Fernando Ordakowski
Humberto Bosaipo "convenceu" o Pleno do TCE a aprovar contas de Lutero de 2007 e agora, com resultado da auditoria apontando rombo na Câmara de R$ 3 milhões, se vê também numa saia-justa
O resultado da auditoria sobre as finanças da Câmara Municipal de Cuiabá do exercício de 2007 não só deixa numa situação jurídica e política insustentável o ex-presidente Lutero Ponce (PMDB), como expõe o conselheiro Humberto Bosaipo, que fez um esforço tremendo para conseguir aprovação do balancete do peemedebista no Tribunal de Contas do Estado. A auditagem feita sob encomenda do sucessor de Lutero, vereador Deucimar Silva (PP), aponta um rombo superior a R$ 3 milhões. O escândalo foi destaque no Jornal Nacional desta sexta.
A maioria dos 19 vereadores já se posiciona favorável ao afastamento de Lutero. As articulações nesse sentido são lideradas pela bancada do PP, principalmente por Deucimar e Éverton Pop e incentivado pelo pedetista Toninho de Souza e pelo peemedebista Domingos Sávio. O cerco se fecha de tal modo que até a próxima quinta a Câmara já deve ter aprovado a saída temporária de Lutero do cargo de vereador. Enquanto isso, a Delegacia Fazendária abriu uma nova frente de investigação para investigar o ex-presidente do legislativo cuiabano por causa de irregularidades levantadas pela auditoria, entre elas de superfaturamento, de pagamentos indevidos, inclusive a empresas fantasmas, e de aquisição de produtos que não geram necessidade da Câmara.
Lutero acreditava que o fato do TCE ter aprovado suas contas referentes ao primeiro ano como presidente fosse livrá-lo de complicações. Agora se vê acuado com o resultado da auditoria que destoa completamente daquilo que apresentou, em sessão no Pleno, o ex-deputado por cinco mandatos Humberto Bosaipo, que atuou como espécie de advogado de Lutero. Chegou a dizer que o tempo de mais de duas horas seria "pouco para recuperar a dignidade de uma pessoa (Lutero Ponce)", numa alusão ao fato do ex-presidente da Câmara estar sendo acusado de cometer atos de improbidade administrativa.
Diferente de Bosaipo, que enfrenta um "caminhão" de processos de quando era presidente e/ou primeiro-secretário da Assembleia, o conselheiro Valter Albano, relator das contas de Lutero de 2007, levantou 20 irregularidades classificadas como graves, como contratação de empresas fantasmas pela Câmara. Em mais de duas horas de oratória, Bosaipo "desmontou" todas as denúncias, fez teatro e, no final, conseguiu com que o balancete fosse aprovado por 5 a 1.
RD News
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