabilizar sua candidatura. Ele é uma excelente pessoa, um excelente líder, mas não terá chances se não assumir o governo", avaliou Sobrinho, que acaba de chegar em Cuiabá, oriundo de encontros regionais do PTB em Colíder, Cáceres e Nova Xavantina.
Por telefone, para o Olhar Direto, Sobrinho analisa que "viveu situação idêntica" à de Silval Barbosa, pois Jaime Campos não lhe deu espaço político suficiente para mostrar que era uma alternativa política para o eleitor mato-grossense.
E espaço político, na atual conjuntura, é vital para o vice-governador, desde que o PP do deputado José Riva, que também tem a pretensão de disputar o governo do Estado em 2010. Pelo menos, esse é o cenário que está se desenhando nos bastidores, marcado por incertezas e blefes dos atores políticos de plantão.

Selzy Quinta

sábado, 13 de junho de 2009

DESCOMUNICAÇÃO Lêda Selma

 Lêda Selma

Tudo começou ainda na infância. O menino não tinha sossego.  A tosse chegava num rompante, troteava peito adentro, escapulia boca afora, um suplício que o sacolejava impiedosamente. Zelosa, a mãe não se descuidava: simpatias, benzeções, preces, promessas, tudo o que a fé e as crendices lhe apontavam como solução.
Já dizia sua trisavó: “Mais vale uma má esperança que um bom desengano”. Apoiada nisso, capturou um peixe, cuspiu em sua boca e o devolveu ao rio, vivo, como mandava o ritual; outra vez, escreveu a Ave-Maria num  papel, introduziu-o no patuá e o pendeu no pescoço do cachorro; ali ficaria até que o coitado se libertasse dele naturalmente. Todavia, a mais estapafúrdia das doidices, com o fito de acabar com aquela tosse ladrante, foi colocar o menino para tossir no ouvido da imagem de São Braz: desassossegando o santo, ele haveria de milagrear em favor do filho, acreditava. Por analogia, deduziu: se o santo era especialista em engasgo, entenderia de tosse convulsa, a tal tosse comprida, afinal, eram áreas afins, meio aparentadas.
A palavra de ordem, portanto, para aquela desesperada mãe, “tentar”. Sem medidas. Sem economia de sacrifícios. Tudo valia a pena se a tosse não fosse pequena (desculpe-me o trocadilho, Fernando Pessoa). O filho precisava se livrar daquele “regougo infernento”. Se necessário fosse, flagelaria São Braz ou qualquer santo, sem misericórdia, até que agissem de forma competente.
Alguns meses corridos, e a tosse, já nem tão comprida, se espaçava e, aos poucos, enfraquecia-se. O menino, apenas, vez ou outra, tossicava, “tossinha de cemitério”, afirmava a vizinha. E a mãe comemorava seus feitos com preces de gratidão. A coqueluche, finalmente, estava derrotada em tempo recorde.
Passaram-se os tempos, o menino cresceu, virou homem, um homem atarracado e franzino, de pele bacenta e cabelos esporádicos (modelo nem ficam nem desocupam a telha). De repente, ei-la, a tosse, ressurgida com novo status: bronquite asmática. “Culpa da tosse comprida mal-curada”, retumbava, incansável, a avó. “Nem tudo foi feito. Faltou cortar um pedacinho da parte branca da pena do urubu, introduzi-la num amuleto e pendurá-lo no pescoço do coqueluchento”, resmungava insistentemente. O certo é que a tosse, de volta, não dava trégua àquele homem de olhar vermelho, olhar de meu Deus, cadê meu fôlego?! E era justo aí que estava o problema: no fôlego. Um fôlego cambaleante, raquítico, feito bêbado à mercê da intuição para encontrar o caminho de casa. Um fôlego de deixar qualquer um sem fôlego.
Ano após ano, Troncoso continuava com crises de asmas, cansaço e falta de ar. Aos arrancos, a tosse  não o deixava dormir. Uma consumição dividida com a mulher que, conforme prometeu ao marido, instigada pelo padre, no dia do casamento, lhe seria “fiel na saúde e na doença”. Casada, pois, em comunhão também de tosse, fazer o quê, senão uma simpatia? Colheu, então, um punhado de alecrim, deixou-o secar e, depois, amassou-o. Em seguida, colocou-o em um cachimbo virgem. Cada vez que a asma se manifestasse, o marido tossegoso fumaria o alecrim.
Não tardou muito, o médico foi chamado; e intrigou-se com o cachimbo sobre a mesinha de cabeceira.
– Olhe, é preciso driblar o fumo. Aos poucos, o senhor se adaptará, fique tranquilo. Que tal fumar só dois por dia?
– Dois...?! Vou tentar, vai ser difícil, mas se é o doutor quem diz...
Dez dias depois, Troncoso estava pior.
– Foi complicado, doutor, mas consegui fumar os dois.
O médico, ao ascultar-lhe os pulmões, confirmou a piora.
– Doutor, acho que a culpa é do cigarro.
– Sem dúvida. Por que lhe pedi que diminuísse as fumadas?
– Diminuísse?! Fiz foi aumentar, doutor! Afinal, eu não fumava, e só fumei agora por prescrição médica, ora!

