quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

» VAriedades: Para ir Além das Pichações

Um interessante artigo de Vladimir Erkóvich foi publicado na Gazeta Russa, que é distribuída no Brasil junto como a Folha de S.Paulo, como informe comercial. Trata-se de um movimento popular que recebeu o nome de “partizaning”, que seria o urbanismo de guerrilha, começou com o grafiteiro Igor Ponossov, que mistura arte, voluntariado e protesto diante da falta de ação das autoridades. Poderia ser uma solução inteligente para o exagero das pichações que se espalham pela cidade como São Paulo, que acabaram consagrando grafiteiros como os Gêmeos, inclusive internacionalmente.

Os participantes do movimento na Rússia estariam instalando balanços nos pontos de ônibus, pintando faixas para pedestres na rua, colocando bancos nas praças, criando espaços verdes nas cidades, elaborando rotas para ciclistas. A ideia é intervir na infraestrutura urbana para tornar o ambiente mais agradável, tendo começado por Moscou e já ter se espalhado por São Petersburgo e Novosibirk.

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Fotos publicadas na Gazeta Russa

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Os gêmeos Octavio e Gustavo Pandolfo pintando murais em Nova Iorque

O jornal Valor Econômico apresenta hoje dois artigos de Luis Henrique Mendes e Janice Klas que são verdadeiras raridades. Ainda que os brasileiros como os estrangeiros admitam que o Brasil seja um destaque mundial no que se refere a frutas de elevada qualidade, com uma rica biodiversidade, o fato concreto é que a fruticultura brasileira ainda é pouco explorada como atividade econômica, notadamente para a exportação. Os que tiveram a oportunidade de visitar boa parcela do mundo observam que as frutas brasileiras costumam estar entre as mais saborosas, com alto teor de açúcar, quando comparadas de com as de outros países.

O Sudeste Asiático, que conta com produções que se assemelham com as brasileiras, sofre os problemas das monções que, com elevada precipitação pluviométrica, fazem com que muitas de suas frutas não tenham o sabor mais apreciado, como ocorre também nas áreas próximas da Amazônia. As do Nordeste brasileiro, com elevado teor de insolação, e um nível de precipitação de chuvas mais baixa, apresentam um adocicado mais apreciado pelos seus consumidores. Mas muitas destas produções ainda são quase caseiras, com baixo aproveitamento comercial.

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Jabuticaba, pitanga e seriguelas são algumas das frutas tropicais brasileiras

Um importante artigo de Joseph S. Nye, que além de cargos importantes mantém o título de professor da Universidade de Harvard, foi publicado pelo Project Syndicate. Ele trata da importância dos imigrantes para o desenvolvimento dos Estados Unidos, e constata que os votos deles permitiram a vitória recente de Barack Obama nas eleições. Isto está forçando o Partido Republicano a rever a sua política com relação ao assunto. Ele recorda que houve diversos períodos em que os norte-americanos impuseram restrições à imigração, ainda que seu desenvolvimento se deva em grande parte à sua contribuição, pois os nativos são poucos. Nos períodos recessivos estas tendências acabam se manifestando mais acentuadamente.

Segundo os dados censitários norte-americanos, a sua população deve continuar a terceira do mundo, após a China e a Índia. Em 2050, os brancos não hispânicos terão somente uma ligeira maioria, sendo que os hispânicos serão 25%, os afro-americanos 14% e asiático-americanos 8%, contribuindo para manter o poder mundial dos Estados Unidos. As análises mostram que existe uma forte correlação entre os vistos concedidos para a imigração qualificada e as patentes obtidas pelo país. Os imigrantes chineses e indianos tinham uma participação de um quarto dos empregos no Vale do Silício. Em 2010, das 500 companhias listadas pelo Fortune, cerca de 40% foram fundadas pelos imigrantes e seus filhos.

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Professor Joseph S. Nye

 

Paralelos Sobre os Compositores e Opiniões Políticas

A Osesp – Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, sem dúvida a melhor orquestra do Brasil, na sua programação deste ano de 2012 destacou os importantes trabalhos do compositor russo Dmitri Shostakovich. Ainda que suas obras venham sendo reconhecidas mais recentemente, mesmo hoje as opiniões dos apreciadores de obras clássicas são influenciadas pelas suas posições políticas, infelizmente. Muitos críticos o consideram um verdadeiro gênio, que sutilmente introduziu importantes inovações pessoais superando as censuras do período stalinista da antiga URSS, chegando a considerá-lo o Beethoven russo. Outros o consideram um compositor que aceitou as imposições das autoridades soviéticas da época, sendo a sua 7ª Sinfonia executada em 5 de março de 1942 em Leningrado, quando as tropas nazistas se encontravam nas suas proximidades. Não consideram até hoje a sua genialidade. Ainda que estas execuções tenham sido repetidas em Londres e nos Estados Unidos, quando os russos eram aliados na guerra contra Hitler. Constata-se que as posições políticas sempre influenciaram até a música clássica, o que perdura até hoje.

