Luiz Carlos Machado o Bang do Araguaia
Autor: Agência da Notícia com Camila Nalevaiko
Luiz Carlos Machado o Luiz Bang tem 54 anos é goiano de natureza nascido na cidade de Ceres-GO e chegou em Confresa em Julho de 78. Com uma história que se mistura com a da cidade de Confresa e da Região Norte Araguaia, Luiz Bang como gosta de ser chamado recebeu a reportagem em sua casa. Era um fim de tarde e de forma muito tranqüila encontramos o Bang conferindo a sorte, ou estudando os números da mega-sena como explicou um filho. Sem restrições de perguntas, Luiz Bang respondeu a tudo que perguntamos e falou de assuntos polêmicos como a Operação Pluma e ainda sobre os 16 dias que ficou na prisão. Ele negou envolvimento com grilagens de terras e garantiu que nunca matou ninguém. Confira a entrevista na integra que foi concedida a Agência da Notícia.
JAN - Quem é Luiz Bang?
LB –(Luiz Bang) – É Luiz Carlos Machado. Uma pessoa humilde que veio da roça, trata todos com respeito e que tem por principal objetivo a sua família, amigos e seu trabalho, vivendo sem perturbar ninguém e como Deus quer.
JAN - Por que o nome Luiz Bang?
LB - Dona Silvana que colocou esse apelido em 1978, dizendo que eu tinha aparência de cowboy, por parecer pessoas de Bang Bang.
JAN - Esse nome alguma vez já te prejudicou?
LB - Não, o nome Luiz Bang não me prejudicou, o que me prejudica são pessoas que querem tirar proveito de mim.
JAN – O senhor acredita que alguém esta usando seu nome?
LB - Eu não acredito, é verdade. Foi provado que tem uma pessoa que tem esse mesmo nome só que mãe e pai são diferentes, aí ele apronta e eu estou pagando. Certo o ditado que diz: “O papagaio come o milho e o periquito leva a fama”.
JAN - Isso tem haver com o senhor ser considerado o quinto pistoleiro mais perigoso do Brasil?
LB – Sim é isso que eu to querendo te dizer. Porque essa pessoa que é o Luiz Bang que dizem ser o 5º mais perigoso do Brasil não tem nada haver comigo é outra pessoa de outro estado. Eu sou uma pessoa da paz, uma pessoa amiga, uma pessoa companheira, eu não sou essa pessoa que as pessoas estão pensando que sou eu não tenho as características desse rapaz.
JAN -O que o senhor tem haver com pistolagem?
LB - Eu não tenho nada. Ganho minha vida trabalhando, plantando milho, arroz, construindo casas, cercas e fazendo derrubada.
JAN – O senhor já matou alguém?
LB -Nunca matei ninguém, nunca nem dei um tapa numa pessoa, a não ser os meus filhos quando precisou. Se vocês fizerem uma entrevista com pessoas que moram aqui há mais de 20 anos eles vão dizer que sou eu, eles sabem que não sou homem desse tipo de coisa.
JAN – O senhor acredita que as pessoas em geral têm medo de você por este nome?
LB - Pode ate ter, mas é quem não me conhece, quando me conhece vê que realmente é uma conversa isolada. Luiz Bang é um homem que compra e paga, tem respeito peles pessoas, e aquele que respeita automaticamente as pessoas respeitam ele.
JAN - Qual a relação que o senhor tem com a grilagem de terra aqui em Mato Grosso?
LB -Não tenho relação nenhuma com a grilagem de terra. Quando vim para o Mato Grosso em 1978, era muito bom para grilar e eu não grilei, comprei meu próprio pedaço de terra. O tempo de grilar era quando vim se não me interessou agora também não me interessa. Eu nunca grilei terra, João Perdido era dono da terra que hoje é minha.
JAN – O senhor foi preso esses dias pela Operação Pluma da Policia Federal, por que você acredita que foi preso?
LB - Eu acredito que fui preso, por ser confundido com outro Luiz Bang, por que esse nome é muito forte. Eles chegaram em minha casa 6:00 da manha, eu os recebi abri a porta, fizeram a busca e apreensão, não acharam nada que pudesse me incriminar. Na verdade eles passam na porta da minha casa todos os dias, todas as semanas, todos os meses, se eu fosse uma pessoa ruim como dizem, eles já tinham me prendido, e não seria nem a PF poderia ser a Polícia Civil ou a Militar.
JAN – O senhor teve alguma relação com essas pessoas, com os nomes que estão sendo citados nessa operação, você tem conhecimento desse pessoal?
LB - Bom, se eu falar que não conheço, eu estou mentindo e eu estou dando essa entrevista para falar a verdade. Eu conheço alguns deles sim, eu moro aqui há 30 anos, só que eu não tenho negocio nem aproximação com eles.
JAN – O senhor já fez algum tipo de serviço, já trabalhou, já prestou algum serviço pra essas pessoas?
LB- Não, nunca prestei serviço para nenhum deles porque realmente ultimamente eu trabalho para mim mesmo. Não trabalhei com eles, nos não temos nenhum tipo de negocio, principalmente grilagem de terra.
JAN - Quantos dias o senhor ficou preso? Como foi esse período?
LB - Fiquei preso 16 dias. A Polícia Federal me prendeu em casa me conduziu até Barra do Garças onde fiz meu depoimento ao delegado, de lá me conduziu ate Cuiabá, na capital me levaram para o presídio Pascoal Ramos onde fiquei 16 dias preso, conseguir sair, e hoje estou aqui.
