Rinaldo Barros, professor da UERN - (rinaldo.barros@gmail.com)
Por simples bom senso, não acredito em Deus. Em nenhum. (Charles Chaplin)
Dia desses, ao afirmar que, honestamente, eu não conseguia compreender a questão da existência (ou não) de Deus, fui acusado de ateu.
Protestei, pois me considero apenas um livre pensador, cujo cérebro limitado não alcança essa clareza acerca de tão complexo, digamos, fenômeno transcendente.
Poderia afirmar, com outras palavras, que eu não fui tocado pela graça de acreditar.
Para julgamento do leitor, vou tentar definir os dois conceitos.
Ateu é aquele que se opõe terminantemente à idéia de Deus, seja qual for o nome ou aspecto sob o qual ele apareça.
Ateísmo é apenas o nome que se dá ao estado de ausência de teísmo - ou seja, tão-somente a ausência de crença na existência de quaisquer deuses.
O agnóstico, por sua vez, não se opõe propriamente a Deus, mas sim à (im) possibilidade de a razão humana conhecer tal entidade (gnose, palavra grega, significa "conhecimento").
Os agnósticos achamos que, assim como não é possível provar racionalmente a existência de Deus, é igualmente impossível provar a sua inexistência, logo, constituindo um labirinto sem saída a questão da existência de Deus, ela não se deve colocar sequer como problema, já que nenhuma necessidade prática nos impele a embrenharmo-nos em tal tarefa. Agnóstico é quem acredita não ser possível conhecer a verdade sobre determinada questão ou fenômeno.
Por outro lado, há quem conjecture, frente à situação de miséria e violência crescente no mundo atual, que o século XX foi o século da morte de Deus.
Não só a ciência desprendeu-se definitivamente de qualquer apelo ao sobrenatural, como a maioria dos novos regimes afirmou sua posição secular, separando-se das crenças.
Se bem que as religiões ainda constituem um poderoso fator de mobilização das massas e um, até agora, insubstituível apoio ético e moral, deve-se reconhecer que as elites modernas, com suas atitudes de descaso em relação aos excluídos (mais de 1 bilhão de pessoas, no Planeta), aparentemente deram as costas a Deus.
Minha opinião sobre a questão? É a seguinte:
Deus existe? O mundo, o universo, foi criado ou apenas evolui e se expande infinitamente desde sempre? Não sei.
Compreendo apenas que nasci neste mundo, sem pedir, e que sou ignorante quanto a todos os fatos incomensuráveis que configuram isso a que chamamos vida.
Nossa existência parece um grande mistério insondável. Prefiro admitir minha incapacidade de compreender, a abraçar uma hipótese infundada ante este grande ponto de interrogação que é o mundo em que vivemos.
A mesma atitude de perplexidade, eu guardo em relação às questões: Como surgiu o Universo? Por que existimos? Quem somos nós? Qual o sentido da vida humana? Existe vida após a morte? O que é o pensamento? Os espíritos dos mortos permanecem entre os vivos? A matéria é uma forma transitória de energia, ou não? O tempo é relativo, ou é apenas uma convenção? As emoções têm base química? Há vida em outros planetas?
Sejamos honestos: somos seres complexos, maravilhosos, capazes de empreendimentos notáveis, mas também bastante limitados, e não temos todas as respostas ao nosso alcance - pelo menos ainda não.
Relembro que, segundo o texto bíblico, à frente de Pôncio Pilatos, Jesus silenciou quando aquele lhe perguntou: "O que é a Verdade?". Se até Jesus calou, quem sou eu para afirmar que compreendo algo tão grandioso? Acho que estou em boa companhia.
Fica o leitor com a responsabilidade de concluir essa reflexão.
Selzy Quinta
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