quinta-feira, 5 de abril de 2012

Império fora-da-lei

por Editorial Diário de Cuiabá

Mais preocupante que os arrombamentos de caixas-eletrônicos e os assaltos à mão armada a agências bancárias em Mato Grosso é a incapacidade de reação policial a estes tipos de crimes e, pior ainda: a impotência dos soldados quando os bandidos os dominam, os fazem reféns e tomam seu armamento e viaturas.
Na noite da terça-feira desta semana, na cidade de Canarana, no Vale do Araguaia, integrantes de uma quadrilha abordaram uma viatura da Polícia Militar e fizeram refém sua guarnição policial. Em seguida, os bandidos invadiram a agência local do Banco do Brasil, onde arrombaram seis caixas-eletrônicos utilizando explosivos para tanto; além disso, levaram um caixa-eletrônico.
A fuga da quadrilha teve lances cinematográficos, porque seus integrantes, além de levarem enquanto reféns alguns policiais, utilizaram a viatura dos mesmos para empreender a fuga.
Não será fácil reverter a série de assaltos a bancos em Mato Grosso, porque o crime organizado sabe que o efetivo policial mato-grossense é reduzido nas pequenas e médias comunidades; sabe que as longas distâncias entre as cidades facilita fuga; e que a resposta da Segurança Pública a esse tipo de ação é demorada, pois os efetivos de tropas de elite da Polícia Militar e da Polícia Civil estão concentrados em Cuiabá e poucas cidades consideradas como polo...

Tentar zerar os ataques a bancos é tarefa tão difícil quanto tentar secar o chão com a torneira aberta. Porém, por mais adverso que seja o posicionamento policial diante do crime organizado, é possível prender e até mesmo se antecipar a algumas dessas ações.
A prisão de integrantes de quadrilhas é possível desde que a polícia tenha capacidade de resposta para enfrentar os bandidos. A antecipação passa pelo Serviço de Inteligência, setor que lamentavelmente não apresenta resultado positivo.
O policial sabe que não pode reagir quando o bandido tem escudo humano em seu poder. Mas este mesmo agente da lei também sabe que é seu dever, ainda que sob risco de morte, neutralizar a ação do criminoso quando a vida de terceiros não fica exposta a risco. Isso não tem acontecido, como mostram os desfechos das ações em que as quadrilhas tomam soldados por reféns.
O Serviço de Inteligência sabe que toda ação criminosa contra os bancos é feita com apoio logístico de morador da cidade escolhida para alvo. Nessa condição, é dever da Segurança Pública ter em mãos mapeamento dos personagens do submundo do crime nas pequenas e médias cidades, pois através deles tanto é possível prevenir quanto frustrar assaltos e até mesmo chegar às quadrilhas logo após a ação.
O secretário de Segurança Pública, Diógenes Curado, deve resposta a Mato Grosso sobre o quadro de violência gerado a partir dos ataques a bancos. A população quer saber bem mais sobre esta modalidade de crime e por que em poucas ocasiões a polícia venceu a luta contra as quadrilhas que a cada dia fortalecem ainda mais o império fora-da-lei.
Diógenes Curado deve resposta a Mato Grosso sobre o quadro de violência gerado a partir dos ataques a bancos

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