Escritório de Binho, que estava sendo montado no Jardim Cuiabá, onde já teria feito churrasco com envolvidos
Carros como pagamento pela droga. Comandada pelo advogado Edésio Ribeiro Neto, o Binho, a operação consistia em embarcar os carros em São Paulo, por meio de um caminhão-cegonha, com destino a Cuiabá. Interceptações telefônicas feitas pelas investigações identificaram uma carga entregue em Mato Grosso contendo vários veículos, entre eles, um destinado ao pai de Binho, o jornalista Edivaldo Ribeiro.
As informações fazem parte do relatório final da Polícia Federal sobre o inquérito que apurou o narcotráfico internacional realizado por uma quadrilha comandada no Estado.
Em uma das negociações feitas por Binho em São Paulo, o ex-policial militar Adonai Novaes de Oliveira, o Mulambo, e Jackson Luiz da Costa Conceição, o Batata, vão até São Paulo de onde voltam com uma caminhonete Hilux Prata, destinada a Adonai, como parte do pagamento...
No dia 22 de dezembro de 2008, Binho liga confirmando o sobrenome de Jackson para embarcar os carros via cegonha. Logo em seguida, no dia 29 do mesmo mês, Jackson entra em contato com a cegonheira Grancap e confirma a chegada de um Vectra em Cuiabá e um New Beetle amarelo em Rondonópolis, além de um Ford Eco Sport que “viria para o pai de Binho”, segundo documento fruto das investigações.
A reportagem tentou localizar Edivaldo Ribeiro, mas o celular obtido pela reportagem estava desligado. Em seu local de trabalho, ninguém soube informar o contato.
Binho, que é advogado inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Mato Grosso (OAB), deverá ter seu registro suspenso preventivamente, segundo informações da instituição. Além dele, o advogado Aroldo Fernandes da Luz, acusado de tráfico internacional de drogas pela Polícia Federal, também deverá sofrer o mesmo procedimento.
“Diante dos fatos já divulgados pela mídia, acredito que a suspensão deverá virar um processo, porque esse tipo de comportamento ofende a atividade da classe”, afirmou o presidente do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB, Ivo Matias.
No Cadastro Nacional de Advogados (CNA), apenas o registro de Aroldo consta como ativo. A inscrição de Binho, que é de 2003, não aparece, segundo informações da OAB, por ele não ser atuante.
Entretanto, Binho se utilizava da prerrogativa da profissão para justificar os altos depósitos em sua conta corrente no Banco Santander, segundo as investigações.
Ao ser questionado pela gerente sobre a origem dos recursos, ele informou que estes advinham de honorários advocatícios e que estavam sendo utilizados para a reforma de seu escritório, no Jardim Cuiabá.
Em seu escritório, Binho chegou a realizar churrascos em que os policiais civis estiveram presentes. Em uma conversa interceptada pela polícia, Binho afirma a seu cunhado, identificado como Julio, que alguns “policiais que trabalham pra ele” estarão na festa.
CPFs - No Banco Bradesco, Binho possuía dois CPFs, correspondentes a duas contas corrente diferentes, “para receber depósitos relativos ao tráfico e para fazer a transferência a comparsas de crime a terceiros que ocultam ou dissimulam os valores”, diz trecho do documento Ministério Público Federal.
De acordo com interceptações feitas pela polícia, Binho, que continua foragido, colaborava com a família e, exemplo disso, é a ajuda que forneceu para montar a clínica de estética de uma das irmãs.
A mãe de Binho, Danuza Soares Lenzi, segundo documentos da polícia, é quem administra boa parte dos negócios do filho, recebendo em sua conta dinheiro depositado por ele. A empresa que consta em seu nome e de sua filha, Thaís Lenzi Ribeiro, teve os bens sequestrados pela Justiça Federal, suspeita de servir para lavagem de dinheiro.
Em nome da empresa, as investigações constataram a aquisição de várias linhas telefônicas que são utilizadas pela família, além dos membros da organização. A reportagem tentou localizar a defesa dos envolvidos, mas não obteve sucesso.
Agua Boa News
Selzy Quinta
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