Por Janildo Silva
Pelo que foi publicado até agora, tudo leva a crer que o contraventor Carlos Cachoeira mantinha relações com boa parte dos principais veículos de comunicação do País. Este fato acende uma luz amarela para a imprensa e levanta um debate indispensável sobre a ética jornalística.
Cachoeira era bicheiro e diante da "atividade" que exercia tinha acesso a várias informações. Todos sabem que nós, jornalistas, vivemos de notícias, mas um fato narrado por um contraventor merece atenção da mídia?
Antes de responder esta pergunta, precisamos esclarecer o que é a fonte de um repórter... Fonte, nada mais é alguém que fornece informações a um jornalista. Cabe a cada profissional de imprensa montar sua cadeia de "informantes" e utilizá-la conforme a confiabilidade individual de cada uma delas.
É preciso que fique claro que nem sempre é o jornalista que pauta a fonte, afinal há casos em que o profissional toma conhecimento do fato quando recebe a informação da fonte. Como poderia um jornalista prever a queda de um poste do outro lado da cidade? Nestas ocasiões, a fonte é quem acaba pautando o repórter.
Carlos Cachoeira sabia que a informação era um bem precioso e imaginava que sua "teia" jamais permitiria uma ação mais violenta do Poder Público contra seu grupo, mas mesmo com juízes, senadores, deputados, policiais e jornalistas em sua folha, viu a "casa cair".
Agora, passado o susto do vazamento do inquérito da operação "Monte Carlo", periódicos começam a acusar uns aos outros de manter relações com o bicheiro, mas é preciso observar o quadro com cautela para não cometer algumas injustiças.
No momento em que um contraventor passa uma informação útil a um jornalista, esta notícia pode ou não ser publicada. E só será se o Conselho Editorial do veículo avaliar que o conteúdo é de interesse dos leitores. Mais ainda, é importante destacar que mesmo diante da uma fonte "de confiança" ou até de uma fonte "sem crédito", cabe ao repórter apurar o assunto a exaustão, até saber se aqueles fatos são verdade.
Acusar Veja de manter uma relação perniciosa com bandidos é no mínimo uma afirmação precipitada, mas é importante que TODOS aqueles que mantiveram qualquer relação com criminosos sejam investigados. Uma coisa é Cachoeira dar informações através de telefonemas e estes, após a devida apurações, se transformarem em matérias. Outra coisa é um bicheiro ditar a linha editorial de um periódico.
Resumindo, se algum contraventor, bandido, corrupto ou simplesmente um cúmplice desejar me passar informações sobre um fato ilegal, estarei aberto a ouvir cada palavra do que vai dizer, mas nenhum deles ouse tentar interferir na minha apuração ou mesmo na publicação ou não do conteúdo. Afinal, o próprio contraventor tentando plantar uma matéria seria uma ótima pauta. Ou não?
Coincidência ou não, as denúncias contra Veja surgem às vésperas do julgamento do "mensalão" pelo STF, mas quem vive de fiscalizar a podridão alheia, não pode se misturar a fedentina que o rodeia.
JanildoSilva
Janildo Silva é jornalista, graduado pela Universidade Estadual da Paraíba. Foi assessor da Fundação Nacional de Saúde, repórter de política do Portal ClickPB, editor geral da revista Parahyba do Norte, repórter de política do Jornal da Paraíba e hoje é editor geral do Portal ClickPB
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