por ana cassia maturano|
Após um ano de muito trabalho, nesse final de semana os estudantes do ensino médio fizeram as provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para concorrerem a vagas em cursos superiores de faculdades e universidades federais. Com um histórico de trapalhadas por parte da organização do evento, esse ano quem mais se atrapalhou foram os estudantes.
Entre os que chegaram atrasados e encontraram os portões fechados, sendo naturalmente eliminados, há motivos dos mais bizarros. Como, por exemplo, ter perdido a hora por parar no meio do caminho para rezar (não adianta apelar para o santo, é preciso correr atrás do que se quer) ou porque o pai ficou vendo a corrida de Fórmula 1. Não foram motivos de força maior – um congestionamento ou um acidente.
Outros perderam essa chance anual (agora, só no ano que vem) por terem esquecido o documento de identidade. Não dá para entender. Como alguém vai concorrer em um certame sem ter esse documento em mãos?
Parece faltar certa organização a essas pessoas. Estudaram o ano inteiro e na hora H puseram tudo a perder. Chego a pensar que muitos, de forma até inconsciente, se boicotaram. Não puderam aproveitar a oportunidade de conseguirem uma vaga num curso superior, como se isso fosse demais para eles. Entrar para a faculdade é o primeiro passo para se tornarem adultos, para seguirem o caminho que escolheram. Nem todos estão prontos para isso. Como aquele estudante que todos têm certeza de que passará no vestibular, mas, contrariando qualquer expectativa, fica tentando uma vaga por anos.
Esses fatos são corriqueiros em concursos, vestibulares e no próprio Enem. O que mais chamou a atenção, no entanto, são aqueles que foram eliminados pelo simples fato de postarem fotos do local da prova em redes sociais, mal ela havia começado. O que se supõe o uso de celulares com acesso à internet.
As regras são claras: é proibida a utilização de aparelhos celulares durante as provas dentro dos locais de prova. Justamente para evitar qualquer tipo de comunicação. Ora, o que pensaram, que estariam protegidos pelo anonimato? Ou que estariam sendo os melhores por burlarem as regras do Enem? Em verdade, só provaram o quanto o exame está organizado, pois foram rastreados e eliminados. Não daria para ser diferente. A realidade deu um basta, o que pode ser um aprendizado para a vida inteira.
Se é justo ou não, é outra história. Penso que sim. Não tem sentido alguém se comunicar com o mundo externo ao realizar uma prova. Pode-se ter acesso aos mais variados tipos de informação, tornando a disputa desigual.
De todo modo, houve uma seleção natural. Não era a hora de brincar ou se rebelar contra as regras. A hora era de mostrar competência em vários níveis, inclusive o da responsabilidade, para conseguirem uma vaga numa faculdade federal.
Àqueles que puderam aproveitar a chance, boa sorte. Para os que foram eliminados de antemão, que a lição tenha sido aprendida.
Fonte: GI
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