Por Suzi Costa
As evoluções da parada da diversidade sexual, vulgarmente conhecida como Parada Gay, sempre são rodeadas de muitas polêmicas acerca do seu real significado perante a sociedade.
Assim, ao iniciar uma discussão desta manifestação, um dos primeiros questionamentos colocados são duas indagações: você concorda? Por quê?
No Brasil, a ditadura o grupo “Dzi Croquettes” vem questionando as bases sagradas da vida cotidiana através de sua irreverência e ousadia. Contudo, somente em 1995 as Paradas de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) começaram a ser realizadas no país. Em Cuiabá, a primeira realizada foi há pouco tempo, só em 2003.
Oito anos depois, a data de 16 de dezembro representou um grande marco no cenário mato-grossense. Isso porque a 9ª Parada da Diversidade Sexual de Cuiabá teve expressiva participação da população e movimentou novos debates acerca do movimento.
A avenida Getúlio Vargas foi intensamente povoada e se coloriu dos tons do arco-íris com direito a plumas, paetês e bandeiras de luta, agregando pessoas de diferentes orientações sexuais, militantes e não-militantes, que reivindicaram direitos e comemoraram com shows e performances a oportunidade de se integrarem a luta.
Contudo, sabe-se que não há consenso sobre a contribuição da parada para uma maior visibilidade da população LGBT. Não são poucas as pessoas que criticam a forma como a manifestação é apresentada ao público e que chegam a questionar sua validade. Em meio a isso, as questões sociais e políticas da causa continuam a efervescer o debate.
A resistência de muitos baseia-se especialmente nos direitos dessa população em ter uma parceria civil registrada, o direito do casamento, à adoção e no âmbito da proteção, com o Projeto de Lei 122/ 2006, que criminaliza a homofobia e que atualmente está em tramitação.
Esses desafios e os ‘pré-conceitos’ estão muitas vezes ligados a associação equivocada de homossexualidade ao pecado, crime ou desvio patológico, atribuindo assim um falso estigma de que a parada gay seja tão somente um ato de libertinagem.
A resistência, contudo, não se manifesta apenas na desaprovação, mas na agressão verbal e chega a se expressar em índices preocupantes de violência que caracterizam crimes de ódio motivados pela homofobia, não reconhecendo a livre expressão sexual como direito.
Por isso mesmo, nessa luta, a parada de Cuiabá deste ano apropriou-se do tema “Amai-vos uns aos outros – Basta de homofobia”, no intuito de superar um dos mais significativos desafios atuais que consiste na intolerância religiosa.
O agravante não consiste na religião, e sim nas ações de fundamentalistas que propagam princípios como verdades absolutas. Em vista disso, a Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo divulgou uma carta aberta em 2011, criticando a influência que o fundamentalismo religioso tenta impor às decisões de alguns representantes do Poder Público, reivindicando o seu caráter laico e questionando: será legítimo negar e silenciar essas formas de violência a partir de bases moralistas e conservadoras?
Alerta-separa os reflexos dessas manifestações o caráter excludente e insuficiente das políticas públicas. Segundo o site da Associação Brasileira LGBT, os “grupos” que atuam em Cuiabá se estabelecem majoritariamente sob o formato de organizações não-governamentais.
Esta tendência acarreta a transferência da responsabilidade do Poder Público para a sociedade civil, entidades filantrópicas e instituições privadas, expressando uma conjuntura de desafios que a população de LGBT enfrenta para a consolidação de sua cidadania.
Ainda que se reconheça, contudo, a transferência de responsabilidade do Estado para o terceiro setor no enfrentamento do preconceito, não se pode negar o protagonismo dessas organizações na construção das Paradas da Diversidade Sexual.
Uma pesquisa realizada pelo Núcleo Interinstitucional de Estudos da Violência e Cidadania da Universidade Federal de Mato Grosso na 5ª parada da diversidade sexual de Cuiabá em 2007 mostrou que a ampla maioria dos (das) participantes (63%) afirmaram que estavam presentes para que os homossexuais tenham mais direitos.
É nesse cenário de lutas e desafios que se destaca a importância das Paradas como um ato político, por expressarem as reivindicações LGBT; pela visibilidade dada a questão da homofobia/ transfobia/ lesbofobia; pela valorização da auto-estima dos que integram tais grupos, e por fomentar a criação de políticas públicas para a garantia dos direitos desses grupos.
A irreverência inerente a esses atos é uma estratégia de provocar uma sociedade heteronormativa, afirmando que estes cidadãos são muitos, estão em todas as profissões, podem se casar, ter filhos, e demonstrar publicamente seu afeto e orientação sexual.
