G1
Ilustração
Leonídio das Chagas, que foi prefeito de Vila Rica de 1997 a 2000, é acusado pelo MP e pela Polícia Federal de ser o chefe de um esquema formado principalmente por funcionários de cartórios, fazendeiros e políticos.
Pelo menos metade das florestas da Fazenda Califórnia, que fica em Vila Rica, em Mato Grosso, foram para o chão. São mais de 250 quilômetros quadrados de destruição – o equivalente a seis vezes o Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro. Nem locais de preservação, como morros e margens de riachos, foram poupados.
Segundo o delegado Cristiano Nascimento, da Polícia Federal, tudo foi feito por fora da lei. "Nenhum desmatamento feito pelas pessoas, nenhum, teve autorização de nenhum órgão ambiental. Todos os desmatamentos foram ilegais, foram ilícitos."
A equipe do Fantástico esteve no local e descobriu que a destruição continua. Tratores ainda derrubam a vegetação, seguidos por trabalhadores que espalham sementes de capim, preparando a terra para transformá-la em pasto. A Califórnia tem hoje mais de 20 mil cabeças de gado.
Grupo organizado
Leonídio das Chagas, que foi prefeito de Vila Rica de 1997 a 2000, é acusado pelo Ministério Público e pela Polícia Federal de ser o chefe de um esquema formado principalmente por funcionários de cartórios, fazendeiros e políticos.
Segundo as investigações, o ex-prefeito usou documentos fraudados para se apropriar de áreas da fazenda Califórnia e depois vendê-las. Hoje, dentro da área existem pelo menos 20 propriedades registradas em cartório de forma suspeita, segundo a Polícia Federal."O investigado Leonídio é o responsável pela montagem desses títulos e por promover de forma intensa a grilagem na região, figurando inclusive entre as maiores pessoas em termos de desmatamento no estado de Mato Grosso", afirma o procurador da República Mário Lúcio Avelar. Segundo os cálculos dele, o grupo acumulou uma riqueza de pelo menos R$ 220 milhões obtidos com venda de madeira e criação de gado.
A Polícia Federal também acusa a quadrilha de ter obtido empréstimos bancários usando como garantia escrituras fraudadas. Foram três empréstimos no valor de R$ 200 mil – dinheiro público que saiu do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) e do Banco do Brasil.
“A terra dada em financiamento na verdade não existe. A instituição financeira que dá o financiamento fica sem a garantia.”, afirma o delegado Nascimento.
Lionídio das Chagas e mais doze acusados chegaram a ser presos em 28 de novembro, mas todos foram soltos na última quinta-feira (4).O advogado do ex-prefeito, Luiz Caetano Lima, afirma que não houve nenhuma falsificação.“[Lionídio] é uma pessoa trabalhadora e se baseou nos documentos emitidos pelo título do estado de Mato Grosso, legalmente", defende.
Segundo o advogado do homem que se diz o verdadeiro dono da área, a situação chegou ao limite. Em maio deste ano, um funcionário que auxiliava na manutenção das divisas da fazenda foi morto dentro de casa. Os empregados da Califórnia estão com medo de haver um confronto com os invasores. “Tranqüilo ninguém trabalha, não. Tem que dormir com um olho frechado e outro aberto", relata um funcionário que não quis se identificar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário