sexta-feira, 10 de julho de 2009

Esperança Renovada

Autor: Deputado Guilherme Maluf

A atuação do Poder Público na área da saúde, por inúmeras razões, há muito tempo não é vista com bons olhos pela população, notadamente com relação ao atendimento e assistência médico-hospitalar prestada pelo Sistema Único de Saúde – SUS, sob gestão compartilhada entre União, Estados e Municípios, num vasto universo que compreende a atenção básica, secundária, emergência/urgência e alta complexidade, através da utilização de uma rede de postos e hospitais públicos e conveniados.
Apesar dos esforços e da boa vontade das autoridades do setor, continuam a persistir longas e infindáveis filas de pacientes à espera de atendimento, majoritariamente no nível da alta complexidade, estágio assistencial cada vez mais caro e congestionado por uma demanda crescente em contraponto com serviços contingenciados e mal regulados, retratando uma cruel e dolorosa realidade.
Na alta complexidade, sob o coro de uma amplificada onda de queixas e reclamações, o sistema de regulação não se mostra com fôlego, carece de agilidade e nem dispõe de estrutura compatível para exaurir as extensas filas de pacientes, alguns em estado grave, no aguardo de tratamentos de ponta e variado leque de sofisticadas intervenções cirúrgicas.
São enormes as filas de espera por cirurgias ortopédicas, neurológicas, gastroplásticas, buco-maxilares, cardiológicas e estudo eletrofisiológico, entre outras renomadas especialidades médicas. Ainda no terreno da alta complexidade, a situação se torna ainda mais calamitosa e dramática quando o foco da questão é direcionado para a área de transplantes. Mato Grosso, seguramente, está entre os últimos Estados brasileiros no ranking de transplantes. Atualmente aqui é realizado apenas transplante de córnea. Muito pouco para uma unidade da federação que conta com duas faculdades de medicina, uma detentora da láurea de melhor ensino médico do País, categorizados mestres e profissionais da saúde e modernas unidades hospitalares privadas.
Mas, tudo isso se torna diminuto diante da dura realidade da saúde pública existente no Estado e da particular dificuldade de se fazer frente às demandas da alta complexidade e da área de transplantes. O diagnóstico certo e pontual é de que algo precisa ser feito para contornar definitivamente o sofrimento do doente – literalmente um paciente - que aguarda por um transplante. E que a solução venha antes de sua morte, sem o devido atendimento.
E aqui cabe mais uma vez repetir o bordão de que a esperança é a última que morre. E agora em razão de que o governo do Estado está finalizando estudo para a ampliação e ágil retomada de transplantes. Sem dúvida, uma boa medida, reclamada há algum tempo, que abre nova esperança para quem necessita realizar cirurgia de transplante.
Melhor, ainda, se a intenção governamental acontecer precedida de ampla discussão com a classe médica, pacientes e transplantados, autoridades e gestores da saúde pública municipal e empresários hospitalares, conforme encaminhamento pertinente já sugerido em audiência pública realizada no ano passado no Parlamento Estadual. Além do mencionado estudo, manifesto, por oportuno, o entendimento de que é necessário reabrir as discussões acerca da criação da Fundação do Rim para se dar consequência a uma antiga e procedente reivindicação dos doentes e transplantados renais.
Assim, dar um direcionamento ao atendimento e tratamentos cabíveis num local exclusivo para essa finalidade, devidamente aparelhado, mais do que uma boa e salutar notícia é dispor um efetivo amparo à saúde dos portadores de doenças renais. E, de modo relativamente mais amplo, como intenciona o Governo do Estado, é prestar uma assistência planejada, condizente com a demanda e altamente especializada à saúde daqueles que aguardam ansiosamente por um transplante de órgão em Mato Grosso.


Autor: Guilherme Maluf. Deputado estadual (PSDB) e vice-presidente da Comissão de Saúde, Previdência e Assistência Social – ALMT.

Selzy Quinta

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