Distrito é localidade com ritmo mais acentuado de incorporação de áreas.
Área agricultável deve saltar de 70 mil hectares para 115 mil hectares.
Por Leandro J. NascimentoDo G1 MT
Distrito deve aumentar área destinada ao cultivo da soja e milho
Espigão do Leste é um distrito localizado às margens da rodovia BR-080, no nordeste de Mato Grosso e pertence ao município de São Félix do Araguaia, a 1.159 km de Cuiabá. O local já sente os reflexos provocados pela expansão da agricultura sobre áreas de pastagem, prática que cresceu bastante nos últimos anos. Com um mercado aquecido – preços de soja e milho valorizando 80% e 35%, respectivamente, somente em 2012 – e condições favoráveis ao cultivo de grãos, a localidade está no centro de um "boom" agrícola prometido para os próximos anos.
Pesquisadores do Instituto Brasileiro de Geografia Econômica e Estatística (IBGE) que na última semana estiveram no povoado já computaram que a área agricultável da região deve saltar de 70 mil hectares para 115 mil hectares na temporada 2012/13, uma expansão de 64,2% entre os períodos. Mas os produtores da região já falam em incorporar mais espaço até 2014.
Ademir Bósio, gerente da fazenda Taiuva, confirma o otimismo da região. A propriedade que administra há sete anos investe no plantio de soja. Na safra 2011/12 foram 10 mil hectares destinados à cultura, além de 2,5 mil hectares para o milho segunda safra.
A colheita de 543 mil sacas de oleaginosa e outras 241 mil do cereal correspondeu às expectativas e já no próximo ano o grupo prevê alavancar para 4 mil hectares o espaço reservado à safrinha. “A agricultura vem dando resultados bons, mas precisamos de estrutura de logística boa com rodovias em condições. Temos aqui tecnologias iguais às utilizadas em outras partes do estado”, descreveu o administrador.
Agricultores da localidade falam em um ritmo de incorporação de terras degradadas em patamares de 25% a 40% por ano. “O desenvolvimento chegou antes da infraestrutura que precisamos. As lavouras estão sendo abertas, mas faltam condições para retirar o produto. Há dificuldade em tudo. Em época de escoamento não há caminhão que venha para cá”, contextualizou Bósio.
Mas a distância e mesmo o isolamento do distrito também custam caro. Os insumos necessários para a safra são comprados em centros distribuidores distantes até 900 quilômetros de distância.
Produtores estão preocupados com a falta de
infraestrutura (Foto: Leandro J. Nascimento/G1)
Oferta
O gerente-técnico e institucional da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Luis Nery Ribas, destaca que o crescimento da região de Espigão do Leste ocorre influenciado pela oferta de terras existentes. Os números da entidade mostram que é no nordeste onde está a maior área de pastagem: 6 milhões de hectares. Deste total, 3,1 milhões possuem mais condições de serem usados na agricultura.
São áreas planas, já abertas e de solo degradado, que podem ser adaptados para o plantio de grãos. “A incorporação de áreas de pastagem já ocorre em todas as regiões, mas em Espigão do Leste é onde acontece de maneira mais nítida”, ressaltou o gerente, ao G1. Com a melhora nas condições logísticas, em até cinco anos os produtores esperam elevar para cerca de 300 mil hectares a área agrícola em Espigão. Seria próximo ao mesmo tamanho destinado por Nova Mutum, no médio norte, à soja: 330 mil hectares. O município é consolidado e insere-se no maior celeiro produtivo do Brasil.
Mas para crescer, o próprio distrito vai precisar se estruturar. Os pouco mais de mil habitantes já pedem a emancipação da localidade. Falta mão-de-obra especializada e moradias para quem pretende alojar-se na região atrás de novas oportunidades. Além disso, poucos ou mesmo inexistentes são os serviços de saúde e educação. O hospital mais próximo fica a pelo menos 100 quilômetros ou a aproximadamente duas horas de viagem até São Félix do Xingu, no Pará.
Há 11 anos morando em Espigão do Leste, o comerciante José Humberto Salviano diz que o distrito se desenvolve conforme o progresso agrícola. “Toda infraestrutura vindo para cá vai ajudar. A lavoura começou em 2004, mas foi a partir de 2007 que ganhou força”, lembra.
Para Carlos Fávaro, presidente da Aprosoja em Mato Grosso, a maior dificuldade da região consiste na precariedade dos transportes. Ao todo, a região Nordeste vai elevar em 25,9% sua área de cultivo de soja, passando de atuais 953,8 mil hectares para 1,2 milhão de hectares, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
(Foto: Leandro J. Nacimento / G1)
Fonte: G1
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