segunda-feira, 6 de julho de 2009

Indícios são de empresas apenas de fachada

Por: JULIANA SCARDUA-Da Reportagem DC

Lorival Fernandes/DC
clip_image001

Sede da empresa M. Padilha, vencedora de uma licitação de R$ 75.816,96 na Câmara no ano passado. Vizinhos afirmam que local é residencial

É numa casa humilde do Pedregal, bairro pobre da Capital, o endereço oficial de uma das empresas apontadas como pivôs do esquema de desvio de dinheiro dos cofres da Câmara Municipal de Cuiabá. É lá também a morada de Michel Padilha da Silva, um dos cinco “empresários” alvos de mandados de prisão expedidos pela Justiça a pedido da Delegacia Fazendária. Ele foi visto por parentes e vizinhos pela última vez no domingo passado, um dia antes da deflagração da Operação Crepúsculo.
Michel Padilha é acusado de ser um dos empresários que dão suporte à fraude que teria culminado num prejuízo aos cofres públicos de R$ 7,5 milhões nos anos de 2007 e 2008, sob o comando do vereador e ex-presidente da Câmara, vereador Lutero Ponce (PMDB), conforme apontam as investigações. Com uma empresa registrada junto à Junta Comercial de Mato Grosso (Jucemat) em junho de 2008, a M. Padilha da Silva, ele foi o vencedor de uma das licitações mais suspeitas no rol de certames investigados na Câmara.
A M. Padilha foi o destino oficial de um montante de R$ 75.816,96 entre os gastos da Câmara efetuados no ano passado, destinado à aquisição de materiais de consumo para copa. A reportagem foi à procura do endereço da empresa e se deparou com um cenário no mínimo suspeito. O número 42 desenhado sem qualquer capricho no portão que começa a enferrujar indica que é ali a sede da M. Padilha da Silva, na rua Mangaraí, no Pedregal.
Vizinhos apontam que Michel mora há anos no local, mas o retratam como uma pessoa simples, muito diferente do imaginário comum da figura de um empresário, sem carros ou dinheiro. Quando uma porta sem tranca se abre, o que se vê nem de longe lembra o ambiente de uma grande fornecedora de produtos. Na casa pobre, crianças correm descalças pelo chão. Uma mulher entreolha desconfiada pela janela, tentando em vão passar despercebida.
Um homem que se identifica apenas como parente de Michel confirma que aquela é mesmo a casa do “empresário”, mas declara que ele não está. Michel teria desaparecido do local horas antes da Operação Crepúsculo, supostamente sem deixar rastro. Perguntado se há algum telefone celular disponível para contato, o rapaz adverte: “Tá (sic) com problema de grampo, rolo de Justiça, essas coisas. Num tem como falar com ele não”.
Perguntado sobre o paradeiro de Michel, um dos vizinhos se encabula ao comentar o assunto. “Ah... Ele tá (sic) corrido, né? O povo não fala outra coisa por aqui. Já saiu em tudo quanto é lugar, né?”, afirma, ao se referir às reportagens veiculadas no noticiário político local. Alvo de um pedido de prisão, Michel Padilha da Silva é há uma semana considerado foragido pela polícia.

Selzy Quinta

Nenhum comentário: