quinta-feira, 31 de outubro de 2013

“População quer mudanças”

O deputado estadual e presidente do PTN goiano, Francisco Gedda, 58 anos, diz que as eleições do ano que vem vai começar a banir os políticos “atrasados” e que não assimilam os recados advindo das manifestações das ruas. “A população, nos protestos de rua, deixa claro que quer administrações honestas, competentes e com visão moderna da gestão pública”, ressalta.

Agropecuarista, com produção de gado em Jataí, Araguapaz e São Félix do Araguaia (MT), Francisco Gedda vem de uma tradicional família política goiana. Natural de Jataí. Seu pai, Antônio Soares Gedda, falecido há cinco anos, foi prefeito e vereador, por quase 50 anos. Os ex-deputados Serafim de Carvalho e Luziano de Carvalho, além dos ex-governadores José Feliciano e Maguito Vilela, também seus parentes, deixaram para Francisco Gedda o legado “do exercício do poder em prol de quem mais precisa”, sem assaltar aos cofres públicos.

Francisco Gedda já tem posição definida em relação à disputa pelo governo estadual em 2014 – o PTN tem compromisso com a pré-candidatura do empresário José Batista Júnior, o Júnior Friboi. Se o PMDB lançar outro nome, o PTN de Gedda zera a discussão sobre a sucessão estadual. “Júnior Friboi é um empresário de sucesso e, eleito governador, poderá trazer para a administração pública a experiência da iniciativa privada.” Sobre as críticas de que Friboi utiliza-se do “poder econômico” para se impor como candidato a governador, no PMDB, o dirigente do PTN rebate: “Esses ataques partem de adversários internos e externos do PMDB. Vêm de gente invejosa, que não aceitam as pessoas bem sucedidas na vida. Ele acha que Iris Rezende contribuiria mais com Goiás candidatando-se ao Senado Federal.

Veja os principais trechos da entrevista

Qual o tamanho do PTN em Goiás?

Francisco Gedda – Quando assumi a presidência do PTN, em 2010, tínhamos 27 partidos em Goiás, e o partido era o 25º em importância no Estado. Hoje, estamos no comando do partido, com duas eleições, estamos entre os dez maiores partidos do Estado. Quando assumi, o PTN estava presente em 32 municípios e tinha 12 vereadores. Hoje, estamos em 199 municípios, temos 56 vereadores, cinco vice-prefeitos, um prefeito e dois deputados estaduais. É um partido que cresceu em Goiás com musculatura, com credibilidade. É um partido que não fala em intervenção, em comissão nos municípios. Onde criamos a direção, permanece a direção, não há intervenção, não há interferência ou afastamento de quem quer que seja. Demos autonomia ao partido nos municípios para a escolha de candidatos e para a realização das campanhas.

Para onde vai o PTN nas eleições de 2014?

– Eu sempre fui claro em minhas posições, sempre tomadas em sintonia com os companheiros do PTN. Um ano antes das eleições de 2014, eu antecipei que o compromisso do PTN em relação à sucessão estadual é com o empresário José Batista Júnior, o Júnior Friboi. Agora, caso o PMDB decida pelo não lançamento de Friboi como candidato a governador, o PTN está zerado, ou seja, vai recomeçar o debate sobre o apoio para as eleições do ano que vem.

Por que Júnior Friboi?

– Eu vejo o empresário Júnior Friboi como ótima opção para o governo do Estado. É um goiano e devemos ter orgulho do seu trabalho como empreendedor, da projeção que ele deu ao Estado de Goiás, através da expansão nacional e internacional de sua empresa. Nós, goianos, portanto, devemos ter orgulho de termos uma empresa da terra e que está presente em cinco continentes. Entendo que, pela sua experiência empresarial, Júnior Friboi seria um governador de qualidade, um gestor de visão, competente, moderno e realizador. Bem sucedido na iniciativa privada, entendo que, como governador, Júnior Friboi abriria as portas do mundo para Goiás, pois temos muito a exportar e a aumentar as nossas divisas.

Como o senhor vê o confronto eleitoral para a sucessão estadual entre o governador Marconi Perillo (PSDB) e o ex-governador Iris Rezende (PMDB), já que estão tecnicamente empatados, de acordo com a pesquisa Serpes/O Popular?

– Entendo que tanto Marconi quanto Iris já contribuíram muito para Goiás e deveriam dar oportunidade a outros e permitir o surgimento de outras lideranças, de outras candidaturas. Defendo a alternância de poder, ela é salutar, reoxigena o Estado. Na minha opinião, Iris Rezende poderia contribuir mais com Goiás sendo candidato ao Senado. Entendo também que Marconi Perillo poderia disputar uma vaga ao Senado. A população goiana quer hoje a renovação, quer a mudança. E acho que essa mudança é saudável. Esse confronto Marconi/Iris não interessa mais aos goianos.

