quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Gastar ou guardar?

TV Globo

Dhomini prefere o sucesso à fama

Quantos brasileiros não sonham em entrar pela porta da casa do Big Brother Brasil e sair de lá milionários? Uma chance para poucos. Até agora, apenas oito conseguiram. Eles passaram três meses sendo observados 24 horas por dia. Abriram mão da intimidade e da privacidade. Tiveram que expor a vida para todo o país. Mas e depois de deixar a casa e as câmeras, o que será que aconteceu com esses campeões? Será que eles conseguiram realizar sonhos, dar uma virada, mudar o próprio futuro?

Em um bairro de classe média de Goiânia vive o vencedor da terceira edição do Big Brother Brasil, Dhomini André Fontes. "De vez em quando eu sinto saudade das câmeras, mas não muita. Na hora de trocar de roupa, por exemplo, eu não sinto saudade", conta.

Dhomini apresenta a família: "Pedro, de 5 anos; Ana Clara, de 12; e minha esposa, Adriana". A casa onde moram não tem sofisticação, mas foi construída do jeitinho que Dhomini queria, com parte do dinheiro que ganhou no programa, em 2003. "Eu não vislumbrava ganhar R$ 500 mil trabalhando honestamente. Eu tinha um salário de R$ 700 por mês. Quando daria conta de juntar R$ 500 mil? Foi uma oportunidade única, que eu agarrei com unhas e dentes. Usei todo o dinheiro. Gastei tudo. E já faz tempo. Hoje, minha mulher trabalha e eu estou cantando", diz.

Graças ao prêmio, Dhomini hoje consegue viver só como músico, cantando em bares. Depois de experimentar a fama de ser um BBB, agora ele quer mais do que isso. "Hoje eu canto. Fazer sucesso é bem diferente de ficar famoso. Ficar famoso é uma coisa bem fútil, bem volátil, um palito de fósforo riscado que se apaga. E o sucesso é uma coisa de reconhecimento", compara.

Mara é a campeã da pechincha

Ser famoso, nem que seja apenas por alguns momentos, é o que muitos participantes do BBB desejam. Mas depois de sentir o gosto de ser celebridade, alguns preferem mudar de rumo. Jean Wyllys, o professor universitário que venceu a quinta edição, não quis dar entrevista. Agora quer se dedicar só à vida acadêmica. E Cida, a babá vencedora da quarta edição, também não quis falar mais sobre o que fez com o prêmio. Por telefone, disse só que o dinheiro voa.

Não nas mãos da baiana Maria dos Santos, a Mara! O destino dela começou a mudar quando ela foi sorteada para entrar na casa em 2006. O que aconteceu com a vida da auxiliar de enfermagem de Porto Seguro, sul da Bahia? Três anos depois de ganhar R$ 1 milhão, Mara ficou bem mais conhecida na cidade, mas a fama dela é outra.

"Ela já pechinchava antes e continua pechinchando. Sempre compra e, no final da nota, temos que dar um brinde. E ela que escolhe o brinde. Sempre sai desconto, senão ela não compra", conta o comerciante Marcelo Peruzzo.

A rotina dessa baiana é como a de qualquer dona de casa brasileira. Mesmo depois de ganhar R$ 1 milhão, para Mara, dinheiro não é para sair por aí gastando à toa. Ela passou por muitas dificuldades na vida, sabe como é difícil ganhar e agora não quer perder um centavo do conquistou. E é no dia-a-dia, como no supermercado, por exemplo, que Mara faz o dinheiro render. "Eu corro atrás do que está mais em conta. Não é porque eu ganhei R$ 1 milhão que eu vou comprar caro. Compro o produto mais em conta mesmo", afirma.

Pão-dura? Ela diz que não. É só cuidado para o dinheiro durar a vida toda. É por isso que Mara dispensa qualquer mordomia. Em casa, pega no pesado: limpa, lava, arruma, toma conta da filha, Aracy, que tem dificuldade de andar por causa de uma lesão cerebral, e vigia de perto todos os investimentos. Alguém duvida do poder dessa baiana?

Dhomini também leva uma vida simples. Nem o prêmio nem a aparição na TV mudaram o jeito tranquilo desse mineiro que ainda criança se mudou para Goiânia. "Trabalhei como manobrista e caminhoneiro. Meu irmão é caminhoneiro até hoje. Fui açougueiro e vendedor de consórcio, até conseguir um emprego em Brasília, quando eu entrei para o Big Brother Brasil. As lembranças da infância não são muito boas, mas eu estou esquecendo. Aprendi que perdoar não é ir lá e falar para a pessoa: 'Eu te perdoei'. Perdoar é esquecer, deixar o mundo correr e levar a vida normalmente. Era muito ruim. Hoje é melhor", diz, emocionado.

