Cuiabano que modificou a história de Mato Grosso no combate ao crime organizado deixa a entender que pode ser candidato
Procurador da República em São Paulo, Taques, na entrevista da semana, afirma que só pessoas do bem podem virar a página obscura da corrupção no país.
Marcos Lemos
Da Redação
O cuiabano Pedro Taques, 40, pode ser divisor de "águas" e marcar as eleições em 2010. Admitindo que mais mudanças podem ser conquistadas por meio da política, o procurador da República em São Paulo, que se tornou conhecido e reconhecido nacionalmente pelo combate a corrupção, admite que deseja se tornar um instrumento para efetivar as mudanças.
A presença de um procurador da República, que para ser candidato necessita se desligar em definitivo da carreira jurídica, já que a legislação não ampara a possibilidade da licença para disputa eleitoral, aponta para uma mudança radical nos padrões da política, já que o próprio Pedro Taques condena os benefícios somente para os políticos, os favorecimentos que a categoria tem inclusive em relação a foro privilegiado para ser processado judicialmente e condena a corrupção e a impunidade como sendo elementos que diminuem consideravelmente a eficiência do serviço público em prol daqueles que mais necessitam da presença do Estado.
Depois de Blairo Maggi (PR), que em 2002, com sua eleição, adicionou à política elementos diferentes das práticas do passado, Pedro Taques, se coloca não como a solução dos problemas, mas como um homem que vê a necessidade de mudanças profundas com o intuito de diminuir as mazelas que hoje são públicas nos escândalos nacionais ou regionais, como no caso do Senado que vive momentos degradantes perante a sociedade e das investigações que passa o Judiciário Estadual por causa de favorecimentos pessoais e que em nada contribuíram para melhorar a vida das pessoas.
Para ele, que sinaliza a disputa para uma das duas vagas para o Senado, pela política é possível se proporcionar mudanças importantes, pois está no legislador a competência de fazer leis e promover reais alterações no cotidiano de todos, sendo que as leis podem mudar os homens, mas é preciso que os homens de bem mudem as leis para melhor.
A Gazeta - Hoje quais são as possibilidades do senhor ser candidato a um cargo eletivo?
Pedro Taques - Eu tenho sonhos de ajudar o meu Estado. Portanto, eu posso afirmar a você que hoje eu estou decidido em, no ano de 2010, ajudar Mato Grosso a trabalhar e procurar conquistar algo de bom, de positivo para todos.
Gazeta - Mas ajudar o Estado não quer dizer que o senhor precise estar na política partidária?
Pedro Taques - Claro que não, mas a política partidária é um instrumento que ajuda e pode contribuir muito para que se mude. Transformações tem que ser feitas por inteiro e não em apenas parte.
Gazeta - O senhor quer ser um representante popular?
Pedro Taques - Muitas vezes as pessoas que não participam tem preconceito em relação a política partidária. Isto é fato que decorre da bandalheira que acontece na política, vide o que se vê e se presencia no Senado. Então penso que a população, tem que entender que a política é importante em sua vida, para que ela possa assegurar o preço razoável na energia elétrica, no arroz, no feijão, na carne, na saúde, na segurança e no seu dia a dia.
A política partidária é importante para que o Ministério Público possa prender, para que o juiz possa sentenciar, absolvendo ou condenando aquele que desrespeita as leis. Dai nós temos que valorizar a política.
Gazeta - Quais as consequências quando a sociedade vira as costas para a política?
Pedro Taques - Eu não posso, sob pena de ver o Estado, onde os piores tipos de homens comandam, não permitir, não ao menos sonhar, que pessoas que não concordam com o que acontece, possam participar de atividades políticas para mudar a situação.
Gazeta - Além de procurador da República, o senhor que é professor consegue inserir na sociedade a importância de um legislador enquanto elaborador de leis que afetam direta e indiretamente a todos?
Pedro Taques - Somente o legislador faz lei. A lei é importante, muito importante. A lei não muda o homem, mas o homem muda a lei. Nós precisamos mudar nossa legislação e deixar de criar benefícios para poucos, para alguns e prejuízos para a maioria.
Gazeta - Quais seriam os exemplos de legislação que o senhor alteraria?
