quarta-feira, 2 de outubro de 2013

ABADIA DE GOIÁS: PF apreende documentos em duas empresas ligadas à Delta em Goiás

Operação Saqueador investiga desvio de até R$ 300 milhões em 3 estados.
Companhias goianas faziam lavagem de dinheiro para a construtora, diz PF.

Delegado Umberto Ramos Rodrigues coordenou operação da PF em Goiás (Foto: Fernanda Borges/G1)Delegado Umberto Ramos Rodrigues coordenou
ação da PF em Goiás (Foto: Fernanda Borges/G1)

Quatro mandados de busca e apreensão foram cumpridos por agentes da Polícia Federal (PF) nesta terça-feira (1º), em Goiás, durante a Operação Saqueador, deflagrada também nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. De acordo com o delegado Umberto Ramos Rodrigues, foram recolhidos documentos e computadores em duas empresas, cujos nomes não foram revelados, suspeitas de lavar de dinheiro para a construtora Delta, investigada na Operação Monte Carlo.

“Essas companhias apresentavam capital amplo, mas são inexpressivas no mercado. Sendo assim, as averiguações apontam que elas foram criadas exclusivamente para lavar o dinheiro proveniente da construtora, que depois recebia os valores de volta já limpos e sem rastros”, explicou o delegado.

A Delta é investigada por um esquema de exploração de jogos ilegais e corrupção, comandado pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. “O dinheiro lavado nas empresas de fachada eram usados para financiar campanhas, fomento de caixa dois e corrupção de funcionários públicos”, explicou o delegado.

Ainda segundo Rodrigues, as duas empresas alvo da operação no estado atuariam nos ramos de ferragens e consultoria contábil. “Uma dessas companhias ficava em Goiânia e a outra em Abadia de Goiás. Em ambos os locais apontados como sedes os agentes encontraram apenas pequenas salas, sem qualquer indício de operação legal”, destacou.

Os outros dois mandados foram cumpridos em residências situadas na capital, onde moravam supostos empresários ligados às companhias. “Ainda não foram expedidos mandados de prisão, pois a PF entende que primeiro é preciso fortalecer os probatórios para que os envolvidos fiquem de fato presos. Não adianta prender hoje para soltar daqui a cinco dias”, ressaltou.
Os materiais apreendidos em Goiás serão periciados e depois enviados para a PF do Rio de Janeiro, que coordena a Operação Saqueador. O objetivo da ação é aprofundar as investigações da Operação Monte Carlo e o desvio de quase R$ 300 milhões feito pela Delta para outras 19 empresas de fachada.

Entenda a Operação Monte Carlo
Carlos Cachoeira é acusado de chefiar um esquema de exploração de jogos ilegais e corrupção em Goiás e no Distrito Federal. Ele foi preso em 29 de fevereiro de 2012, quando a Operação Monte Carlo foi deflagrada pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF). Todos os envolvidos na organização recorreram da sentença e aguardam em liberdade.
Cachoeira foi condenado a 39 anos e 8 meses de prisão pelo juiz federal no processo oriundo da Operação Monte Carlo, pelos crimes de peculato, corrupção, violação de sigilo e formação de quadrilha.
O nome de Cachoeira aparece envolvido em duas operações da Polícia Federal: a Monte Carlo e a Saint Michel. A Saint Michel é um desdobramento da Operação Monte Carlo, que apurou o envolvimento de agentes públicos e empresários em uma quadrilha que explorava o jogo ilegal e tráfico de influência em Goiás.
O bicheiro obteve liberdade em 11 de dezembro do ano passado, dias depois de ser preso em razão de sua condenação. Antes, ele havia ficado preso no presídio da Papuda, em Brasília, por nove meses. No dia 28 do mesmo mês, ele se casou com Andressa Mendonça.

Por Fernanda Borges Do G1 GO

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