domingo, 25 de novembro de 2012

Polícia não tem pista de assassinato de pedreiro

Laudo aponta que pedreiro foi morto por afogamento; ele invadiu área para pescar

Delegado João Bosco (detalhe), da DHPP: há um assassinato, mas falta o autor do crime

DA REDAÇÃO

Os depoimentos de dois seguranças e do gerente da Fazenda São João, pertencente ao ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro e arrendada para um grupo que industrializa peixes, deixou para a Polícia Civil dúvidas quanto a autoria do assassinato do pedreiro João Gonçalo de Campos, de 53 anos. O corpo foi encontrado boiando num dos tanques da fazenda, no último dia 16.
Segundo o delegado João Bosco de Barros, da DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa), responsável pelas investigações, existe coerência nos testemunhos dos três funcionários da fazenda.
Os dois seguranças negaram que tenham passado a noite no local e tampouco atirado contra os três homens que estavam pescando na noite de quarta-feira (14). Os interrogatórios ocorreram na tarde de sexta-feira (23).
O setor de tanques da fazenda tem nove funcionários, entre pescadores e os responsáveis em espantar os pássaros, que se alimentam de alevinos. O trabalho deles terminaria ao anoitecer e não fariam rondas no período noturno.
Eles confirmaram que têm uma motocicleta vermelha, garantiram que não trabalham armados e tampouco que renderam o pedreiro, o irmão deste e um amigo, que estavam pescando sem autorização, na fazenda, localizada às margens da BR-163, a 10 km do Trevo do Lagarto, em Várzea Grande.
“O que causa estranheza é que dois correram e o terceiro ficou. Os seguranças disseram que seria muito óbvio as testemunhas apontarem quem seriam os suspeitos”, observou o delegado.
Dos dois sobreviventes, o amigo do pedreiro, conhecido como Santana, não foi ouvido ainda e nem voltou à fazenda, no dia seguinte, como fez o irmão de João Gonçalo. O delegado adiantou que deverá ouvir também Santana.
Tiros e assassinato
Conforme os policiais que participam das investigações, as testemunhas relataram que os seguranças atiraram para o alto, muito provavelmente, "para assustar" os três homens que invadiram a fazenda para pescar.
O laudo de necropsia do pedreiro, no entanto, aponta que ele foi assassinado, pois foi encontrada uma grande quantidade de areia nos pulmões.
Para policiais da DHPP, esse fato é um indicador de que o homem foi jogado e segurado no tanque, que tem pouco mais de 30 centímetros de profundidade.
O corpo do pedreiro foi localizado dois dias após desaparecer, na quarta-feira à noite, no mesmo local.
O delegado explicou que o laudo indica que o pedreiro foi afogado, e não se afogou, uma vez que a areia aparece quando alguém é segurado dentro d’água, num rio ou lagoa, sendo afogado à força.
“Não havia sinais de tiros e nem precisava. Temos as provas cabais de que se trata de um assassinato. A próxima etapa é localizar os autores”, disse João Bosco.
Na quarta-feira à noite (14), o pedreiro, mais o irmão Jucinei e o amigo Santana foram pescar de vara num dos tanques da fazenda, quando, por volta das 20 horas, foram cercados por dois supostos seguranças, que estariam armados com escopetas e que chegaram numa motocicleta vermelha.
Eles teriam apontado as armas para os três pescadores e ainda teriam disparado dois tiros em direção às vítimas.
Segundo o irmão de João Gonçalo, ele e Santana ficaram parados, mas a vítima correu em direção ao mato e os criminosos foram atrás.
“Então, a gente correu para o outro lado. Não demorou muito e ouvimos mais dois tiros”, relatou Jucinei.
O pedreiro morava no bairro Jardim Glória II, em Várzea Grande.

Fonte: Midia News

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