Executado na Sala São Paulo, a Osesp, que conta com a regular participação de 14 músicos russos, regida pela Marin Alsop mereceu uma ovação da plateia, mas alguns que compareceram ao concerto mostravam o seu desagrado, não aplaudindo a execução por causa do seu compositor. Algo similar parece acontecer com a avaliação de líderes políticos, lamentavelmente, mesmo hoje. Ainda que na atual crise mundial poucos países estejam colhendo resultados positivos, alguns críticos não concordando com o atual governo brasileiro pelas suas origens, não conseguem admitir os esforços que estão se fazendo para a consolidação da democracia, e a sensível melhoria na distribuição de renda no país, com todas as suas limitações, inclusive de capacidade gerencial.

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Dmitri Shostakovich e                                         

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O Complexo Problema da Defesa Brasileira

A visita da presidente Dilma Rousseff à França deve ampliar as áreas de cooperação tecnológica com o Brasil, envolvendo a sensível área da defesa nacional. O Brasil é um dos países emergentes que está fazendo pesados investimentos na sua gigantesca plataforma marítima, e grande parcela das reservas no chamado pré-sal fica fora dos limites das águas territoriais aceitas por muitas potências, inclusive os Estados Unidos. Para a adequada defesa dos seus interesses legítimos, pesados investimentos necessitam ser feitos, incluindo submarinos cujas tecnologias de construção precisam ser dominadas. A parceria com a França é tradicional em diversos setores e por, envolverem potências militares intermediárias, os riscos envolvidos são menores. Outros países se mostram interessados no intercâmbio com o Brasil que deverá despender mais de R$ 200 bilhões no equipamento de sua defesa nos próximos 20 anos.

Apesar de sempre haver respeitáveis vozes contrárias, tanto de pacifistas, conservacionistas como dos que se preocupam com razão das limitações orçamentárias, um país que pretenda ser independente não pode prescindir de cuidar da sua própria defesa externa. As tensões atuais na Ásia mostram que, ainda que a duras penas, os países como o Brasil são obrigados a fazerem tais investimentos, capacitando-se tecnologicamente. O artigo de Assis Moreira que visitou Cherbourg, na França, publicado no Valor Econômico, relata parte desta importante história.

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A Importância do Simbolismo na China

Todos sabem que na Ásia o simbolismo é muito importante para informar à população sobre o que um governo pretende em sua política. A primeira viagem de Xi Jinping a Shenzhen, já como novo secretário-geral do Partido Comunista e comandante máximo das forças militares da China, dá demonstrações públicas da linha a ser perseguida no seu governo, quando deverá ser confirmado como novo presidente nos primeiros meses de 2013. No artigo publicado por Jeremy Page no The Wall Street Journal informa-se sobre a volta de Xi Jinping à cidade de Shenzhen, em Guangdong, onde ele iniciou a sua carreira como um dos “príncipes” entre os líderes chineses.

Pode-se acrescentar que foi lá que, com o apoio de idosos chineses originários da região que enriqueceram no exterior, ele conseguiu que uma das primeiras zonas especiais tivesse sucesso na China, dentro da nova orientação que era inaugurada por Deng Xiaoping há três décadas. Xi Jinping foi pagar os seus respeitos para seu falecido pai, bem como a viagem feita pelo Deng Xiaoping em 1992 à cidade impulsionando a utilização dos mecanismos de mercado. Ele depositou uma coroa de flores na estátua de Deng Xiaoping existente na cidade. Dispensou as honrarias que são concedidas aos altos dignitários chineses, trânsito livre para sua comitiva como procurou se tornar acessível para conversas, marcando sua primeira viagem oficial com marcantes diferenças com seu antecessor, Hu Jintao.

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Visita de Xi Jinping a Shenzhen

Pensamento Positivo Tem Comprovação Científica de que faz bem

Apesar de ser admitido por muitos leigos e profissionais, os pesquisadores médicos não se arriscavam a pesquisar a ligação entre a mente e o corpo, com o receio de serem considerados ridículos. Os médicos já reconheciam o efeito do placebo, por exemplo, em que a ilusão do tratamento, com comprimidos sem ingredientes ativos, produziam benefícios à saúde dos pacientes. Um artigo da revista The Economist refere-se a um estudo recente publicado na revista científica Psychological Science por Barbara Fredrickensen e Bethany Kok, da University North Carolina at Chapel Hill. Demonstrou-se que as pessoas que experimentam emoções positivas vivem mais e saudáveis. Eles têm menos ataques cardíacos e até menos resfriados.