A pergunta é: quem derrota quem? Se Marconi derrota Iris ou se Iris derrota Marconi?

– Eu acho que o ex-governador Iris Rezende vai derrotar o governador com sabedoria, ou seja, escolhendo outro candidato do PMDB, acolhendo esse candidato e ajudando a coordenar a campanha desse outro candidato, que, na minha opinião, deve ser Júnior Friboi. Eu vejo dificuldades para Iris Rezende sair candidato e disputar as eleições para governador. Esta minha opinião é como presidente do PTN e não como membro do PMDB, que não sou. Caberá ao PMDB definir essa escolha. Como presidente do PTN, entendo que o PMDB deveria ter outra escolha na definição do candidato a governador.

O senhor fugiu da pergunta: se houver a disputa entre Marconi Perillo e Iris Rezende, na sua opinião, quem vencerá?

– Entendi perfeitamente a pergunta. Eu não tenho bola de cristal para adivinhar. Eu não vejo hoje a possibilidade de Iris competir com Marconi em 2014, por entender que a oposição precisa renovar. Não posso dizer quem derrota quem quando estamos a oito meses das eleições do ano que vem. Vai depender de quem trabalhar melhor. O vitorioso será aquele que aglutina as maiores lideranças em sua volta, a opinião das pessoas, aquele que consegue transmitir segurança à população. Sinceramente, não gostaria de ver essa disputa. Nós já vimos esse confronto Marconi/Iris, ele já aconteceu duas vezes no passado. Eu gostaria que a oposição apresentasse, em 2014 uma novidade para a apreciação da população goiana.

O candidato da preferência do senhor, Júnior Friboi, aparece na pesquisa Serpes com apenas 2,1% de intenções de voto, na estimulada. Como o empresário vai se viabilizar dentro do PMDB com baixa popularidade?

– Eu poderia citar exemplos e mais exemplos de pessoas que começaram as pré-campanhas e as próprias campanhas com reduzidos índices de aprovação popular. É até normal quando a pessoa, que não milita e quer entrar na política, começar a campanha com índice baixo de aprovação popular. Até políticos conhecidos começaram campanhas com índices baixos e ganharam as eleições. Posso citar o exemplo de Marconi Perillo com Iris Rezende, em 1998, quando o peemedebista tinha 76% de intenções de voto e o vencedor foi o tucano, que começou com 2%. Me lembro quando Marconi, em visita a Jataí, naquele ano, comemorou muito quando alcançou os 10% de aprovação popular no meio da campanha e acabou se elegendo. Maguito Vilela, em 1994, quando disputou com Ronaldo Caiado e Lúcia Vânia, era o terceiro colocado, com 5% e venceu as eleições. Alcides Rodrigues, em 2006, quase ganhou as eleições de Maguito Vilela no primeiro turno, pois faltou menos de meio por cento, depois de ter começado com 5%. Para se reverter uma situação e crescer nas pesquisas é preciso que o candidato trate de temas que interessam à população, seja compreendido, defenda o novo, o moderno, a mudança, um projeto de gestão de qualidade, eficiente. A população vai eleger, em 2014, um político sério, honesto, competente, moderno. Já passou a onda de milagreiro, de demagogo, populista. O eleitor quer um candidato de ação, que realmente faz o que prega, baseado em seu passado. Posso citar um exemplo de um administrador que tem respaldo popular, Antônio Gomide, que venceu as eleições em Anápolis, em 2012, com quase 90% dos votos válidos. Por que Gomide tem esse apoio popular: porque, em quatro anos, trabalhou muito, fez muitas obras, cuidou bem do dinheiro público.

Os adversários de Júnior Friboi, dentro do próprio PMDB, o acusam de utilizar-se do poder econômico, já que é um grande empresário, na tentativa de viabilizar sua candidatura a governador. O que o senhor acha disso?

– A base governista e alguns adversários internos de Júnior Friboi no PMDB tentam desqualificá-lo, tentam denegrir a sua imagem, dizendo que ele se utiliza do poder econômico para fazer política. Mas a população não acompanha essa onda, não assimila esses ataques. Júnior Friboi conseguiu galgar degraus importantes na sua vida empresarial com muito trabalho. A verdade é que as pessoas têm inveja de quem é bem sucedido. Não vejo as pessoas se preocuparem com quem está lá embaixo. Se ele conseguiu sucesso na vida privada, com certeza vai obter também sucesso na atividade político-partidária. Friboi realiza o seu trabalho, dentro do PMDB, com muita seriedade e é respeitado por isso pelas pessoas de bem do PMDB e da sociedade goiana.

Como o senhor vê a aliança entre o governador Eduardo Campos e a ex-senadora Marina Silva para a sucessão presidencial?

