Por Déborah Gouthier
Os deputados titulares da CPI do Cachoeira em Goiás escolheram nesta quinta-feira, 10, os nomes que irão compor a presidência e relatoria da comissão.
O deputado democrata Helio de Sousa foi então nomeado como presidente do grupo, que irá investigar a relação de políticos goianos com o empresário Carlos Cachoeira e os contratos com a Delta e a Gerplan.
Diante de uma pauta polêmica como poucas, ouvimos o deputado à frente da CPI. A próxima reunião do grupo, marcada para a terça-feira, 15, deverá decidir o norte das investigações que se iniciam e Helio de Sousa se mantem confiante sobre a importância dos trabalhos que poderão gerar tanto punições quanto absolvições. Confira:
Como presidente da CPI, quais suas expectativas diante do início dos trabalhos?
Ontem decidimos os nomes que irão compor a CPI e o que ficou definido é que vamos montar a estrutura de trabalho dentro da própria Assembleia (local das reuniões, assessoria jurídica, comunicação). Fora dela, vamos pedir apoio para auditores do Tribunal de Contas do Estado e também dos Municípios, conforme previamente acertado. Vamos montar toda essa estrutura a partir de terça-feira e traçar o planejamento da CPI.
Quais serão as prioridades nesse planejamento?
A CPI tem três principais objetos. O primeiro é a questão dos jogos de azar, chamada contravenção, com um grupo de trabalho específico para avaliar o envolvimento das autoridades com essa contravenção. O segundo é quanto aos contratos da Gerplan, que já foram encerrados, mas ainda serão estudados. O mais polêmico deles é em relação aos contratos com a Delta no Estado e em outras estruturas goianas. Mas apesar de polêmico, contamos com o apoio do TCM e do TCE para analisar todos esses contratos.
Qual a importância de realizar essa CPI específica em Goiás, diante da CPMI que está sendo desenvolvida no Congresso Nacional?
Tem que ter esse foco, porque a Operação Monte Carlo em primeiro momento atingiu Goiás. Agora atingiu outros, mas a opinião pública entende que fatos que não poderiam ser explicados em Brasília, podem ser aqui em Goiás. Primeiramente, a CPI tem importância para que quem está sendo citado possa se defender. E, segundo, se tiver envolvimento com atos ilícitos, para que sejam tomadas as providências necessárias. A CPI tem a função vital de investigar e respaldo legal para fazer isso. E em Goiás, não podemos ter dúvidas se as autoridades tiverem comprometimentos com atos ilícitos.
A seu ver, quais os pontos mais delicados dessa investigação?
São vários pontos delicados, mas quando se trabalha com regras não é delicado. Se nosso pensamento é investigar, dar chance para as autoridades apresentarem sua versão, temos que trabalhar a nível de todos os contratos, principalmente da Delta com o Estado e seus municípios. Essa será a primeira vez que um governador poderá ser chamado a prestar esclarecimentos, o que, inclusive, ele já se ofereceu para fazer, em um momento de grandeza. Da mesma forma, nos contratos com municípios, os prefeitos e ex-prefeitos poderão ser convocados para que possam explicar os motivos dos contratos e atos que praticaram. Isso tudo é delicado, mas trabalhando a regra, não a exceção, pode ser normal. A CPI não tem função de acusar ou julgar, mas de investigar e dar oportunidades de mostrar uma possível boa fé nesses contratos.
Seu partido é o Democratas, até então, mesmo partido do senador Demóstenes Torres, envolvido em todo esse escândalo. Qual a influência disso nas suas decisões na CPI?
Não tenho preocupação nesse sentido. Em uma análise crítica, o DEM é um partido que sempre que um membro é citado, o partido toma uma decisão. Em 2009 isso ocorreu com o então governador do DF, e o partido cobrou, exigiu e resolveu. Da mesma forma com o senador, que foi questionado e resolveu não só entregar a liderança do partido, mas pedir sua desfiliação. O partido é coerente. Então, isso me dá tranquilidade na CPI de cobrar as respostas para todas as dúvidas que a comunidade tem. O fato de eu ser Democratas não vai me impedir de fazer um trabalho bem feito.
Fonte: Jornal Opção
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