O autor do triplo homicídio ocorrido dentro do restaurante Verde Vale, em Rondonópolis, no dia 20 de setembro, o marceneiro Paulo Henrique Cabral Cardoso (36), foi preso hoje pela manhã pelo Serviço de Inteligência da Polícia Civil num quarto de motel, em Rondonópolis, onde estava escondido há três dias. Ao lado de seu advogado, Paulo Henrique concedeu entrevista à imprensa, onde relatou seu arrependimento e motivos que o levaram a assassinar três pessoas com quem conviveu durante três anos.
Paulo Henrique foi encontrado às 10h no Motel Ellus, onde supostamente estaria sendo auxiliado por uma pessoa conhecida dele com comida e roupas. Ele negou que estaria organizando sua mudança e da família para fugir para Alto Araguaia. Após cometer o triplo homicídio e ainda ferir uma quarta pessoa, o acusado ficou escondido na fazenda de um amigo em Chapada dos Guimarães...
Apesar de foragido, o autor dos crimes apresentava boa aparência. Durante o tempo em ficou à disposição da imprensa pareceu tranqüilo, mas em alguns momentos foi contraditório, ao dizer primeiro que não pensava em fugir após atirar nas vítimas e logo em seguida que pensou em fugir para Alto Garças. Após a pergunta de uma jornalista, Paulo Henrique se alterou e um pequeno tumulto foi iniciado, quando seu advogado pediu para encerrar a coletiva. Neste momento, o coordenador do Centro Integrado de Segurança e Cidadania (Cisc), Wilson Leite, pediu ao acusado que respeitasse a profissional.
Questionado pelos jornalistas se estaria arrependido, Paulo foi enfático e disse que voltaria atrás a qualquer momento, se pudesse. Em seu relato, o marceneiro explicou os motivos que o levaram a matar sua ex-companheira Criza Renata Carvalho Brasil (23), o padrasto dela, Lucas Valeriano da Silva (48) e a mãe dela, Mariluce Aparecida Carvalho (44).
“Foi por loucura, eu fiquei cego. Não entendi porque ela não terminava, no entanto, não atendia meus telefonemas, mentia pra mim, pegava ela em certas mentiras e eu fiquei transtornado com isso. Fiz, não tem como voltar atrás, estou muito arrependido, pela família dela que eu gosto, pela avó dela que eu amo, pela minha mãe. Estou aqui para prestar contas”, declarou.
O autor dos assassinatos ainda explicou que esteve no local de trabalho de Criza cinco dias antes do crime, onde tiveram uma discussão porque ela não estaria atendendo as suas ligações. No entanto, negou que estaria armado neste dia, conforme o boletim de ocorrência registrado pela jovem.
Paulo alegou que não tinha a intenção de matar a mãe e o padrasto de Criza, apesar de ter declarado que havia se desentendido com Mariluce, com que não conversava há um bom tempo. “Eu não cheguei atirando em ninguém, fui lá para conversar com ela, na hora o Lucas levantou e eu já estava transtornado. Perdi a cabeça naquela hora. Só lembro que atirei nele, não lembro de mais nada depois dessa hora”, relembrou o acusado.
O marceneiro explicou ainda que após deixar o restaurante, passou no apartamento em que morava para pegar R$ 5 mil que tinha guardado e deixou a chave para o porteiro, orientando-o a entregá-la apenas para sua mãe. Em seguida, o marceneiro relatou que foi para a beira de um barranco e ficou chorando.
O autor dos crimes também disse que pensou em cometer suicídio, mas que foi impedido pela mãe, para quem ligou no momento em que estava chorando. Ele relatou ainda que continuou pensando em tirar sua própria vida, contudo, não teve coragem.
Para chegar em Chapada dos Guimarães, Paulo contou que foi de carona até Pedra Preta e que lá pegou um ônibus para Campo Verde e depois outro para Chapada. O seu retorno a Rondonópolis aconteceu de forma parecida e segundo seu relato, parou em frente ao motel e transtornado resolveu entrar. Disse que poderia ter fugido para outro país e que voltou com a intenção de se entregar, contudo, sentia medo.
O marceneiro enfatizou que ninguém sabia de seu paradeiro e que o amigo que o acolheu na fazenda não tinha conhecimento dos crimes porque só acompanhava os noticiários com antena parabólica. O acusado foi encontrado com cerca de R$ 2 mil e afirmou não ter recebido ajuda de ninguém. “Não pedi ajuda porque sabia que o erro era meu”, disse.
Após a coletiva, Paulo foi encaminhado à Cadeia Pública de Rondonópolis, local onde ficam detidos presos ainda sem julgamento. Em breve, ele irá para o novo anexo da Penitenciária da Mata Grande, que será inaugurado na próxima segunda-feira (12) pelo governador Blairo Maggi e para onde serão transferidos todos os presos da Cadeia Pública.
Lá, o acusado irá dividir uma cela com mais cinco presos acomodados em triliches e outros quatro em colchões no chão. Se tiver um bom comportamento, poderá utilizar o solário em frente à cela, com 17m². O anexo ainda oferece salas para visitas íntimas, parlatórios para conversar com seu advogado, salas de aula e quadra de esportes.
Segundo Antônio Carlos de Araújo, delegado da Divisão de Crimes Contra a Pessoa (DCCP), que entrou no caso no dia 1º de outubro, o pedido da prisão de Paulo Henrique foi feito um dia após o crime, a seu pedido, e expedido pela juíza de Direito e diretora do Fórum de Rondonópolis, Maria Mazarelo Farias Pinto. A medida foi importante porque caso o acusado se apresentasse, e existia indício que isso iria acontecer, o flagrante do crime poderia ser relaxado.
O autor do crime que chocou Rondonópolis será indiciado por homicídio triplamente qualificado e tentativa de homicídio. Para concluir o inquérito, a delegada Juliana Carla Buzetti, da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher (DEEM), ainda precisa ouvir Crislaine Maggi Scheffer (21), atingida por um disparo da arma do acusado, ainda abalada com o acontecimento.
Agua Boa News
Selzy Quinta
Nenhum comentário:
Postar um comentário