terça-feira, 18 de agosto de 2009

Borges questiona participação de Mauro Mendes no “rolo” do PAC

Edilson Almeida-24 Horas News

Fablicio Rodrigues

Wilson Santos na Câmara: debate do PAC

Líder do prefeito na Câmara Municipal, o vereador Paulo Borges Júnior (PSDB), questionou nesta terça-feira a participação do empresário Mauro Mendes, presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt) no “rolo” do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Segundo o vereador, as escutas telefônicas gravadas pela Polícia Federal e que deram vazão a “Operação Pacenas”, que prendeu 11 pessoas entre agentes públicos e empreiteiros, entre outras, mostrou uma conversa entre Anildo Lima Barros, da Gemini Incorporações, e o presidente da Fiemt. “Se ele foi estimulado e até ameaçado para não participar da licitação, então ele sabia o que estava acontecendo. Moralmente, teria a obrigação de denunciar o caso às autoridades e à própria sociedade” – disse.

As observações de Paulo Borges Júnior foram feitas – em tom de suspeita  e aprofundamento das teses políticas – durante a presença do prefeito Wilson Santos no plenário da Câmara Municipal de Cuiabá. Na segunda-feira, o empresário esteve numa emissora de rádio de Cuiabá e fez duras críticas contra o prefeito Wilson Santos. Chegou a dizer que a Prefeitura não tinha credibilidade para "tocar" o PAC. Convidado a dar explicações à Câmara, o prefeito evitou emitir juízo de valor sobre sobre a atitude de Mendes. “Se ele sabia, deveria ter avisado as autoridades” – limitou-se a comentar o prefeito.

A gravação foi feita em fevereiro de 2008. Meses depois, Mendes foi oficializado candidato a prefeito pelo Partido da República (PR). ELe disputou a eleição a prefeito de Cuiabá contra o próprio Wilson Santos. Os dois foram para o segundo turno.

A conversa revelada no processo de denúncia traz um tom duro. Nela, Anildo Lima Barros sugere para Mendes não participar da concorrência. “Vou falar com você com sinceridade. Nós estamos nesse trem até o fim, estamos a um ano e pedrada nesse projeto. Eu acho que voce não é bem desse "metiê". Émelhor você ficar fora dessa guerra, é um conselho que eu te dou. Vai ficar ruim pra você, sai fora. Vai por mim... Por tudo que o povo te respeita, essa guerra é dos outros” – disse Anildo, num tom entre ameaça e aconselhamento. Mendes disse que havia desistido de participar da licitação “por causa do atestado”.

Dono da empresa Bimetal, ele dizia ter articulado para participar da licitação junto com o empresário Robério Garcia, do grupo Global. Ainda no diálogo, Anildo, acusado de ser o articulador do processo que resultou na fraude em licitação, fala de uma suposta guerra contra o “alcaide”.

Durante o debate na Câmara, o prefeito detalhou as cinco ações deliberadas em torno das obras do PAC após a realização da Operação Pacenas, decretada para cumprimento de ordens de prisão e buscas e apreensões de documentos. Tão logo vieram a tona as denuncias de fraude na licitação da obra, Santos disse ter determinado o bloqueio de todos os pagamentos às empreiteiras. Segundo ele, antes mesmo do juiz Julier Sebastião da Silva, da 1ª Vara Federal, intervir nas liberações do dinheiro, feito via Caixa Econômica Federal. Ele também disse ter aceitado o pedido de demissão de José Antônio Rosa, procurador-geral do Município, acusado de agir em favor do consórcio de empresas locais, e nomear o advogado Ussiel Tavares da Silva Filho, conselheiro federal e ex-presidente da OAB de Mato Grosso. 

Santos ainda determinou a criação de uma Comissão de Inquérito destinada a apurar o grau de participação de servidores no esquema do PAC. O prefeito insistiu que toda a trama se deu fora da Prefeitura, mas, ainda assim, quer tirar a limpo a possibilidade de envolvimento de funcionários, inclusive do procurador-geral que pediu demissão. Na seqüência, anulou a licitação do PAC e está buscando entendimentos para que o Exército assuma as obras programadas.

O prefeito voltou a bater  na mesma tecla sobre o PAC. Ele reafirmou que o programa em Cuiabá, ao contrário do que se imaginava, era um dos mais adiantados em termos de desenvolvimento de obras, com 11% do total previsto já realizado. A média nacional, de acordo com a ministra Dilma Rousself, da Casa Civil, é de 7%.

Ao apelo da oposição para que libere a bancada governista para criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os negócios do PAC, o prefeito foi enfático: disse que não iria interferir na questão e que qualquer decisão sobre esse assunto caberia a cada vereador e ao conjunto do Legislativo tomar a decisão que melhor couber.

Comentários:

Paulo - 18/08/2009 15:33:00

Sera que o JULIER vai querer implicar com o Mouro Mendes e ai como fica o PT com o PR eu Dr. Julier não teria como sair candidato ou voces acham que o que esta fazendo nao é PALANQUE ACORDEM

Paulo Mattos - 18/08/2009 15:06:00

Assustado e com uma dose muito grande de medo, Mauro Mendes deixou-se convencer (???), através de veladas ameaças levadas a efeito pelo ex-prefeito Anildo Lima Barros, deixando de participar do esquema montado e desbaratado pela Polícia Federal. Agora, posando de bom samaritano tenta jogar lenha na fogueira e, de público, reivindicar medidas e apresentar sugestões na estória quando, se tivesse boas intenções com a Capital, deveria ter denunciado os fatos criminosos, na época da conversa mantida com Anildo. No momento Mauro não possui essas qualidades morais para tanto. Quanto à instalação de uma CPI, reivindicada por alguns vereadores, que tal eles primeiro arrumarem a Casa mais desmoralizada da política cuiabana nos últimos tempos ? Ficaria bem melhor.

José de Souza - 18/08/2009 15:03:00

Com certeza o Mauro Mente tem conhecimento das falcatruas do PAC envolvendo as licitação. Portanto omitir a informação e não denunciou ou que é grave , cabe aí o MP investigar essa participação, porque se ele soubesse que o prefeito Wilson estivesse envolvido, certamente iria fazer o maior barulho para aparece na mídia, mais como o prefeito não está ele ficou queito.com a palavra o Julier

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Selzy Quinta

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