terça-feira, 2 de julho de 2013

Abadia de Goiás: Um socorro para pescadores

 

Governador de Rondônia, goiano por naturalidade, veio a Goiás para orientar produtores sobre a aquicultura

O Fórum de Desenvolvimento Integrado dos Polos Vocacionais de Competitividade da Cadeia Produtiva da Piscicultura Goiana transcorreu, ontem, na Fazenda Mirim, no município de Nerópolis, região do Entorno de Goiânia. O evento contou com a presença do governador de Rondônia, Confúcio Aires Moura, natural de Dianópolis (TO) e que se formou em Medicina pela Universidade Federal de Goiás. A promoção do evento coube à Secretaria de Estado de Indústria e Comércio, através da Coordenação de Atração, Investimentos e Novos Negócios.

A Fazenda Mirim – Rodovia GO 080 km 25 – é de propriedade de Afrânio Roberto de Sousa e detém uma experiência com criação de peixes que desperta os criadores goianos. O público estimado foi de 150 pessoas no evento que ocorreu durante todo o dia. Na programação, workshops com palestras. O objetivo foi orientar as lideranças de 20 municípios (Nerópolis, Palmeiras de Goiás, Mara Rosa, Minaçu, Três Ranchos, Iporá, Anhanguera, São Simão, Goianira, Santo Antônio do Descoberto, São Francisco de Goiás, Nova Veneza, Inhumas, Araçu, Teresópolis, Bonfinópolis, Aragoiânia, Aragarças, Diorama e Abadia de Goiás) onde estão implantados os Polos Vocacionais de Competitividade ou os que têm potencial para tê-los.

O evento surgiu em consequência das ações de interiorização do desenvolvimento da Secretaria da Indústria e Comércio junto ao Oeste do Paraná. Foram debatidos temas como: Desafios na organização dos produtores e do mercado nos moldes do Projeto da Associação Toledana de Aquicultura; A importância da agroindústria na cadeia produtiva; Experiência na piscicultura enquanto empresário do segmento; A importância do cooperativismo na piscicultura, entre outros. Atuaram como parceiros do evento a Associação Goiana de Piscicultores, Cooperativa de Piscicultura Pisces, Faeg, SGPA, OCB, Sescoop, Emater, Agrodefesa, Seagro, FCO, BNDES, Credi Aquicultura, Sebrae, Semarh, Goiás Fomento, AJE-GO.

Experiência

de Rondônia

O governador Confúcio Aires Moura discorreu sobre a experiência pesqueira de Rondônia. Segundo ele o Estado avançou na certificação do pirarucu, onde as matrizes são certificadas com chips. O tambaqui é o peixe que mais sobressai no processo de comercialização. Manaus, capital do Amazonas, é o principal mercado. Os peixes se deslocam em embarcações que traspõem os rios Madeira e Amazonas, uma distância de 1.300 quilômetros, a partir de Porto Velho.

A pesca é desenvolvida no seu Estado pela agricultura familiar, que conta com apoio governamental para a construção de tanques, organização dos produtores e busca de mercado. A atividade é posta em prática através de lagos formados pelas barragens das hidrelétricas e pelos lagos naturais. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) contribui para fomentar a piscicultura regional. Na opinião do governador Confúcio Moura “o mundo necessita de comida e o peixe é rico em proteína”.

A redução de custos operacionais é continuamente buscada pelos piscicultores, através de orientação do governo. A Emater de Goiás deu forte contribuição tecnológica à iniciativa pesqueira em seu Estado, conforme confessou, ontem, em Nerópolis. Moura revelou que agora toma iniciativas visando a conquista de mercados asiáticos para o tambaqui e outros peixes exóticos da Amazônia.

Em sua palestra, Artur Toledo, da Faeg/Senar, discorreu sobre a importância da produção na perspectiva dos produtores rurais em arranjos produtivos. A organização é considerada vital por ele, com o projeto voltado para a criação de peixes. O mercado é que regula a comercialização, para tanto não adianta o produtor fugir dessa situação. Ele concorda literalmente com o governador de Rondônia com relação à crescente demanda mundial de alimentos, onde se insere o peixe por seu valor proteico e outros. Com o crescimento populacional e da renda, o consumo tende a aumentar.

Artur Toledo bate na tecla, todavia, da necessidade do planejamento, da eficiência tecnológico, da organização, do respeito ambiental, da agregação de valor, do marketing, da sanidade. A assistência técnica e extensão rural são necessárias. Sua conclusão foi com uma frase de efeito: “Fazer bem feito o que precisa ser feito”.

