terça-feira, 11 de agosto de 2009

CONFRESA - Força-tarefa para retirada de posseiros

Trinta agentes da PF, Ibama e Funai seguem para Confresa, na terra de tapirapés, para reintegrar domínios aos índios. Cerca de 100 posseiros permanecem

Área tem 167,5 mil hectares e foi homologada em 1998. Maioria dos posseiros já deixou local em 2002

STEFFANIE SCHMIDT - Especial para o Diário
Aproximadamente 30 agentes da Polícia Federal, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Fundação Nacional do Índio (Funai) iniciam hoje operação de retirada de posseiros da Terra Indígena Urubu Branco, pertencente à etnia tapirapé, localizada no município de Confresa (1.160 quilômetros ao nordeste de Cuiabá).
No local encontram-se cerca de 100 posseiros que permanecem na terra por força de liminar, desde que a área de 167,5 mil hectares foi homologada em 1998, segundo informações do Ibama. A maioria deles teria deixado a terra em 2002, quando abandonaram espontaneamente a área, após a conclusão do pagamento de indenizações.
O grupo de trabalho constituído pela Funai para acompanhar o cumprimento de mandado foi divulgado ontem no Diário Oficial da União. Eles têm prazo de 30 dias para concluir os trabalhos.
“Teoricamente essas pessoas têm até cinco dias para se retirarem, logo após a notificação que será feita, mas acho meio difícil, porque é uma área muito extensa pra ser percorrida”, afirmou o gerente do Ibama de Barra do Garças, José Roberto Moreira.
Agentes da unidade de Canarana também participam da operação. A dificuldade de acesso é tanta que o Ibama já trabalha com a possibilidade de estender esse prazo e aguarda, para a próxima semana, reforços de outras unidades. Até o fechamento desta edição, os cerca de 10 agentes da Polícia Federal destinados para a operação não haviam chegado a Confresa. O restante do efetivo é composto por funcionários e administradores regionais da Funai em Mato Grosso.
Os danos ambientais causados pela presença de posseiros ainda não foram estimados pelos analistas e técnicos do Ibama. “Trata-se de uma região plana e sazonalmente inundável, propícia para criação de gado”, explicou José Roberto.
Ele estima que esse tipo de ação já tenha provocado a redução de espécies exóticas e alterações na biodiversidade regional, composta por mais da metade de seu território, 56,12%, de Floresta Amazônica e 43,88% de cerrado, segundo a Organização Não-Governamental (ONG) Povos Indígenas no Brasil.
Além das 100 propriedades identificadas no local, classificadas como de médio e grande porte pelo Ibama, existe ainda uma infinidade de ocupantes menores, cuja quantidade é desconhecida.
Os tapirapé constituem um povo Tupi-Guarani cuja população é estimada em 564 pessoas, segundo último levantamento feito em 2006 pela Funai. O processo ocasionado pelas frentes de expansão, a partir de meados do século XX, intensificou o contato dos Tapirapé com grupos Karajá, até então inimigos. Ambos conquistaram a homologação de suas terras na mesma época.

Selzy Quinta

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