quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Abadia de Goias: Problemas das cidades do Entorno de Goiânia

Maioria dos municípios é considerada dormitórios. Segurança, comércio e transporte são as principais dificuldades para os prefeitos, embora a proximidade traga também muitos benefícios

É comum as cidades do Entorno de Goiânia enfrentarem dificuldades geradas pelo reflexo da proximidade com a Capital. As demandas na maioria dessas cidades são semelhantes. O Diário da Manhã fez um levantamento com os prefeitos de cada cidade para saber qual o problema específico ou transtorno que Goiânia gera para cada uma delas.

Um dos problemas, apontado pela maioria dos prefeitos, é a questão do chamado movimento pendular. São pessoas que moram nas cidades vizinhas a Goiânia, que acabam sendo só um dormitório, pois essas pessoas trabalham e consomem diariamente na Capital. Com esse movimento o comércio fica prejudicado nos municípios.

Outra queixa é a violência e criminalidade, quem tem aumentado nessas cidades, por serem mais carentes de segurança. Em Abadia de Goiás, por exemplo, é comum serem encontrados corpos de assassinatos cometidos em Goiânia.

Transporte coletivo é outro problema mencionado. A quantidade de transporte não consegue atender o fluxo em horário de pico, já que grande parte da população vai e volta para Goiânia diariamente.

Alguns prefeitos entrevistados tiveram ainda dificuldade em apontar o problema específico da cidade, já que para eles Goiânia traz muito mais benefícios para os municípios.

Aparecida de Goiânia, o município mais populoso depois da Capital, é o que mais sofre com problemas em diversas áreas, atraídos pela proximidade com Goiânia. De acordo com o prefeito Maguito Vilela (PMDB), essa proximidade atraiu um alto contingente populacional. A cidade acabou se formando sem planejamento e hoje enfrenta alguns problemas, como no trânsito e transporte.

Segundo o prefeito, a Superintendência Municipal de Trânsito de aparecida de Goiânia (SMTA) tem trabalhado para minimizar esses problemas com estudos e ações de recuperação, revitalização e reorganização da sinalização.

Outro problema que sofre reflexos pela Capital em Aparecida é a saúde. Conforme relata o prefeito, regiões como Garavelo, Parque Amazônia, entre outras, as unidades de saúde acabam atendendo a demanda dos dois municípios, gerando sobrecarga na rede municipal de saúde.

O principal problema apontado pelo prefeito, no entanto, é o fato de o Complexo Prisional se encontrar dentro da cidade. É o maior complexo prisional do País hoje em quantidade de presos, onde um número próximo a 4 mil presos se espremem em 1,5 mil vagas. A presença do Cepaigo na cidade, e nestas condições, cria tensão entre a população. Ele ressalta ainda que aparentemente não há intenção de grandes mudanças ou migração do complexo para a Capital ou outro município.

Valdemar Batista Costa (PTdoB), prefeito de Nova Veneza, não vê problemas no município gerados pela Capital. A única queixa apontada por ele é a desordem nos finais de semana causada pelo alto fluxo de pessoas que saem de Goiânia para beber na cidade que ainda não tem posto policial para controlar isso. Segundo o prefeito, o posto policial já está sendo providenciado. Para ele, ainda assim, Goiânia gera mais benefícios do que dificuldades para o município. “Goiânia é solução para Nova Veneza”, afirmou.

Romes Gomes (PSDB), prefeito de Abadia de Goiás, apontou a violência como o principal problema. “A proximidade das cidades gera violência maior por aqui”, disse. Outra questão, mencionada pelo prefeito, é o comércio que sai prejudicado, pois a população prefere comprar em Goiânia.

Em Hidrolândia a situação é semelhante. Segundo o prefeito Paulinho (DEM), Hidrolândia está se tornando uma cidade dormitória, pela proximidade de Goiânia, e o comércio fica desvalorizado. Paulinho apontou ainda a questão da marginalidade no município. “O bandido deixa de cometer o crime em Goiânia e comete aqui”, afirma.

Em Goianira, o problema específico e em comum com Goiânia, é o transporte coletivo. De acordo com o prefeito Randel Miller (PP), 8 mil famílias dependem do transporte coletivo para trabalhar, e em horário de pico a situação do transporte é precária. Miller se queixa também da falta de indústrias no município. A industrialização tem sido o principal objetivo de crescimento do município.

A cidade de Nerópolis também sofre com a falta de transporte coletivo em horário de pico. Segundo o prefeito Fabiano Luiz (PSDB), esse é o único fator que deixa a desejar. “Goiânia gera muitos benefícios para cá, como a geração de recursos e empregos”, aponta.

“Cidade do

transtorno”

Luiz Juvencio (PMDB), prefeito de Guapó, considera o município como “cidade do transtorno”. Com a proximidade de Goiânia, os bens de consumo se concentram somente na capital. “Esse fator traz prejuízo na arrecadação, problemas sociais e na área da saúde porque não tem investimento. Tudo se concentra na capital”, afirma Juvencio. O lado positivo, de acordo com o prefeito, é a geração de empregos, pois grande parte da população trabalha em Goiânia.

Misael Oliveira (PDT), prefeito em Senador Canedo, acredita que Goiânia gera mais benefícios do que dificuldades. Por serem cidades tão próximas, a cidade arca com algumas ações como na área de segurança, mas estão sendo feitos trabalhos para acompanhar e solucionar os problemas da marginalidade.

O prefeito de Terezópolis, Francisco Alves (PMDB) também reconhece que Goiânia gera muito mais benefícios para o município. Ele apontou como problema a questão da garantia da água, causada pela criação do lago que abastece Goiânia e que gerou uma série de restrições que afetaram o município, na área do mercado imobiliário, agropecuária, turismo, entre outras.

Para o prefeito de Trindade Janio Darrot (PSDB), não existe um problema específico no município afetado por Goiânia. “Trindade tem problemas em comum com Goiânia, na área do transporte coletivo, saúde, habitação e segurança. São problemas naturais de toda a região metropolitana e que vamos buscar solucioná-los com o prefeito Paulo Garcia”, ressaltou.

Fonte: Diário da Manhã/Por Milena Porto

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