Izabela Andrade
Izabela Andrade/24 Horas News
Agência Agência de Habitação Regularização Fundiária e Desenvolvimento
O sonho da casa própria tem se transformado em um verdadeiro pesadelo para muitas famílias em Várzea Grande, segunda maior cidade de Mato Grosso, que integra a região metropolitana de Cuiabá. Há pelo menos duas noites consecutivas uma fila quilométrica é formada na porta da Agência de Habitação Regularização Fundiária e Desenvolvimento. A situação denuncia o desrespeito do poder público para com o cidadão – que, sem saída, aceita a humilhação e o tratamento desumano.
Na noite passada, mais de 50 pessoas estavam literalmente, acompanhadas, em frente ao prédio da autarquia. Foram mais de 10 horas ao relento, amontoados em cadeiras improvisadas e sem banheiro. Fora isso, numa cidade marcada pela violência, estão expostos aos riscos com a bandidagem. Tudo para pegar uma das 30 senhas distribuídas para o atendimento que é feito durante o dia.
No ato desesperado, muitos enxergam a derradeira chance de concorrer a moradias do programa do Governo Federal “Minha Casa Minha Vida”. As senhas que credenciam as pessoas de vulnerabilidade social são distribuídas todos os dias a partir das 7h30.
O movimento de transeuntes era intenso por volta das 21 horas desta terça-feira, 20. Muitas famílias, principalmente mulheres tentavam se acomodar à beira da calçada. O concreto serviu de colchão e cama para muitas das crianças que acompanham suas mães.
“O atendimento é péssimo. É tudo mentira que são 30 senhas é só 20. Faz duas noites que durmo aqui e não consigo nada. Fazer o que né dona, a gente precisa da casa, se não dormir aqui não pega senha” - disse uma empregada doméstica moradora do bairro Jardim Itororó.
O cenário revela que o discurso é uma coisa e a prática é completamente diferente. No último dia 15, o presidente da Agência de Habitação, Aparecido Reginaldo Rodrigues, assegurava conforto e agilidade para a comunidade que utiliza esse serviço que é prestado pela administração municipal. Reginaldo inclusive garantiu que tendas seriam instaladas na área externa para abrigar as famílias do sol e/ou chuva durante o procedimento da inscrição.
Depois de ganhar alguns pedaços de páginas de jornais e notas, a promessa ficou para trás. O que se vê é desrespeito puro. Outro detalhe que agrava ainda mais a situação foi denunciado a reportagem do Portal de Notícias 24 Horas News. Funcionários que trabalham no atendimento e na distribuição das 80 senhas para os para servidores públicos revelam “jogo de cartas marcadas” no cadastramento do programa do Governo Federal. Pessoas ligadas ao segundo escalão da autarquia estariam sendo privilegiadas, não havendo a necessidade de enfrentarem fila, aborrecimentos e o constrangimento da maioria dos “mortais”.
“Tem gente que faz o cadastramento, entrega os documentos e não precisa estar no programa. Alguns nem ficam na fila. Eles chegam telefonam e a senha já está à disposição. Sei que não precisam da casa, mas não posso fazer nada tenho que cumprir as ordens e fazer o meu trabalho” - disse o funcionário da agência que por medo de represálias preferiu não ser identificado.
Na manhã desta quarta-feira o tumulto era grande a aglomeração de pessoas na porta da Agência de Habitação Regularização Fundiária e Desenvolvimento era intenso, apenas dois policiam militares faziam à segurança no local. Sem a senha para efetivar o cadastro muitos prometeram retornar a noite para mais uma madrugada ao léu.
Até o fechamento desta reportagem o presidente da Agência de Habitação Regularização Fundiária e Desenvolvimento não retornou as ligações.
24 Horas News
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