sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Prefeito e moradores queimam bandeira nacional em Suiá Missú; deputado diz que AL apoia ato

Por José Medeiros / Olhar Direto

Prefeito e moradores queimam bandeira nacional em Suiá Missú; deputado diz que AL apoia ato

Há anos a entrada do distrito de Estrela do Araguaia foi reconhecida por uma pequena estátua de Cristo Redentor e uma bandeira brasileira. A partir desta sexta-feira (14), passa a contar apenas com o Cristo.

Cerca de 200 moradores e produtores rurais, acompanhados de líderes sindicais, de associações e políticos incendiaram o símbolo maior da pátria em revolta contra o processo de desintrusão que vem retirando todos os não-índios de Suiá Missú, demarcada como terra xavante em 1998.

O ato, planejado exclusivamente para dar repercussão nacional à situação da gleba, tem apoio da Assembleia Legislativa (AL) de Mato Grosso, segundo anunciou o deputado estadual Baiano Filho (PMDB) logo após o protesto – o qual contou com a presença de sindicalistas rurais e produtores de outros pontos da região, sobretudo da cidade de Querência.

O peemedebista defende que a queima do lábaro nacional é um ato democrático do setor produtivo que está insatisfeito com o desfecho da disputa jurídica pelas terras. “[O ato tem] apoio nosso da Assembleia [Legislativa], todo parlamento estadual até porque nós da Assembleia entendemos que o que está acontecendo aqui é uma injustiça muito grande”, argumenta.

Quem, do microfone, chamou a população para o protesto anti-patriótico foi o prefeito de São Félix do Araguaia, Filemon Limoeiro (PSD), que detém área em Suiá Missú e já retirou todo o seu gado devido à desintrusão. “Eu convido a todos que vamos lá, abaixar a bandeira brasileira, que é uma vergonha para todos nós, e fazer o ato. Aqueles que concordam, queiram nos acompanhar”, conclamou o peessedista.

A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) só não tiveram representantes no ato porque foram intimados pelo Ministério Público Federal (MPF), segundo o qual poderiam ser presos por incentivar impedimento a cumprimento de decisão judicial.

Lábaro em chamas

Iniciada a manifestação, crianças em fila se dirigiram à base do mastro para puxar a flâmula para baixo, ajudadas por alguns adultos. Após a queda da bandeira, líderes do movimento jogaram álcool e gasolina no tecido e atearam fogo com isqueiros. Enquanto os trapos se desprendiam, a multidão emitia alguns gritos e aplausos.

“Não somos terroristas, somos ruralistas”, gritaram alguns. “Vamos botar uma bandeira dos Estados Unidos no lugar, lá ninguém tá nem aí pra índio não!”, exclamou outro.

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