Na casa da infância, as lembranças daquela época logo voltam. "Era complicado. Graças a Deus, nunca faltou comida. Tenho calos nas mãos que são resquícios do trabalho na chácara. Mas tenho muito orgulho, porque somos a sínteses das nossas experiências na vida. Acho que tudo isso, inclusive a forma rude como eu fui criado, ajudou para que eu ganhasse o Big Brother Brasil e achasse aquilo um paraíso. Me lembrei do chicote de papai. Ele não batia com chinelo; batia com chicote de cavalo", recorda Dhomini.

A casa, em uma chácara, continua como era. Os pais ainda moram no local. A vida é quase a mesma de antes. "Eu vivia pagando prestação de carro e hoje não pago mais, porque ele me deu um carro", conta dona Maria das Dores Fontes, mãe de Dhomini.

"Eu não investi bem o prêmio, perdi um terço do dinheiro por falta de experiência. Aluguei um posto de gasolina e não era do ramo. Perdi um bom dinheiro lá, mas em tempo de salvar o restante e continuar a vida. Às vezes, ouço alguém dizer que eu dei azar porque na minha época eram R$ 500 e agora o prêmio é de R$ 1 milhão. Meu pai calçou o primeiro sapato dele aos 17 anos de idade. Até lá ele andou descalço. Que azar? Com relação a que? Ao que eu tinha? Eu não tinha nada. Eu tinha uma motinho pequenininha para andar, que comprei com meu trabalho. Foi bom demais. Não dei azar. Dei muita sorte!", comemora Dhomini.

Antes mesmo de ser milionária, Mara – que ganhava um salário mínimo e meio – conseguiu juntar dinheiro e construir uma pequena escola no bairro onde morava. Ela queria dar uma educação de qualidade para a filha.

"Quando ela fez a escola, não pensou só na filha dela. Ela pensou no filho de todo mundo. Abraçou não só a causa dela com a das demais mães", diz a costureira Sandra Almeida Adorno.

Com o prêmio, Mara ampliou a escola. Hoje o prédio está alugado, assim como a pousada que comprou e reformou e os outros imóveis – e são vários! É a maneira que ela encontrou de fazer o R$ 1 milhão durar mais. "Hoje a minha renda vem dos meus alugueis. É disso que eu vivo. Eu investi em imóveis para alugar. Hoje vivo tranquilamente. E ainda tenho um dinheirinho aplicado", explica.

Dhomini não se arrepende de ter usado todo o dinheiro que ganhou e acredita que o futuro não depende apenas de sorte ou determinação.

"Eu continuo místico. Tudo que é misterioso me atrai demais. As pessoas falam em esoterismo, misticismo. Mas tudo do que eu gosto em relação à religião é isso", cota Dhomine. Ele explica que números pintados na parede são "cosmorítmos". "O cosmorítmo da prosperidade é 55.218. Na casa inteira tem cosmorítmos. Na hora de meditar é simples: eu sento e fecho os olhos. Você tem que estar em uma posição confortável para o corpo não incomodar. Tem que se desligar".

Dhomini leva a crença a sério, a ponto de mudar o próprio nome só por uma questão de vibração. Foi assim que o André virou Dhomini. "Minha vida melhorou muito depois que eu mudei de nome. Tudo fluiu mais naturalmente, até coisas como ganhar o Big Brother Brasil", diz.

Para Dhomini, a energia dos números fez dele um vencedor. Mara, ao contrário, sempre teve os pés bem presos ao chão e conseguiu o que queria: dar um novo rumo à vida da família.

"A sabedoria para gastar esse dinheiro veio da minha história de vida, da minha experiência. Sempre tive que economizar cada centavo que ganhei. Eu mesma tive que me virar. Não achei mãe nem pai para me dar tudo. Minha mãe teve muitos filhos, então, tivemos que nos virar cedo e isso foi o que me ensinou a viver no mundo", diz Mara.

E quem disse que ela já se deu por satisfeita? Agora que o dinheiro está bem aplicado e a vida tranquila, a baiana está prestes a dar um passo ainda maior. Mara passou no vestibular para pedagogia. Chegou a hora de investir nela mesma.

"O dinheiro já veio. Agora está faltando conhecimento. Quando eu tiver esse diploma na mão, vou me sentir completa e muito feliz", finaliza Mara

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