Pedro Taques - Por exemplo, precisamos acabar com o foro de prerrogativa de função. É preciso se acabar com uma determinada casta de brasileiros que só podem ser julgados por tribunais, o que na realidade impede que se faça justiça. Deputados federais e Senadores são julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Governador, procuradores da República como eu, são julgados pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Deputados estaduais são julgados pelo Tribunal de Justiça. Todos devem e deveriam ser julgados pelo juiz em 1º grau, pois todos são iguais perante a lei.
Gazeta - Na prática que consequências isto provoca?
Pedro Taques - O Foro por Prerrogativa de Função faz com que alguns sejam mais iguais que os outros e isto deve ser mudado. O STF nunca julgou ninguém. O STJ só condenou uma pessoa de 20 anos para cá. Isto gera impunidade e a impunidade é o que traz a corrupção. Porque se nós não tivermos a impunidade através da responsabilização daqueles que comentem os crimes, essas pessoas não cometerão outros crimes. Agora se elas não são responsabilizadas, elas cometem mais crimes, pois sabem que nada vai lhes acontecer. Tudo vai acabar em pizza. Portanto, a impunidade é um instrumento, um meio que faz com que a corrupção esteja sempre entre nós. Por isso, a lei é importante.
Gazeta - Na hipótese de senhor ser eleito, não existe o temor de ser denunciado como muitas vezes acontece com os políticos?
Pedro Taques - Qualquer cidadão pode ser denunciado pela prática de crimes e sou uma pessoa comum e com certeza não farei e não darei margem para ser acusado de nada. Agora você tem que ser julgado pelo juiz que está perto da comunidade que ele vive.
Gazeta - O senhor se sente preparado para deixar a carreira jurídica?
Pedro Taques - Existe vida inteligente fora do MPF. Penso que ele seja muito importante na minha vida pela minha dedicação ao meu trabalho e a instituição. Eu penso que tomando uma decisão diferente em 2010 e estando fora do Ministério Público, este fato também vai ajudar que eu possa contribuir com o desenvolvimento do meu Estado e do meu país.
Gazeta - Não é uma pretensão sua começar com uma candidato ao Senado?
Pedro Taques - Não estou escolhendo e querendo advinhar cargos. O que quero é contribuir com o desenvolvimento do Estado onde nasci, vivi e quero morrer.
Gazeta - O senhor se sente preparado para legislar, para compreender a imensidão dos problemas de uma Estado como Mato Grosso?
Pedro Taques - Uma das grandes falhas dos políticos é querer saber tudo, ou pelo menos demonstrar que sabe. Mas, ninguém sabe tudo. Feliz daquele que sabe apenas a metade. Você não pode ser um generalista. Eu não posso conhecer todos os problemas e quem fala que conhece está mentido.
Gazeta - Os políticos são tachados de mentirosos. O eventual candidato Pedro Taques não mente?
Pedro Taques - Eu digo que procuro falar a verdade, porque quem o faz não merece castigo. Pauto minha vida pela verdade.
Gazeta - Como é a receptividade nas ruas neste momento?
Pedro Taques - Tenho recebido apoio, incentivos. Não necessariamente de políticos, mas de empresários, cidadãos, trabalhadores, pessoas de bem. Elas me ligam e me incentivam. Muitas delas também me falam para não entrar na política, porque se não vou me misturar com quem não presta, mas digo a elas que não se pode generalizar nada e que todos, independente de qualquer coisas precisam da política.
Gazeta - O que o motiva a ir para a política?
Pedro Taques - Se você na acreditar que seja possível mudar, o último vai desligar a energia e fechar a porta. Eu acredito que tudo seja possível deste que haja vontade, que possamos mudar a realidade. Sou um homem movido pela esperança. Eu confio nas pessoas de bem. Político no sentido etimológico da palavra, significa aqueles que se preocupa não só com suas coisas pessoais mas com o problema de terceiros, então acredito na política. Todos nós fazemos politica no dia a dia.
Gazeta - O que o senhor falará para o eleitor?
Pedro Taques - Mesmo que eu não fosse candidato, eu diria que ele tem uma arma nas mãos e que deve ser utilizada. Que está arma é sua consciência, é a verdade e é tão forte que pode promover mudanças. Eu confio no cidadão. Desde os meus 18 anos sempre votei, nunca deixei de exercer o meu direito, porque o cidadão tem que participar da vida de sua comunidade, porque se não ele será um alienado que nada vê e tudo aceita e isto não pode e não deve acontecer.
Selzy Quinta
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