Sinézio Alcântara - de Cáceres
Vantagens financeiras ou promessas de cargos levam dezenas de lideranças, entre elas, líderes comunitários, ex-diretores de estatais, suplentes, ex-vereadores e até vereadores, a trabalharem para eleição de deputados estaduais que jamais colocaram os pés na cidade. Considerada pólo regional, Cáceres conta com aproximadamente 60 mil eleitores, mas está há, pelo menos, quatro legislaturas sem eleger deputado estadual. E o risco permanece com a “importação” de políticos de fora. Na cidade xistem hoje pelo menos 25 “lideranças” engajadas nas eleições de candidatos a deputado de outras regiões.
Desse total o maior número é de ex-vereadores e suplentes. Só esse grupo soma 11. Em seguida aparece o dos líderes comunitários. Pelo menos, oito estão trabalhando para candidatos de fora. São ainda três ex-presidentes de estatais e, três vereadores. Esse número é dos que apoiam publicamente, inclusive com adesivos nos carros e distribuição de materiais de campanha. Porém, muitos temendo a repercussão da comunidade agem de forma “camuflada”, pedindo voto sem maiores alardes.
Dos ex-vereadores lideram o grupo o ex-presidente da Câmara, Célio Silva seguido de Alcy Silva. A dupla está empenhada na reeleição do deputado Guilherme Maluf (PSDB); a ex-vereadora Valdeníria Dutra Ferreira, está na campanha do deputado Airton Português (PP); Gabriel Alves de Moura Neto trabalha para a reeleição do deputado Antônio Azambuja (PP); e Wilson Bosco Palhinha de Oliveira, apoia candidatura de Ezequiel da Fonseca (PP). No grupo dos suplentes, aparecem Iracilda Carola, Cabo Davi e Luciana Gatass Crepaldi, trabalhando para eleição do quinto mandato do deputado José Riva (PP); Zé Antônio do Caramujo, apoiando a reeleição do deputado Antonio Azambuja (PP) e Marilene dos Nascimento, na defesa da candidatura do presidente da Câmara de Cuiabá, Delcimar Silva (PP).
Na dianteira do grupo dos líderes comunitários, o servidor público e presidente da Organização para Desenvolvimento do Caramujo (Omdeca), Luiz da Guia Cintra de Alcântara. Luiz da Guia, como é conhecido também está engajado na reeleição do deputado José Riva. Mas, assim como Luiz da Guia, outros servidores públicos municipais também trabalham para candidatos de outras regiões, como é o caso do secretário de Educação, Josué Waldemir de Alcântara que, inclusive, já adesivou o carro com a foto do candidato Lúdio Cabral (PT). Embora esteja com estampa do candidato Carlos Avalone (PSDB) a coordenadora da Ação Social, nega que esteja apoiando o candidato.
Em alguns casos a situação chega ser cômica. Ao mesmo tempo em que o PP optou pelo lançamento da candidatura do presidente da Câmara, vereador Leomar Mota, o presidente do diretório municipal do partido, Hugo Silva, trabalha para reeleição do deputado Airton Português, de Araputanga. O líder comunitário Nilson Magalhães, presidente da União Cacerense de Moradores (UCAM) acertou há vários meses apoio a reeleição do deputado Antônio Azambuja.
No rol dos ex-presidentes de estatais destacam-se o trabalho do ex-presidente da 4ª CIRETRAN e também ex-vereador, Austin José Brasileiro de Moraes, para a reeleição do deputado Mauro Savi (PR). Já ex-executor do INCRA e suplente de vereador José Olivares Vargas, há muito tempo apoia a reeleição do deputado José Riva, enquanto que o ex-diretor do Hospital Regional e também ex-vereador e ex-deputado José Eduardo Barbosa Barros, o Duda Barros, lidera a coordenação da campanha do deputado Airton Português.
Os vereadores não assumem, pelo menos, publicamente, o apoio aos candidatos de fora, mas também não desmentem. “Não está nada definido. Porém, não posso deixar de ajudar quem trabalha por Cáceres” afirma o vereador Josias Modesto (PTB) sobre as informações de que ele estaria trabalhando para a reeleição do deputado Antonio Azambuja. “Estou em Cuiabá. Falo com você quando estiver em Cáceres”. Foi a resposta do vereador Cabo Nilson (PRTB) sobre a indagação de seu apoio a candidatura ao deputado João Malheiros (PR).
Comentários de bastidores da Câmara dão como certo o trabalho dos vereadores petistas Alonso Batista e Lúcia Gonçalves, em pról da candidatura do deputado Lúdio Cabral (PT). Eles não foram localizados para falar sobre o assunto. Nos gabinetes informações são de que estariam em visita de trabalho na zona rural. Isso sem contar outras lideranças menos importantes, como por exemplo, o assessor de gabinete do vereador Cabo Nilson, Jaó da Fonseca, o crítico professor Roberto Bassan, Brasilino, José Macedo, Ricardo Vanini entre outros que também trabalham para candidaturas de fora do município.
Se levar em conta de que, em média, cada contratado possa “arrebanhar” cerca de 700 votos, serão tirados dos candidatos do município 15.400 votos, número suficiente para eleger um deputado estadual que tanto a cidade necessita. Na esperança de, em alguns casos, ainda conseguir reverter a situação, os candidatos locais evitam comentar a decisão dos companheiros e ex-companheiros. Sugerindo que não fosse citado nomes três candidatos ouvidos pela reportagem disseram que “não temos estrutura financeira para bancar o que esse pessoal cobra”. Conforme os candidatos, além de acordos para cargos após a eleição, cada “apoio” custa entre R$ 5 e R$ 10 mil.
24 Horas News
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