domingo, 21 de junho de 2009

Combater a corrupção no Brasil ainda é desafio

Por Lorena Castro

Impunidade e falta de transparência foram as causas mais apontadas por especialistas para justificar a corrupção brasileira durante debate acadêmico realizado na sexta-feira, 19, na Universidade de Brasília. Alunos, professores e representantes da Controladoria Geral da União (CGU) discutiram, em mais uma edição do projeto Debates Acadêmicos, quais são os desafios para combater a corrupção no Brasil.
Os convidados ressaltaram que a propina e o nepotismo são males que fazem parte da "cultura política" do país. Por isso, admitem que é difícil acabar com a corrupção. O cientista político da Universidade Federal de Minas Gerais Fernando Filgueira defende a educação cívica para combater a corrupção. Ele acredita que a sociedade deve compreender as definições de direitos, liberdades e obrigações inerentes a todos os cidadãos de um estado democrático.
Para a Controladoria-Geral da União, os brasileiros precisam ter mais acesso a informações mais claras sobre o que acontece no país, como os gastos do governo e a trajetória dos políticos. Isso ajudaria os cidadãos a eleger servidores públicos e contribuir para o futuro do país. Alguns orgãos públicos já divulgam planilhas sobre gastos.
Ricardo Caldas, professor do Instituto de Ciência Política da UnB, ressalta que parte dos brasileiros desconhecem sobre a definição de ética, confundem os conceitos de público e privado e praticam atos ilícitos frequentemente. Pesquisa realizada por ele mostra que 10% dos entrevistados não entendem o que significa ética e 40% não se importam com o descumprimento da lei. O trânsito é o local onde os cidadãos mais comentem infrações.
Ainda segundo a pesquisa de Caldas, os brasileiros não negam ser corruptos. Ao contrário, entram em processos de corrupção facilmente. O professor da Universidade Católica de Brasília Antenor Madruga vai além: para ele, a corrupção é contagiosa.
CONTROLE SOCIAL
David Fleischer, professor de Ciência Política da UnB, destacou a importância do monitoramento e da investigação para combater a corrupção. Três tipos de controle, segundo ele, devem ser feitos. “O primeiro é o realizado pela mídia brasileira, que já considero rápido e eficiente. O outro, por órgãos do Estado como Polícia Federal e Ministério Público, que deve ser fortalecido. Por fim, as ONGs, mesmo questionadas atualmente, são importantes para o monitoramento”, afirma.
De acordo com o Secretário de Prevenção da Corrupção e Informações Estratégicas da CGU, Ricardo Ribeiro, o debate acadêmico pode ser considerado uma iniciativa de combate a corrupção. "Atos corruptos só ocorrem caso a pessoa encontre um ambiente propício e tenha oportunidade para agir. Com discussões como essa, deixamos menos espaços para isso", afirma. Ricardo questionou a falta de transparência no Senado, que virou pauta por causa dos atos secretos da Casa na última semana.
Filgueiras, que é doutor em Ciência Política pela UFMG, acredita que é tempo de refletir e resgatar a legitimidade da política. “Vamos recuperar a noção de interesse público, abordar o tema de corrupção e nos perguntar a todo o momento que tipo de governo nós queremos”, conclui.

Jornal da Imprensa-Goiânia GO

Selzy Quinta Marcas:

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