Como o governador explica que provável rombo da ordem de R$1 bilhão na SICME de Pedro Nadaf culminou com a exoneração do secretário da Copa?
Ao que parece, no Governo Silval, todos os Poderes estão juntos e abraçados. Basta observar a reação em cadeia que duas denúncias publicadas na edição extraordinária do jornal CIRCUITO MATO GROSSO, que circulou nesta segunda-feira, 16, provocaram. A capa trazia o possível rombo provocado pela série de isenções fiscais concedidas por Pedro Nadaf, sempre “ad referendum”, ou seja, monocraticamente e uma pequena, porém não menos bombástica reportagem, trazendo a denúncia de que o conselheiro Alencar Soares teria negociado sua vaga vitalícia no Tribunal de Contas de Mato Grosso por nada menos que R$12 milhões. O mal estar na Corte foi geral... Uma verdadeira teia de interesses políticos foi armada para apontar Éder Moraes como fonte das denúncias. Parece que deu certo. Nesta quarta-feira, 18, o governador Silval Barbosa anunciou a saída do secretário da Copa via imprensa ainda em Brasília onde cumpria agenda oficial.
A real razãoAs notícias traziam como o estopim da crise a denúncia contra o conselheiro Alencar Soares, pois interesses da Assembleia Legislativa teriam sido contrariados. Nos bastidores do Palácio, porém, a informação é que a chamada “farra fiscal” teria acertado o coração do Governo, pois envolve um dos homens que mais mandam na Era Silval: Pedro Nadaf. A mesma fonte da denúncia sobre os incentivos trouxe à tona um pouco mais de detalhes sobre como vinham sendo operados os valores que as empresas “incentivadas” estão deixando de recolher aos cofres públicos.
Bamburrando
Do total economizado pela isenção fiscal sobrariam 25% do valor líquido a título de “comissão”, dinheiro esse que estaria sendo “esquentado” através de empresas de mineração, principalmente de ouro. “Algumas dragas estão bamburrando sempre!”, disse a fonte usando termo comum em garimpo quando uma máquina acha um filão de ouro e extrai quantidade expressiva. O que não acontece todos os dias como estaria acontecendo com as tais empresas de fachada para conseguir alcançar a cifra do dinheiro frio conseguido pela “indústria dos incentivos”.
Mecanismos de incentivo
A mesma fonte detalhou ainda o que vem acontecendo com algumas esmagadoras de soja, que estariam simulando venda interna para se creditarem do ICMS na conta gráfica, criando um crédito fictício, mas que seria cobrado do Estado de forma real. No caso dos frigoríficos beneficiados, o incentivo estaria acontecendo através da modalidade de “estimativa fiscal”, que reduziria criminosamente a margem de cálculo para o imposto que deveria ser pago ao Estado de Mato Grosso. “Existem casos em que estas empresas teriam que recolher R$200 milhões e estão recolhendo apenas R$20 milhões”, conforme declarou a fonte.
QUEDA DE EDER BALANÇA SECOPA
Secretários, técnicos e assessores já ameaçam demissão em massa, o que pode comprometer andamento dos projetos.
O anúncio feito nesta quarta-feira (18), em Brasília, pelo governador Silval Barbosa de que o secretário extraordinário da Copa (Secopa) Éder Moraes será exonerado provocou um clima de desestabilidade na Pasta.
Secretários adjuntos, presidentes de comissões e técnicos do setor de auditoria podem sair em debandada em solidariedade a Éder. Se isto realmente acontecer, o governador deve enfrentar dificuldades para compor novamente a secretaria, com reflexos inevitáveis no andamento das obras da Copa 2014 em Cuiabá.
Silval Barbosa disse que vai anunciar nesta quinta (19) o nome do novo secretário. O anúncio da exoneração coincidiu com a especulação de que Éder Moraes estaria tentando impedir a posse do deputado estadual Sérgio Ricardo em uma cadeira no Tribunal de Contas (TCE).
Após Silval Barbosa admitir, via imprensa, a saída de Eder Moraes, em entrevista ao Circuito Mato Grosso na tarde desta quarta-feira, o secretário limitou-se a dizer que vai aguardar o comunicado formal de sua exoneração e uma conversa pessoal com o governador para entender as razões e,então, se pronunciará oficialmente.
Apesar do clima de instabilidade instalado na Secopa, Silval Barbosa tentou passar um ar de tranquilidade ao dar entrevistas à imprensa em Brasília. Ele chegou a garantir que os projetos da Copa serão mantidos e que a mudança de secretaria não irá atrapalhar o cronograma das obras.
Por Flávia Salem e Sandra Carvalho
Foto: Mary Juruna e Reprodução
Fonte: circuito mt
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