*Criador enfrenta problemas de comercialização de pescados em Goiás *

O cenário atual da comercialização de pescado cultivado em Goiás e no Brasil é considerado difícil pelos piscicultores que se reuniram, na última segunda-feira (24), na sede da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura para discutirem o assunto. “As discussões revelaram que em todas as regiões do Estado os produtores estão tendo dificuldades em escoar as suas produções, principalmente de tilápia, pois os peixes redondos estão atendendo às demandas locais”, disse o presidente da Associação Goiana de Piscicultura (AGP), Daniel Franco A. Farah.

Segundo Daniel Farah, “não conseguimos identificar um possível comprador no curto prazo, restando apenas o aconselhamento aos produtores de procurarem meios de levarem as suas produções diretamente aos mercados consumidores”. Na opinião dos participantes da reunião não há em atividade uma unidade de processamento capaz de absorver a produção atual do Estado.

As seguintes ações foram definidas pelos participantes: verificar se a instalação de um entreposto de pescados no Ceasa de Goiânia está realmente sendo cogitado pelo governo. E buscar informações dos preços e das quantidades demandadas pelos principais mercados de pescados cultivados.

Segundo Adilon de Souza, uma das maiores autoridades brasileiras em piscicultura e componente da diretoria da AGP, “o ponto relativo ao processamento é o maior problema agora do fomento da criação de peixes em fazendas goianas e brasileiras”. A estrutura industrial nesse sentido é insuficiente para atender à produção de tilápias. O assunto também foi discutido no fórum de piscicultura realizado em Nerópolis.

Na reunião foi dado início ao processo de escolha da nova diretoria, porque encerra o mandato da atual. Com esse objetivo foi nomeada uma Comissão de Reativação da Associação Goiana de Piscicultura. A comissão tem a função de efetuar novas eleições do quadro diretor e formalizar uma eleição em conformidade com o estatuto da entidade. Para a comissão foram nomeados: Adilon de Souza, Wilson Luiz Júnior, José Macedo de Araújo, Leandro Daguiberto e Carlos César Queiroz.

Potencial

Goiás tem potencial para tornar-se um dos líderes nacionais na produção de pescados. Possui extensas áreas hídricas propícias à instalação de tanques-rede, viveiros escavados e farta oferta de grãos para rações, além de privilegiada localização geográfica para escoar sua produção aos principais mercados consumidores.

Aproveitando todo esse potencial, o governo de Goiás, por meio da Segplan, lançou em abril um conjunto de ações para fomentar o setor no Estado.  Entre as ações lançadas estão ordens de serviços e convênios envolvendo secretarias e órgãos como Segplan, Semarh, Seagro, Emater, Agência de Fomento, AGDR, SIC, Sefaz e Agrodefesa. O Instituto Federal Goiano (IF Goiano) também anuncia no evento a realização de cursos técnicos de piscicultura em municípios goianos e o Sebrae assinou com a Segplan termo de cooperação para desenvolvimento de ações de apoio gerencial a projetos na área de piscicultura.

Cenário

O Brasil detém a maior reserva de água doce do mundo (de 13,5% do total), além da extensa faixa costeira de oito mil quilômetros que o coloca como um dos maiores potenciais produtores de pescados. A produção nacional de peixes, no entanto, é ainda muito tímida. Em 2010, dado mais recente, foi de 479,3 mil toneladas, representando uma alta de 15,3% sobre 2009. Goiás ocupa a sétima posição nacional, com uma produção de 18,7 mil toneladas de pescados, sendo a tilápia a espécie mais cultivada.

Estudo realizado pela Segplan mostra que os maiores gargalos a serem vencidos para o desenvolvimento da atividade no Estado são o licenciamento ambiental, legislação da produção, comercialização e transporte de pescados, ausência de assistência técnica especializada, carga tributária excessiva e desorganização da cadeia produtiva. Segundo dados da Semarh, Goiás conta, hoje, com 1.487 propriedades com tanques de peixes, mas apenas 400 possuem licenciamento ambiental.

Plano da Pesca

O Plano Safra da Pesca e Aquicultura, que teve seu lançamento em Goiânia, prevê a aplicação de R$ 4,1 bilhões até 2014, entre crédito e investimentos diretos. A meta é dobrar a produção nacional, chegando a um milhão de toneladas anuais de pescado até o próximo ano. Atualmente, cerca de um milhão de trabalhadores tiram sua renda do pescado. E, dentro da cadeia produtiva, o setor gera três milhões de empregos indiretos.

Serão aplicados mais de R$ 135 milhões em ações de assistência técnica e extensão rural para beneficiar 120 mil famílias de pescadores e aquicultores. Todos contarão com orientação para obtenção de crédito, treinamento e acompanhamento durante a produção. Em três anos serão implantados 60 mil novos tanques escavados e 12.500 mil embarcações serão modernizadas ou reformadas. As dificuldades agora encontradas, no entanto, terão saída, pelo menos é o que pensa Adilon de Souza, da Associação Goiana de Piscicultura e um de seus principais incentivadores no Estado.

Da (Assessoria de Imprensa da SGPA)

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