Em tempos de “Kit Gay” e manifestações tão reacionárias, há de se fazer com que a sociedade reaja e se aproxime desta problemática acreditando que em coletividade podemos visualizar horizontes mais positivos, que valorizem e reconheçam a diversidade e todas as suas expressões.
Suzi Costa é Bacharel em Serviço Social
10 comentários:
Esses movimentos tal como, LGBT, MST, podem até ser legal em defesa das classes, porem da forma que são apresentados, tornan-se antipaticos, e agressivos, causando na sua maioria algo negativo aos seus resultados.
Cá entre nós, em nobre articulista, o tal KIT GAY é o que de pior surgiu no Brasil nos últimos 500 anos. Há alguns anos atrás tinha na grade escolar as disciplinas de EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA e RELIGIÃO, retiraram, e agora querem colocar o KIT GAY. Como disse o pensador (Raul Seixas): pare o mundo que EU quero descer.
Concordo em todas as reivindicações legais e morais, mas como reinvindicar respeito e igualdade se houve desfile de pessoas seminuas!Reivindicando o que com isso?Que postura é essa? Já levei minha filha que é menor num desfile antigo para mostrá-la as diferenças. Mas para mostrar a ela pessoas nuas, sinto muito mas não é bem o que gostaria que ele visse, quero passar a ela respeito, tolerância, diversidade e amor. Gostaria muito que não fosse desviado o foco do objetivo a alcançar com essa parada promovida por pessoas que querem viver com igualdade de direitos e respeito.
Pobre Suzi...quando li seu comentário...tive pena de vc ..tão carente de referências familiares né...ou ser´q eu vc é adepta? há fortes indícios né.
Parabens pelo besto texto!!! Muiito bem escrito e de grande conteudo!! Sou claramente heterosexual, mas defendo CLARAMENTE o direito e respeito a orientação sexual de toda e qualquer pessoa. O Estado tem que agir com mais rigor no combate a homofobia e qquer ourea forma de discriminação. Parabens Rse, parabens Olhar Direto por publicar um texto tao interessante.
obs,. em tempo,,,,Parabens Suzi Costa, Havia escrito Rose. Desculpe-me.
Suzi, respeito sua opinião, sou cristão e respeito o direito de cada um exercer a fé e a opção sexual que quiser. Mas não concordo com duas coisas, a PL122 do jeito que estava proposta seria uma forma de discriminação invertida, talvez não tenha conhecido seu teor original e nem refletido nas implicações da sociedade, mas basicamente criaria uma classe especial de pessoas os GLBT, que oprimiria e policiaria o restante da sociedade. Essa proposta da forma original era inconstitucional porque feria o que garante a constituição, igualdade a todos. Outro ponto que discordo é na forma da manifestação, travestis e transgeneros de seios a mostra em plena luz do dia e em ambiente aberto, e pessoas desnudas, na frente de crianças e de qualquer um, é totalmente desnecessário, me pergunto isso é necessário? será que eles com seus vestidos glamurosos, plumas e paetes já não seria suficiente para manifestar seus ideais? Como eles extrapola, percebe-se um desejo de chocar, de ferir o que demonstar a real intenção do coração que permeia muitos nesse movimento. O problema não é ser discriminado somente ou sofrer violência, mas querer chocar, querer afrontar os que são normais, segundo o padrão biblico de orientação sexual. Homem e mulher.
na boa, sou meio lenta, mesmo, mais o q tem a ver o título com o texto? acho todos nós independente de opção sexual temos direitos e deveres... mais quem viu nos notociarios pode constatar a pouca vergonha q foi a parada gay deste ano, total falta de respeito, verdadeiro caso de policia, q ate agora pelo q sei as autoridades não tomaram nenhuma providencia quanto aquele monte dente pelada, verdadeiro atentado ao pudor, como pode esse pessoal querer respeito, reinvindicar direitos, desrespeitando os direitos dos outros? se um sr. ou uma sra. hetero ficar pelada na rua vai preso por atentado ao pudor, mais se for gay pode? Que juiz em sã consciencia daria a guarda de uma criança para aquele tipo de pessoa q estava pelada na rua? ser gay não é defeito, mais falta de educação é...
Falou, falou, e não disse nada... Texto incoerente com o título.
Muito bom Suzi, a sua fala no seu artigo foi de profunda importancia e baseda na história e transformaçao social no Brasil, é desta forma fundamentada no conhecimento de causas e lutas é que devemos opinar, levando o despertar e significado do que realmente deve ser um manifesto social e cultural.
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