JAN - Como o senhor se sentiu?
LB - Eu me senti muito rebaixado, um nada, um pó, porque ser preso por uma coisa que você deve tudo bem, mas, quando você é preso por uma coisa que nem pensou de fazer a gente se sente um zero a esquerda, mas eu acredito que vai ser investigado. A Polícia esta investigando e o Juiz Federal vai investigar as pessoas e mesmo assim depois de tudo resolvido eu ainda não irei fica tranqüilo, porque eu não estou me sentindo mais seguro nem na minha própria casa, porque eles acham que Luiz Bang é o terror e eu não sou assim.
O Luiz tem 11 filhos, 8netos, tem sua mãe, sua esposa, é uma pessoa que vive trabalhando para tratar da família. Já fui candidato a prefeito 2 vezes, fui prefeito 1, então pessoa ruim do jeito que eles acham que eu sou não pode ter esse tipo de cargo. Quando fui Prefeito de Porto Alegre do Norte nenhuma conta minha foi recusada, fiz 44 obras, 22 escolas, fiz convênio com o Ministério da Saúde, construímos 02 hospitais modelos do baixo Araguaia com ar condicionado, televisão, e até merenda. Uma pessoa que tem o coração como o meu não pode ser pistoleiro.
JAN - Como fica o processo a partir de agora?
LB - Eu acredito que a policia vai ver quem são os verdadeiros culpados, eu não estou aqui para julgar ninguém, nem falar mal de ninguém, eu só acredito que eles vão fazer o certo.
JAN – O senhor pretende fazer alguma coisa para rever a situação, Porque mais uma vez o seu nome foi exposto na mídia, de certa forma até nacional, principalmente pela internet?
LB - Eu já estou fazendo! Estou fazendo essa entrevista, justamente para a mídia também saber quem é o verdadeiro Luiz Bang.
JAN - Contra o estado, o senhor pretende entra com ação de reparação de danos morais?
LB - Não. Eu não vou chegar a esse ponto porque o juiz e a Polícia Federal não me conhecem e não sabia quem eu era. Então eu acho que o dever deles era fazer isso até provar que eu não sou o Luiz Bang que eles estão procurando.
Eu não tenho interesse de fazer isso porque eu quero viver em paz com minha família e cuidar do meu serviço, meu trabalho.
JAN - Esse assunto para o senhor, esta de certa forma encerrado?
LB - Não. Eu não vou dizer hoje que está encerrado, porque está transitando na justiça, mas no momento que for julgado para mim acabou. Eu quero é viver em paz e tranqüilo como vivia há muito tempo atrás aqui, e se eu fosse realmente o que eles pensam que eu sou eu não estaria morando há 30 anos num mesmo lugar.
JAN - Qual a sua fonte de renda?
LB - Hoje eu estou vivendo do gado, lavoura, e um loteamento que eu tenho aqui em Confresa, que é uma revenda de lotes.
JAN - Que valor tem o dinheiro na vida de Luiz Bang?
LB - O dinheiro é importante, mas a amizade e a humildade são mais importantes. Eu acredito que o homem precisa de dinheiro para viver, mas não é só com dinheiro que ele vive, tem que ter respeito, humildade, companheirismo, ter amigo e ser amigo.
JAN – O senhor gosta muito de jogar na mega-sena, se você ganhasse o prêmio o que faria?
LB - Ah! Eu não sei não, a minha vida ia continuar a mesma. Tem muita gente que tem dinheiro, mas não tem amigos, eu tenho amigos e não tenho dinheiro.
JAN - Como segue a sua vida de agora para frente, o nome Luiz Bang fica em permanência?
LB - Esse nome Luiz Bang não tem como sair de mim, porque tem 32 anos que eu tenho esse apelido, não é porque acontece uma tragédia dessa que eu vou tirar o nome de dentro de mim. Com o nome Luiz Bang eu já ganhei política, grandes amizades, grandes conhecimentos, nunca foi usado para o mal, para matar alguém, eu acredito não precisar mudar o nome Luiz Bang.
JAN - Qual a imagem que você gostaria que as pessoas tivessem de você?
LB - Que as pessoas me tratassem com muito respeito, recebo muita gente na minha casa, e a imagem minha é essa aqui, não tem jeito de mudar ela. Eu não posso conversar com você aqui hoje e amanhã passar por você e não te conhecer . Enquanto eu viver, enquanto eu morar aqui vai ser sempre Luiz Bang.
JAN -Por que o senhor escolheu Confresa para morar?
LB -É porque quando eu vim para cá não tinha nada, a única coisa que eu tinha era o dia e a noite, e aqui eu achei um lugar de desenvolvimento. Eu fui criado na roça e achei que aqui dava para sobreviver e estou vivo ate hoje graças a Deus, tem dia que a gente esta bem, outro melhor, mas estou vivendo. Eu sou o primeiro morador de Confresa.
JAN - Luiz Bang para a gente finalizar essa entrevista, gostaria de dizer mais alguma coisa?
LB - Eu gostaria de dizer para meus amigos que vão ler essa reportagem, que viram que fui preso, por nome de Luiz Bang o 5º maior pistoleiro do Brasil, vocês sabem muito bem que eu não sou isso. Porque pessoas que moram aqui mais de 30 anos sabem que eu não sou essa pessoa, eu não tenho essas características.
Gostaria que essas pessoas sejam mais meus amigos, companheiros e que elas continuem vindo na minha casa, eu quero ser aquele amigo de sempre.
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