quarta-feira, 4 de abril de 2012

Vila Rica: O poder na AMM

Instituição mantida com recursos públicos, a Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), com sede em Cuiabá, não pode se dar ao luxo de promover eventos inócuos em nome de interesses que não dizem respeito às prefeituras que representa.
Corriqueiramente, a direção da AMM busca a imprensa para informar que a maioria dos municípios mato-grossenses enfrenta dificuldades orçamentárias e, que em muitos casos, as administrações são mantidas com recursos dos repasses constitucionais.
Municípios com baixa arrecadação dependem quase que exclusivamente de recursos externos, porque suas receitas tributárias são ínfimas e não é raro encontrar prefeituras que praticamente não contam com receitas de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e outros.
A manutenção da AMM é assegurada pelas prefeituras a ela associadas, sendo que neste universo de mantenedoras há muitos municípios que se encontram ao fio da navalha na tentativa de equilibrar as despesas e a receita para não ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
A destinação dos municípios à AMM serviu ontem para promover uma festa atípica rotulada de transmissão de poder com o presidente da instituição, prefeito Meraldo Figueiredo Sá (de Acorizal) transmitindo o cargo ao vice-presidente Filemon Gomes Costa Limoeiro (de São Félix do Araguaia), para gozar férias por 30 dias.
Mesmo que a AMM representasse um grupo de instituições sólidas e sem problemas de caixa, não poderia jamais ter promovido a tal transmissão de poder nos moldes em que o fez. No entanto, em pleno dia de expediente, algumas dezenas de prefeitos deixaram seus municípios para prestigiar o colega que se afastava e o outro que assumia.
Os custos da AMM com a pomposa solenidade da transmissão de poder bem que poderiam ter destinação melhor, sendo canalizados à sua atividade-fim de defesa dos municípios.
O poder, ainda que em escala menor, costuma inebriar o homem e ele se sente num mundo irreal bem diferente daquele do trabalhador e do empresário que ao recolherem seus impostos garantem caixa ao poderoso que tem a prerrogativa de ordenar despesas.
A AMM precisa rever sua forma de atuação, sob pena de cair em descrédito perante a população, de autoridades e até mesmo de prefeitos seus associados, mas realistas. Com este tipo de solenidade, além dos gastos desnecessários a instituição também induz seus instituídos a despesas insossas bancadas pelos munícipes.
Da solenidade ontem, participou o prefeito de Vila Rica – o município mais afastado de Cuiabá – Naftaly Calisto da Silva, que no trajeto de ida e volta percorrerá 2.800 km. Por mais que os participantes queiram justificar que estavam em Cuiabá por outros compromissos, na verdade o que se viu na AMM foi um ato com forte apelo regionalista do Vale do Araguaia – região de Filemon, que assumiu o cargo. Tomara que este tenha sido o último evento supérfluo da entidade que representa as prefeituras de Mato Grosso, da qual se espera outra postura no trato do dinheiro público.
O poder, ainda que em escala menor, costuma inebriar o homem e ele se sente num mundo irreal

Fonte: Diário de Cuiabá

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