Lêda Selma é escritora e membro da Academia Goiana de Letras. E Escreve aos sábados no espaço de opinião do Jorna Diário de manhã em Goiânia.

Selzy Quinta Marcas:

Doenças imaginárias

 

- Jorge de Lima

Tédio e domingo, companhias inseparáveis. Ligo a televisão e deparo com o besteirol do jornalismo de entretenimento com o famigerado dr. Bactéria, e descubro que na pia de minha casa há uma verdadeira colônia de micróbios que podem matar. Na hora imaginei vovó fazendo na pia a antiga “bala de puxa”. Passava ali uma aguinha, soprava de leve, e dá-lhe bactérias para engordar menino! Será que um dia o dr. Bactéria vai abordar o sexo oral ou vai falar de meninos que comem “catota” (meleca de nariz)?
Um dos agentes psíquicos que mais se confundem, seja na hipocondria (mania de doença), nos transtornos de pânico e obsessivo-compulsivo e na neurose fóbica, é o medo de doenças. O medo de passar mal, em uma tentativa intensa de controlar o universo a sua volta, em um mecanismo racionalista autodestrutivo.
A psicodinâmica de quem cai nesse processo fóbico de paranoia frente a bactérias, doenças, capetas, óvnis, é semelhante e denota a fragilidade constante de um indivíduo que nega todo o potencial defensivo do seu próprio corpo. Uma espécie de complexo de inferioridade altamente constelado e que inconscientemente atua de forma rígida e controladora, quase que beirando a onipotência. Assim, embora frágil, o indivíduo com mania de doença acaba tornando-se obsessivo, quase que um tarado, pensando 24 horas por dia em como pode se contaminar ou passar mal. Tarado?
Ironicamente quem tem mania de doença adoece com facilidade, especialmente por que seu organismo não tem condições de defesa. É altamente alérgico a tudo e a todos, especialmente à vida. A mania de doença espelha a fragilidade da personalidade humana que substituiu o politeísmo ocidental, deificando todo processo patológico. Por isso farmácias têm nome de santo e remédios têm nome indecifrável. Mistérios?
O totem moderno revivifica a saúde em uma busca constante por um elixir da vida eterna. Vivemos para as tragédias, doenças, desgraças. Esta é a característica máxima de nosso sadismo cotidiano. Isso, quando introjetado por um indivíduo com complexo de inferioridade, pode substituir a essência de sua vida, especialmente se ela for sem graça. O desejo acaba sendo substituído pelo mal-estar e a alma aprisionada pelo medo da destruição, isto se torna a mania de doença.
Javé punidor ressurge querendo sangue, e na concepção interior isso pode se dar por meio de bactérias, de pegar sol demais, de tomar chuva, e assim a experiência religiosa é vivenciada de forma errônea, castradora, assimilada pelo medo, tornando esse sentimento uma forma genuína de ligação da psique com a vida. Sem o medo é impossível viver, sem o medo não há, para a psique primitiva, como reconhecer o potencial divino. Por isso muitos vivem em igrejas fundamentalistas, nas quais o Novo Testamento é totalmente banido. Esse medo ilusório é criado na mente perturbada que não encontra outro sentido, não encontra satisfação, a não ser que o tema seja doença ou punição. Viva o pecado original! Você é pecador?
Muitos pacientes que atendi com tais características falavam de seus sintomas como quem se referia a um grande amigo ou amante. Eram verdadeiros tratados de medicina ambulantes, sabendo cada detalhe do mal que os afligia. Sabem de tudo, racionalizam, justificam e não saem do lugar. A isto chamamos neurose. Neurose por falta de vida, neurose pela vida de plástico, neurose por excessos, neurose pela substituição real do sentido de vida em uma vitimização doentia e recorrente.