 

Decorações Natalinas

Vendo as decorações públicas e privadas para o Natal em São Paulo, algumas pessoas, entre as quais me incluo, ficam tristes pela “macaquices” com nada que tem com o Brasil. São reproduções mal feitas de regiões gélidas, com muitas neves. Papais Noéis barbudos, cercados de animais desconhecidos das crianças brasileiras, que mais assustam os mais novos do que os estimulam a apresentar os seus desejos de presentes. As luzes chinesas que colorem muitas árvores das avenidas chegam a gerar dúvidas sobre o que se pretende.

Sendo um país dominantemente cristão, parece que, com o mesmo dispêndio de recursos públicos, poderiam se transmitir mensagens mais significativas, utilizando o que está mais próxima da nossa cultura. Alguns esforços são feitos, mas acabam sendo perdidos dentro dos objetivos visivelmente comerciais em que se transformou um dos marcos mais importantes da Cristandade. Se o objetivo for somente o de decoração, os japoneses, que não são dominantemente cristãos, estão dando alguns exemplos das preocupações com a sustentabilidade, com o uso de lâmpadas LEDs que enfeitam, mas consomem menos energia. A revista eletrônica Insight fornece alguns exemplos que parecem mais criativos.

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Os que desejarem conhecer diretamente o que está sendo exemplificado com o que foi feito em algumas cidades japonesas, ou localidades mais conhecidas de Tóquio, podem acessar o site, lembrando que todas estas decorações estão procurando transmitir a imagem que há necessidade de se preocupar com o consumo de energia: http://insight.japantoday.com/insight-magazine/ .


Japão Preservado em Nakasendo na Província de Nagano

O Japão conta com algumas rotas que eram utilizadas no passado pelos chefes feudais chamados daimyos para pagarem respeito regularmente ao Shogun, que detinha de fato o poder para governar e estava localizado em Edo, a antiga capital do Japão, hoje Tóquio. O Imperador, que representa o Japão, ainda ficava em Quioto até quando houve a Restauração Meiji, que unificou sob o seu comando as duas funções. Hoje, o Japão é um Império constitucional, com o governo exercido pelo primeiro-ministro. Nakasendo era uma das rotas que ligava Quioto a Edo, e o trecho entre as cidades de Tsumago e Magome, na província de Nagano, é considerado dos mais preservados, constituindo-se numa atração turística.

Como o escritor Eiichi Yoshikawa, quando escrevia os tópicos que resultaram no livro Miyamoto Musashi, traduzido para o português, um episódio foi localizado na região e ajudou a torná-la mais conhecida. Musashi, enamorado por Otsu, tinha que arrefecer o seu desejo sexual tomando um banho frio no Me-Oto Taki, ou seja, a queda Masculina e Feminina, que conta com um ramo mais vigoroso ao lado de outra queda mais graciosa. Ele tinha que manter-se dentro do padrão moral de um samurai, dentro do chamado Bushido, o código dos samurais.

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Outros Artigos do The Economist Sobre o Brasil

A revista The Economist, além de artigo resumo que funciona como um editorial costuma divulgar outros que aprofundam temas específicos quando um país merece atenções. É o caso do presente número deste fim de semana daquela revista, que, além do artigo já comentado neste site, publica um artigo sobre a longa espera da recuperação de sua economia, além da disputa sobre os royalties decorrentes da exploração do petróleo, onde o que foi aprovado pelo Congresso recebeu vetos da presidente Dilma Rousseff que ainda deverá ser apreciado.

O artigo sobre os resultados em crescimento obtidos pela política econômica atribuída ao ministro Guido Mantega são considerados medíocres, ainda que todos saibam que ele está no cargo por ser um fiel executor da orientação adotada pela presidente Dilma Rousseff. Mas ele tem se exposto mais do que seria conveniente, fazendo projeções exageradamente otimistas mesmo no quadro difícil que não é somente o do Brasil, mas de muitos países no mundo. Todos esperavam que os resultados do terceiro trimestre deste ano fossem melhores, o que deixa uma sombra para 2013, pelo que se costuma chamar de “carry over”, ou seja, a simples manutenção do patamar atingido neste final do ano.

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Gráfico publicado no The Economist, com projeções feitas por 100 economistas

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