Mãe procura polícia e confessa que entregou recém-nascido a casal infértil, que tentava ‘agilizar’ adoção judicial
PEDRO ALVES/DC
Para dar ar de ‘realidade’ à farsa, relato é de que sacola com fralda e meias estava junto com criança
JOANICE DE DEUS E KEITY ROMA
Da Reportagem
Numa verdadeira reviravolta no caso em menos de 24 horas, a Polícia Civil descobriu que o abandono de um bebê de cerca de 20 dias entre sacos de lixo em frente à Escola Municipal Honorato Pedroso, no bairro Água Vermelha, em Várzea Grande, não passou de uma farsa. Os pais biológicos queriam ceder a criança para adoção por falta de condições financeiras. Com a ajuda de outro casal, interessado na adoção, simularam o abandono. O genitor tem 26 anos e trabalha como auxiliar de serralheria. A mãe, de 23, é dona-de-casa. Eles são divorciados.
O bebê nasceu há cerca de 20 dias. Na ocasião, o pai biológico tomou conhecimento que um colega de trabalho queria ter filhos, mas que a esposa dele tinha problemas de fertilidade. Então, ofereceu-lhe o menino. A criança de pele e olhos claros então foi entregue aos conhecidos. “O rapaz ficou assustado com a situação e simulou ter encontrado o bebê entre sacos de lixo em frente à casa dele para conseguir a guarda por meios judiciais”, declara a delegada da Delegacia de Defesa da Mulher, Criança e Idoso de Várzea Grande, Juliana Palhares.
A ‘simulação’ aconteceu por volta das 23h de terça-feira. Os fatos foram registrados em inquérito policial. Diante da repercussão do caso na mídia, a mãe teria decidido procurar a polícia e contar a verdade sobre o bebê. O homem que simulou o abandono da criança não será indiciado, já que não colocou a vida da criança em risco e a recebeu diretamente dos pais biológicos. Além disso, não chegou a registrar o bebê em seu nome e da esposa, o que configuraria crime.
Após a denúncia de que a criança teria sido encontrada, o menino foi levado por policiais militares para o Pronto-socorro Municipal de Várzea Grande (PSMVG). “Ele apresenta boa saúde, não tem hematomas e aparentemente era bem cuidado. Inclusive, está com o umbigo curado”, informou durante a manhã a delegada Daniela Silveira Maribel, quando a origem do bebê ainda era um mistério.
O menino vestia um “pagãozinho” branco com detalhes na cor verde quando foi supostamente encontrado. Ele estava embrulhado em um lençol, tipo manta. Na simulação de abandono, junto com o bebê havia uma sacola com frauda descartável e meias deixadas pelo casal.
De acordo com o diretor administrativo e financeiro do PSMVG, João Santana Botelho, o recém-nascido deu entrada na unidade às 23h40 de anteontem. “Ele estava alimentado, calmo e com roupas limpas”, conta. Internado no box infantil, o bebê comoveu os funcionários e chegou a ser carinhosamente “batizado” pela equipe com o nome de João Gabriel.
No PSMVG, a criança passou por exames e não foi constatado nenhum problema de saúde. Apesar disso, ele deve permanecer no Pronto-socorro por mais 72 horas. Enfermeiras observavam durante a manhã de ontem que o menino possivelmente era amamentado no seio, uma vez que ele demorou a aceitar a mamadeira usada para alimentá-lo.
Selzy Quinta
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