Em mais uma operação da Policia Federal na Região Norte Araguaia, 16 mandados de prisão e outros 18 mandados de busca foram cumpridos no inicio da madrugada desta sexta-feira (14.08). A maioria dos presos são da região dos municípios de Confresa, Porto Alegre do Norte e Canabrava do Norte, além de Rio Verde (GO), no sudoeste Goiano.
A investigação pela Policia Federal foi iniciada há um ano após denúncias recebidas pelo INSS. Em entrevista ao Jornal O Parlamento, a Coordenadora Operacional da Assessoria de Pesquisa Estratégica, Neusa Peixoto Campos, explicou que “O INSS foi informado que terceiros (pessoas não contratadas do INSS) estavam realizando procedimentos ilícitos para obtenção de benefícios”, segundo ela, as denúncias são checadas pelo departamento de Pesquisa Estratégica que em caso de confirmação, a situação é repassada para Policia Federal e Ministério Público.
Na Operação Publicanos, entrou em ação a Força Tarefa Previdenciária de combate a crimes na concessão de benefícios previdenciários, composta pela Polícia Federal, Ministério da Previdência Social e Ministério Público Federal.
Segundo informações da Policia Federal, as informações repassadas pelo departamento de inteligência do INSS permitiu que monitorassem e identificassem possíveis ações ilícitas até mesmo do chefe do INSS de Confresa, que de alguma maneira poderia estar envolvido na liberação de aposentadorias, pensões, salário-maternidade, e uma série de outros benefícios ligados aos trabalhadores rurais, que são muitos na região devido a grande quantidade de assentamentos da reforma agrária.
Entre os presos estão também o Ex-prefeito de Porto Alegre do Norte, conhecido por Luis Bang e dois de seus filhos. Além de uma ex-secretária do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, 9 intermediários e quatro beneficiários ou representantes legais também tiveram mandados de prisão cumpridos durante a madrugada.
Os presos estão sendo encaminhados para Penitenciária Central de Cuiabá e vão responder pelos crimes de estelionato qualificado, falsificação de documento público, falsidade ideológica, uso de documento falso, corrupção ativa, corrupção passiva, inserção de dados falsos em sistema de informação e formação de quadrilha.
O GOLPE - O objetivo do golpe contra o INSS era receber a concessão de benefícios fraudulentos, inclusive com valores retroativos em nome de pessoas que se comprometeriam a repassar os benefícios retroativos para continuar a receber do INSS.
Para que o esquema desse certo, muitos documentos eram falsificados. Para receber pensões, eram criados dependentes como filhos, companheiros e cônjuges. Em uma destas situações, um óbito de servidor registrado há 37 anos foi modificado para que fossem pagos benefícios de trabalhador rural com atividades exercidas dentro Projetos de Assentamentos do INCRA/MT. A fraude retroagia as datas dos documentos falsificados para anteriores a criação do Projeto.
O grupo falsificava documentos para a comprovação de atividade rural, declarações de Sindicatos de Trabalhadores Rurais com dados falsos, notas fiscais frias de aquisição de produtos rurais, certidões falsificadas do INCRA e certidões de nascimento e de óbito falsas.
Pelas investigações da Força Tarefa, mais de 150 benefícios suspeitos de fraudes acabaram sendo concedidos, um prejuízo aproximado de R$ 2,2 milhões. Foram identificados processos suspeitos desde 2007.
A OPERAÇÃO - A operação liderada pela Delegacia da Policia Federal de Barra do Garças conta com a participação de 80 policiais federais e oito funcionários do Ministério da Previdência Social.
O nome da operação "publicanos" faz alusão aos coletores de impostos das províncias do Império Romano, que, conforme relatos bíblicos, com grande frequência, se envolviam em corrupção, eram olhados pela sociedade como traidores e classificados como pessoas do mais vil caráter.
Selzy Quinta
Nenhum comentário:
Postar um comentário