Jorge de Lima escreve aos sábados no DM de Goiânia no espaço opinião

Selzy Quinta Marcas:

DESCOMUNICAÇÃO Lêda Selma

 Lêda Selma

Tudo começou ainda na infância. O menino não tinha sossego.  A tosse chegava num rompante, troteava peito adentro, escapulia boca afora, um suplício que o sacolejava impiedosamente. Zelosa, a mãe não se descuidava: simpatias, benzeções, preces, promessas, tudo o que a fé e as crendices lhe apontavam como solução.
Já dizia sua trisavó: “Mais vale uma má esperança que um bom desengano”. Apoiada nisso, capturou um peixe, cuspiu em sua boca e o devolveu ao rio, vivo, como mandava o ritual; outra vez, escreveu a Ave-Maria num  papel, introduziu-o no patuá e o pendeu no pescoço do cachorro; ali ficaria até que o coitado se libertasse dele naturalmente. Todavia, a mais estapafúrdia das doidices, com o fito de acabar com aquela tosse ladrante, foi colocar o menino para tossir no ouvido da imagem de São Braz: desassossegando o santo, ele haveria de milagrear em favor do filho, acreditava. Por analogia, deduziu: se o santo era especialista em engasgo, entenderia de tosse convulsa, a tal tosse comprida, afinal, eram áreas afins, meio aparentadas.
A palavra de ordem, portanto, para aquela desesperada mãe, “tentar”. Sem medidas. Sem economia de sacrifícios. Tudo valia a pena se a tosse não fosse pequena (desculpe-me o trocadilho, Fernando Pessoa). O filho precisava se livrar daquele “regougo infernento”. Se necessário fosse, flagelaria São Braz ou qualquer santo, sem misericórdia, até que agissem de forma competente.
Alguns meses corridos, e a tosse, já nem tão comprida, se espaçava e, aos poucos, enfraquecia-se. O menino, apenas, vez ou outra, tossicava, “tossinha de cemitério”, afirmava a vizinha. E a mãe comemorava seus feitos com preces de gratidão. A coqueluche, finalmente, estava derrotada em tempo recorde.
Passaram-se os tempos, o menino cresceu, virou homem, um homem atarracado e franzino, de pele bacenta e cabelos esporádicos (modelo nem ficam nem desocupam a telha). De repente, ei-la, a tosse, ressurgida com novo status: bronquite asmática. “Culpa da tosse comprida mal-curada”, retumbava, incansável, a avó. “Nem tudo foi feito. Faltou cortar um pedacinho da parte branca da pena do urubu, introduzi-la num amuleto e pendurá-lo no pescoço do coqueluchento”, resmungava insistentemente. O certo é que a tosse, de volta, não dava trégua àquele homem de olhar vermelho, olhar de meu Deus, cadê meu fôlego?! E era justo aí que estava o problema: no fôlego. Um fôlego cambaleante, raquítico, feito bêbado à mercê da intuição para encontrar o caminho de casa. Um fôlego de deixar qualquer um sem fôlego.
Ano após ano, Troncoso continuava com crises de asmas, cansaço e falta de ar. Aos arrancos, a tosse  não o deixava dormir. Uma consumição dividida com a mulher que, conforme prometeu ao marido, instigada pelo padre, no dia do casamento, lhe seria “fiel na saúde e na doença”. Casada, pois, em comunhão também de tosse, fazer o quê, senão uma simpatia? Colheu, então, um punhado de alecrim, deixou-o secar e, depois, amassou-o. Em seguida, colocou-o em um cachimbo virgem. Cada vez que a asma se manifestasse, o marido tossegoso fumaria o alecrim.
Não tardou muito, o médico foi chamado; e intrigou-se com o cachimbo sobre a mesinha de cabeceira.
– Olhe, é preciso driblar o fumo. Aos poucos, o senhor se adaptará, fique tranquilo. Que tal fumar só dois por dia?
– Dois...?! Vou tentar, vai ser difícil, mas se é o doutor quem diz...
Dez dias depois, Troncoso estava pior.
– Foi complicado, doutor, mas consegui fumar os dois.
O médico, ao ascultar-lhe os pulmões, confirmou a piora.
– Doutor, acho que a culpa é do cigarro.
– Sem dúvida. Por que lhe pedi que diminuísse as fumadas?
– Diminuísse?! Fiz foi aumentar, doutor! Afinal, eu não fumava, e só fumei agora por prescrição médica, ora!

Lêda Selma é escritora e membro da Academia Goiana de Letras. E Escreve aos sábados no espaço de opinião do Jorna Diário de manhã em Goiânia.

 

domingo, 7 de junho de 2009

Lei Maria da Penha e sua realidade

 

- Henrique Rogério da Paixão-Lei Maria da Penha e sua realidade

O Conselho Nacional de Justiça, por intermédio da Comissão de Acesso à Justiça e aos Juizados Especiais, com o objetivo de fazer um raio X da realidade da Lei Maria da Penha, em recente discussão do tema na III Jornada da Lei Maria da Penha, levantou dados preliminares disponibilizados pela maioria dos Estados que implantaram essa modalidade de Justiça especializada.
A Lei Maria da Penha, cujo pseudônimo foi atribuído em razão da violência doméstica e familiar sofrida pela farmacêutica e bioquímica Maria da Penha Maia Fernandes, já conta hoje com implantação efetiva em 85% dos tribunais estaduais, demonstrando que veio para ficar, em razão da demanda frenética, qual seja, 150.532 processos já foram recebidos pelo Poder Judiciário e tramitam nas Varas Especializadas em Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, dando-nos conta da vastidão do abuso real sofrido pela pessoa em razão de seu gênero.
Frise-se, que, ao longo da eficácia da Lei Maria da Penha, discutiam a sua constitucionalidade; para alguns, havia na norma especial uma quebra da isonomia, haja vista que a mulher receberia tratamento diferenciado do homem, pelo fato de ser vítima de violência doméstica. Além desse argumento, debatiam na doutrina que a Lei Maria da Penha afrontava a Constituição no que tange à competência dos Juizados Especiais, para processo e julgamento dos crimes de pequena envergadura.
A trajetória de eficácia dessa lei não poderia ser diferente, posto que o seu DNA fundou em um ciclo de violência suportado por quem atribui-lhe o nome. Todavia, os argumentos esposados para malversar a efetividade da lei em análise foram superados, posto que o legislador simplesmente implantou o reconhecimento da minoria, pavimentando um sinuoso caminho da história de luta pela igualdade entre homens e mulheres no Brasil, soterrando um abismo existencial daquela parte hipossuficiente no seio doméstico.
Voltando aos dados estatísticos fornecidos pelos tribunais estaduais, em especial quanto ao número de ações penais, medidas protetivas e processos sentenciados, em resposta a consultas do CNJ, na III Jornada Contra a Violência Doméstica, ficou configurado que dos 150.532 processos em curso, remanesceram a condenação com prisão dos acusados de crimes dessa espécie a pequena monta de 1.801 casos, com exceção das prisões em flagrante.
Isso corresponde à pífia cifra de 1,19% dos acusados que cumprirão pena no xadrez, por ter cometido crime em razão do gênero. Esse índice gera uma inquietação no senso comum, posto que seria inexpressivo ante o grande número de processos tramitando nas Varas Especializadas em Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher.
Entretanto, os dados revelam que o número de medida protetivas de urgência correspondem a cerca de 19 mil decisões contra os agressores. O número crescente em grande escala parte de uma concepção madura de que em muitos casos de violência fundada contra a mulher, o simples afastamento do lar, a zona de barreira ou aproximação com agressor, bem como, impedir qualquer meio de contato do agressor e vítima e outras medidas poderão surtir efeito sancionador. Além do aspecto retributivo, o agressor, em muitos casos, ficaria reservado em seu direito paterno, domiciliar.
Esses números, apesar de não serem consolidados, representam a realidade na busca de direitos e garantias das minorias no Brasil.


Henrique Rogério da Paixão é advogado e professor universitário das Faculdades Alfa, da Universidade Católica de Goiás (UCG) e da Universo

Selzy Quinta