A tropa de choque do ex-presidente da Câmara de Cuiabá, vereador Lutero Ponce (PMDB), sob investigação de uma Comissão Processante, está trabalhando nos bastidores de forma intensa para tentar absolver o peemedebista do processo de cassação. Os maiores defensores do mandato de Lutero são Lueci Ramos (PSDB), Chico 2000 (PR) e Clovis Huguiney, o Clovito (PTB). O ex-presidente virou escândalo nacional. É acusado de promover rombo de quase R$ 8 milhões no Legislativo cuiabano.
Fernando Ordakowski 
Lueci Ramos começou a gravar vereadores, como forma de pressioná-los a votar pela absolvição de Lutero
A primeira estratégia da tropa pró-Lutero foi "gravar" conversa de vereadores. Lueci, que foi vice-presidente da Mesa Diretora durante a gestão Lutero (2007/2008), ficou com essa missão. Ela já conseguiu arrancar algumas conversas comprometedoras de colegas parlamentares e, a partir de agora, quer transformar essas gravações em instrumento de pressão para ou "convencer" vereadores a votar pela absolvição ou pedir suspeição. Ela tem feito abordagem nos corredores da Câmara e insistido na pergunta sobre como será o voto de cada um no processo de julgamento de Lutero. Quer saber também se o presidente da Câmara, Deucimar Silva (PP), tem pedido apoio para cassar o peemedebista. Lutero e Deucimar viraram inimigos políticos ao ponto de mal conversarem, até mesmo durante a sessão.
Já Chico 2000 está trabalhando para mudar regras do Regimento Interno. Defende que o quorum necessário sejá de dois terços, ao invés de maioria absoluta, que foi utilizado no processo que resultou na cassação neste ano do vereador Ralf Leite (PRTB). A luta do vereador do PR é para dificultar eventual perda do mandato do amigo Lutero. Chico tem comentado que dentro do critério de 2/3, não se chegaria aos votos suficientes para cassar e que, com a absolvição de Lutero, não haveria desgaste para os vereadores porque a maioria se manifestaria pela cassação.
Ainda segundo comentários de Chico 2000, os vereadores Francisco Vuolo (PR) e Lúdio Cabral (PT), que conduzem a Comissão Processante junto com Lueci, foram enquadrados pela turma de Lutero. A "operação abafa" já inclui nos cálculos seis votos, sendo de Chico 2000, do próprio Lutero, Lueci, Clovito, Vuolo e Lúdio. O grupo afirma nos bastidores contar com mais um aliado cujo nome mantém sob sigilo. Assim, se o relatório pedindo cassação fosse colocado em votação hoje, o placar seria de 12 a 7 pela absolvição. Nesse caso, dentro do que o Regimento estabelece hoje, de maioria absoluta, Lutero perderia o mandato. Agora, se for aplicada a regra de 2/3, esse resultado de 12 a 7 seria suficiente para absolvê-lo.
Enquanto Lueci "grampeia" colegas vereadores e Chico 2000 bate duro para mudar o sistema de votação, de maioria absoluta para 2/3, Clovito, segundo denúncias, "anda pelos corredores fazendo ameaças e esbravejando", tudo para salvar Lutero. Embora seja da Mesa Diretora, o petebista solicitou todos os gastos da Câmara de maio a outubro deste ano. Argumentou que Lutero havia feito graves denúncias contra a Mesa. Clovito só esqueceu de um detalhe: ele fez o discurso da tribuna, requerendo dados contábeis antes de Lutero apresentar denúncias, o que configura mais uma prova do jogo combinado.
RDNews
Selzy Quinta
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