Grupo passará a coletar sementes para a Rede a partir deste ano. A previsão é de que 19 espécies encontradas na Ilha do Bananal (TO) sejam coletadas
A partir de 2012, um grupo de mulheres karajá, da aldeia JK, na Ilha do Bananal (TO) foi integrado à Rede de Sementes do Xingu. Elas coletarão 19 espécies nativas e já fizeram a relação das sementes que poderão coletar na ilha para safra 2012/2013. “Vai ser bom e vem tudo na natureza”, diz a artesã Marissiru Karajá, que vive da venda de artesanato, mas já vislumbra na Rede de Sementes uma boa oportunidade de geração de renda.
Para José Nicola da Costa, biólogo do ISA e responsável pela Rede, a adesão desse grupo possuiu dois eixos: um de fortalecimento e aumento da interação e atuação da Associação Nossa Senhora de Assunção (Ansa) na aldeia JK e outro de fortalecimento do núcleo de coleta de São Félix do Araguaia, cidade mato-grossense ao sul da ilha, devido ao aumento da quantidade de sementes potenciais para entrega. Hoje, a Ansa é a entidade responsável pela Rede de Sementes do Xingu em São Félix do Araguaia e conta com a técnica Ana Lúcia Silva para receber as sementes e organizar os grupos de coleta locais.
As coletoras karajá elaboraram uma lista com a previsão de coleta. Segundo os cálculos, elas possuem capacidade de coletar e entregar dois mil quilos na próxima safra. “Nós temos muitas árvores aqui: murici, baru, mirindiba, pequi, sucupira, cagaita, oiti. Aqui na minha casa tenho quatro pés de mirindiba, tenho murici. Esse projeto vai ser bom para a gente, vai trazer mais renda para a nossa comunidade e eu vou ajudar minha esposa a juntar essas sementes”, afirmou o cacique da aldeia JK, Paulo Krumaré. A integração do grupo karajá à Rede de Sementes do Xingu se deu por meio da parceria da Ansa com a Associação de Mulheres da Aldeia JK (Ahima JK).
Além de ser uma atividade financeira sustentável, o projeto estimula a preservação do meio ambiente. Pois, um dos critérios de participação na Rede de Sementes do Xingu é o uso racional do fogo e a restauração de áreas degradadas de seus coletores. Assim, a Ansa e a Associação de Mulheres da Aldeia JK começaram a debater o uso do fogo dentro da aldeia e a importância do reflorestamento. A partir de agora, enquanto a aldeia JK integrar a Rede de Sementes, os indígenas terão que recuperar 1/2 hectare de áreas degradadas por ano.
(Com informações da Ahima JK)
ISA, Instituto Socioambiental.
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