quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Assembleia cobra liberação de emendas; França detona secretariado do governador

 CLÁUDIO MORAES - Da Editoria

Deputados estaduais da base governista esboçaram na noite de hoje um princípio de revolta contra o governador Blairo Maggi por dois motivos: a não liberação das emendas individuais e ainda a utilização de ações administrativas de forma política por parte de alguns secretários. As declarações dos parlamentares foram todas feitas na tribuna do parlamento durante sessão ordinária na noite de hoje.

O mais incisivo de todos foi o deputado estadual Roberto França (sem partido). Ele rompeu o silêncio e criticou o tratamento dado pelo secretariado do governador Blairo Maggi (PR) as solicitações de obras feitas pela Assembleia Legislativa. "Temos que acabar com essa perda de tempo de pequeno expediente. Os secretários mandam puxa-sacos do segundo e terceiro escalões com a mesma resposta nos ofícios sempre: não tem recurso. Quero saber onde está o orçamento deste Estado cujo dinheiro não dá para atender pedidos de nenhum de nós", disparou, ao utilizar a tribuna.

Para Roberto França, o fato de secretários não atenderem pedidos feitos por parlamentares está relacionado as questões políticas e eleitorais. "Muitos secretários são candidatos no ano aque vem. Por exemplo, o deputado Português não consegue arrumar um filtro de água para uma escola na sua região, mas o adversário dele na região, que é o secretário adjunto de Educação (Ezequiel Fonseca), consegue fazer tudo", alertou.

O parlamentar ainda alertou a Assembleia Legislativa sobre o fato de apenas "homologar" os projetos encaminhados pelo Governo Blairo Maggi. "Já estou há 25 anos na Assembleia e vi grandes debates que hoje não existem mais. Isto é ruim e o reflexo vem na frente para os deputados e o Governo", assinalou.

Indignado, Roberto França alertou que o governador e seu grupo precisam assumir uma maior identidade política. "Temos que acabar com essa farsa de que o Governo não é político. Acabou o empresário e hoje o Blairo Maggi é político igual a todos nós", disse.

O ex-prefeito de Cuiabá alertou que Blairo Maggi pode não conseguir eleger o sucessor no palácio Paiaguás pelo abandono que dá a classe política. Ele lembrou que possui autonomia para criticar o governador, pois participou ativamente nas duas campanhas vitoriosas, em 2002 e 2006.

Emendas

Já o líder do Partido Progressista na Assembleia Legislativa, deputado estadual Maksuês Leite (PP), cobrou a liberação das emendas individuais dos parlamentares. "No ano passado, os jornais divulgaram que cada deputado teria R$ 4 milhões para indicar obras em emendas. Até hoje não pudemos destinar nem um centavo e somos cobrados nas ruas", afirmou.

Para o parlamentar progressista, o governador deveria dar uma explicação pública sobre a liberação ou não dos recursos. Segundo Maksuês Leite, houve "boa vontade" do vice-governador Silval Barbosa (PMDB) em resolver o impasse, mas ele não conseguiu.

O vice-líder do Governo, deputado Ademir Bruneto (PT), também defendeu a liberação dos recursos das emendas parlamentares o mais rápido possível. "O acordo foi feito. Já estamos em agosto e todos sabem que o objetivo dessas emendas é chegar onde o governo não consegue", alertou.

Já o deputado estadual Nilson Santos (PMDB) alertou que a promessa de liberação de emendas que não foi concretizada tem desgastado parlamento. "É difícil visitar cidades e ser cobrado. Você manda o ofício para o secretário pedindo a liberação da emenda e fica com a cara de bobo", comentou, ao acrescentar que "estou passando vergonha ao sair de casa".

Nilson Santos também alertou para o fato de secretários com pretensões políticas, em 2010, estarem isolando deputados de regiões. "Três secretários já estiveram em minha cidade lançando programas e só fiquei sabendo depois. Isso é falta de respeito com quem ajudou a eleger o governador e teve 11 mil de 14 mil votos bons numa cidade", citou o parlamentar com base eleitoral em Colíder.

O deputado estadual Dilveu Dalbosco (DEM), que presidia a sessão no momento, disse que a liberação das emendas e as ações políticas e eleitorais de secretários de Estado serão debatidos na próxima reunião do Colégio de Líderes. A reunião será na próxima terça-feira.

Jornal Documento

Selzy Quinta

Nenhum comentário: