segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Espinha de bacalhau pode ser usada na produção de implantes ósseos

Testes são realizados na Escola Superior de Biotecnologia da Católica Porto

Espinhas de bacalhau

Espinhas de bacalhau

Investigadores da Escola Superior de Biotecnologia da Católica Porto acabam de concluir um estudo que revela que as espinhas de bacalhau podem ser utilizadas na produção de implantes ósseos e próteses dentárias.

Os resultados deste projecto de investigação demonstram ser possível extrair compostos à base de hidroxiapatite (um fosfato de cálcio que é o principal componente dos ossos humanos e de animais) deste subproduto, conferindo-lhe uma aplicação efectiva na área da saúde.
A conversão das espinhas em hidroxiapatite é possível através de um processo simples de calcinação a temperaturas elevadas (entre 600 e 1250ºC). Este método permite a eliminação da matéria orgânica presente nas espinhas, resultando num material que se distingue pelos elevados níveis de pureza e cristalinidade.
A investigação demonstra ainda que, tratando as espinhas em soluções apropriadas antes da calcinação, é possível preparar materiais com composições diferentes e dirigidas a aplicações específicas. Testes realizados com estes materiais revelaram um nível de biocompatibilidade concorrencial com outros produtos comerciais à base de hidroxiapatite.
Aplicação ambiental

Além da aplicação na saúde, a hidroxiapatite pode ser também utilizada no tratamento de águas residuais, incluindo a remoção de metais pesados, como o chumbo, ou a degradação de poluentes orgânicos, como corantes.

Hidroxiapatite em pó

Hidroxiapatite em pó

Tendo em conta que actualmente a maioria da hidroxiapatite utilizada nestes domínios é sintética, o processo desenvolvido a partir de uma fonte totalmente natural destaca-se por permitir o aproveitamento de um subproduto alimentar. Esta alternativa garante em particular o reaproveitamento de fósforo, um elemento cuja utilização crescente coloca em causa a sua disponibilidade no futuro.
Assim, um subproduto da indústria alimentar pode agora ser convertido num composto de elevado valor acrescentado graças às suas aplicações comerciais diversificadas.

Arménio G. Pinto
2012-11-26
13:11

Sem dúvida, esta alternativa de produção de hidroxiapatita é muito interessante e torna-se ainda mais atrativa devido à grande disponibilidade (penso eu)desta matéria-prima em nosso país, apesar de a venda de bacalhau ser, em grande parte, constituída de peças inteiras, com espinha, a qual, em princípio, não é aproveitada. Caso a pesquisa revele-se realmente profícua dos pontos de vista técnico e económico, seria o caso de procesder à recolha das espinhas de bacalhau, como um produto reciclável?

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