Entre documentos apreendidos no shopping, polícia localiza e ouve outra pessoa que sofreu espancamentos de seguranças
Geraldo Tavares/DC
Vítima, uma pessoa simples, teve um dos dedos quebrados e diz que não consegue nem mais passar pelo local
STEFFANIE SHCMIDT
Da Reportagem
Mais uma vítima de agressão dos seguranças do Goiabeiras Shopping foi localizada pela polícia durante as investigações sobre a morte do vendedor ambulante Reginaldo Donnan Santos Queiroz, 31. Ela prestou depoimento ontem no Centro Integrado de Segurança e Cidadania (Cisc) Verdão.
Ainda traumatizada pelo fato ocorrido em novembro do ano passado, a vítima contou que também foi levada para a sala central de segurança, depois de ter sido abordada por um dos seguranças.
No local, a pessoa sofreu chutes, pontapés e socos. Como sequela, a pessoa teve um dos dedos de uma das mãos quebrado e ficou com o movimento prejudicado. Chorando muito, ela contou à polícia que preferiu não registrar boletim de ocorrência na época.
Entretanto, as investigações apontam que foi realizado um registro junto à Polícia Civil, colocando a vítima como autora da agressão, semelhante ao que foi feito com Reginaldo.
De origem humilde, a vítima trabalhava nas proximidades do shopping e entrou no estabelecimento para utilizar os terminais da Caixa Econômica Federal, onde tinha conta. Depois do fato, a pessoa afirmou que nunca mais passou pelo local.
Um policial que participou das investigações afirmou que foi realizado um trabalho de convencimento para que a nova vítima prestasse depoimento, por conta do trauma que ela carrega.
Um dos seguranças presos foi reconhecido como o primeiro a fazer a abordagem à vítima. Entretanto, os autores da agressão não foram identificados porque, no momento, segundo depoimento da vítima, tentou se proteger com as mãos. Ela confirma apenas que foi agredida por três pessoas.
Outros 22 tipos de documentos, pertencente a várias pessoas, foram encontrados na sala central de segurança. A delegada responsável pelo caso, Ana Cristina Feldner, esclareceu que muitos deles podem ser de pessoas que perdem o documento dentro do shopping, segundo depoimento de funcionários da limpeza. Ontem, outras quatro pessoas foram ouvidas.
As investigações da polícia apontaram ainda que o segurança reconhecido não constava na lista de ponto do shopping no dia do espancamento. Entretanto, a polícia não descarta a possibilidade de participação do segurança reconhecido. Isso porque, em depoimento, outra testemunha, que já trabalhou como segurança no Goiabeiras, afirmou que já havia presenciado os acusados de espancar Reginaldo, Jefferson Medeiros e Ednaldo Belo, dentro do shopping, no dia de folga.
Em entrevista do Diário, a defesa de Jefferson já havia declarado que ele trabalhava no shopping há apenas cinco meses.
Por meio de sua assessoria, o shopping informou que desconhece o espancamento de outra vítima, ocorrido em novembro.
TRANSFERÊNCIA – O advogado da família de Reginaldo, Hélio Nishiyama, afirmou que protocolou ontem junto ao Ministério Público Estadual um pedido para que a instituição se manifeste sobre a transferência do segurança Jefferson Medeiros para o presídio militar em Santo Antônio de Leverger (34 quilômetros ao sul de Cuiabá). “Queremos que o MPE intervenha já que ele não é oficial do Exército, como foi alegado pela defesa”, disse.
Ao Diário, o advogado de Jefferson, Rafael Bennety Poffo, afirmou que o segurança possui diploma do curso de reservista, o que mantém o vínculo dele com o Exercito até 2012.
Diário de Cuiabá
Selzy Quinta
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