– Essa aliança somou um pouco para o presidenciável Eduardo Campos, mas é preciso reconhecer que, ao mesmo tempo, Marina Silva foi muito precipitada ao fazer aquele veto à participação do deputado Ronaldo Caiado à campanha do PSB. Ela fez uma declaração infeliz, imatura, provinciana. Marina, como optar por um partido novo, como foi, no caso ao PSB, poderia dar uma resposta, se não fosse uma política radical, que estaria chegando a uma nova legenda, que tinha diferenças com Caiado e que antes gostaria de ouvir a posição do partido, para, então, se posicionar. E não sair dando tiros a torto e a direito. Ronaldo Caiado é um deputado respeitado. Estamos passando por um momento de descrédito dos políticos e Ronaldo Caiado é uma pessoa que conta com o respeito e a confiança da população, não só de Goiás, como de todo o País. Caiado defende, com firmeza, suas posições políticas, mas nunca ouvimos dizer de seu envolvimento com qualquer ato que não seja correto.

O senhor não acha que o País vive um momento de denuncismo, de baderna total, de descrédito da população com os governantes, políticos e partidos?

– Nestes últimos quarenta anos, eu vi sempre movimentos populares defendendo o direito à liberdade, o direito de expressão. Esse direito de liberdade e de expressão já conquistamos. Quem imaginaria que um dia um presidente da República, um senador, um deputado federal fosse cassado? Não estamos vendo agora prefeito sendo preso? O movimento social hoje mudou. 

O que os movimentos sociais querem hoje? O que eles reivindicam?

As ruas pedem maior cuidado do administrador com o dinheiro público. Saber aplicar bem o dinheiro público é uma exigência que se vê em todos os movimentos, o direito à segurança. Hoje, vivemos uma situação dramática, pois quando os nossos filhos saem às ruas, à noite, ficamos sem dormir, preocupados se eles vão voltar ou não para casa. Goiás foi o Estado que, proporcionalmente, teve maior aumento da criminalidade e a marginalidade. Tem nos assustados, portanto, a disseminação da droga e a falta de segurança. À única coisa que o bandido tem certeza, hoje, em Goiás, é a da impunidade. Em 1987, tínhamos, em Goiás, um efetivo militar de 12 mil policiais. Hoje, trinta anos depois, com a população em dobro, o efetivo é de 11 mil policiais. Existem cidades goianas sem policiais, sem delegados, sem agentes de polícias, juiz respondendo por cinco ou seis comarcas. Esse governo, portanto, é o maior vendedor de ilusão que eu já conheci, maior vendedor de mídia. Quem vê a propaganda desse governo, nas emissoras de rádio e televisão, pensa que está morando em outro Estado. Há, também, reivindicações de melhores serviços de saúde, educação.

O que o senhor gostaria de dizer, ao final desta entrevista...

– Eu venho de uma família tradicional de políticos, principalmente de Jataí. Meu pai, Antônio Soares Gedda teve quase cinquenta anos de mandatos como prefeito e vereador, Serafim de Carvalho como deputado, Luziano de Carvalho como deputado, José Feliciano e Maguito Vilela, que foram governadores. Veio de uma família que cultivou uma boa política, a política de fazer o bem, de construir, de zelar do dinheiro público, de trabalho com honradez. E vejo hoje a política e os políticos desacreditados. É preciso que a população saiba escolher os seus representantes políticos, separar o joio do trigo, votar e escolher pessoas sérias. Me lembro do respeito que a população tinha com o presidente Juscelino Kubitschek. Aproximando-se de sua popularidade, temos hoje o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em Goiás, há uma falta de liderança política, principalmente de novas lideranças. Vejo hoje cidades importantes como Goiânia, Aparecida de Goiânia, Anápolis, Jataí, Rio Verde e Itumbiara com poucas expressões políticas. É preciso que haja maior renovação na política do Estado, que os jovens participem mais, que as mulheres atuem mais. Essa é a reflexão que gostaria de fazer. Em 2014, a população precisa estar atenta, analisar os candidatos, as propostas dos candidatos, participem e acompanhem os programas da propaganda política no rádio e na televisão e escolha os melhores, os que têm programas e propostas mais exequíveis.

Qual o recado que o senhor dá aos políticos que vão buscar o voto do eleitor em 2014?

– Eu acho que haverá surpresas nas eleições do ano que vem e que a população vai reagir e aprovar os projetos que realmente representem mudanças. Haverá reação contra os projetos retrógados, obsoletos, atrasados. Quem não mostrou competência e seriedade na vida pública vai ser banido pela população. 2014 será uma eleição diferente, inédita e surpreendente. Que os políticos tradicionais fiquem alertas porque serão surpreendidos.

Fonte: Diário da Manhã/Helton Lenine

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