sexta-feira, 17 de junho de 2011

Alto Boa Vista: Cassado, prefeito desafia TRE e fica com carro oficial

Aldecides Milhomem (DEM), de Alto Boa Vista, se recusa a cumprir decisão da Justiça Eleitoral
Mesmo cassado pela Justiça Eleitoral, Aldecides Milhomem se intitula prefeito de Alto Boa Vista

  • Por RAFAEL COSTA

    Cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MT) por compra de votos, o prefeito de Alto Boa Vista (1.059 km a Nordeste), Aldecides Milhomem (DEM), confirmou, em entrevista à TV Centro América (Globo/4), que partiu para o vizinho Estado de Goiás com o veículo oficial da Prefeitura, uma Toyota SW-4, avaliada em R$ 95 mil.
    Milhomem declarou que está à frente do município, mesmo com cassação do seu diploma pela Justiça Eleitoral. "A caminhonete da prefeitura está no meu poder porque é da prefeitura e eu sou o prefeito", afirmou.
    Com a perda do mandato do democrata, foi autorizada a posse do segundo colocado na eleição municipal de 2008, Wanderley Perin (PR), que enfrentou resistência para assumir o cargo. Após vereadores ligados a Aldecides Milhomem se recusarem a autorizar a posse, advogados do republicano encontraram uma "brecha" no Regimento Interno.
    Assim, o vereador mais idoso, Antonio Camelo Neto (PDT), com assento na Câmara Municipal, poderia empossar o novo prefeito.
    Questionado a respeito de quem é o prefeito de Alto Boa Vista, Aldecides Milhomen não pensou duas vezes para responder: "O ato de posse foi nulo e o prefeito sou eu, Aldecides Milhomem. A Justiça Eleitoral cassou meu diploma, mas foi dada uma posse ilegal ao ocupante do cargo e esse termo de posse foi nulo . A sessão de posse foi irregular e anulada em ato administrativo pelo presidente da Câmara. E, depois foi confirmado, pela Justiça Eleitoral da minha região".
    Desvio de dinheiro
    Conforme Midianews divulgou, o prefeito em exercício Wanderley Perin (PR), convocou a Polícia Civil e a Polícia Militar para gravar, em vídeo, a abertura do cofre público. Dos R$ 730 mil previstos, só foram encontrados R$ 13,25.
    Conforme o republicano, será encaminhado pedido de investigação ao Ministério Público Estadual (MPE).
    No entanto, Aldecides Milhomem desmereceu a acusação. "Não tenho conhecimento de nada disso. Isso é uma montagem para denegrir minha imagem", afirmou.
    Ele também rebateu a acusação de que provocou rombo de R$ 10 milhões à frente da Prefeitura de Alto Boa Vista. "Tudo é inverdade, colocada para gerar fatos e chamar a atenção da imprensa. O município tem receita anual de R$ 7 milhões. Peguei uma dívida de 7,5 milhões, renegociei e coloquei tudo em dia", completou.

  • Midia News

     

    Prefeito cassado em MT deixa dívida de R$ 725 mil em energia a sucessor

    Contas de luz não vinham sendo pagas desde abril de 2009. Novo prefeito vai tentar negociar com Rede Cemat na próxima semana

    Pela G1

    A Prefeitura de Alto Boa Vista, a 1.064 quilômetros de Cuiabá, possui uma dívida de R$ 725,4 mil com a Rede Cemat, empresa responsável pela distribuição de energia em Mato Grosso. Segundo o atual prefeito Wanderley Perin (PR), as contas de luz não vem sendo pagas desde abril de 2009.
    A inadimplência foi constatada por Perin, que tomou posse na semana passada no lugar do ex-prefeito, Aldecides Milhomen Cirqueira (DEM), cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MT)há cerca de 15 dias por suposta compra de votos na eleição de 2008. Por meio do seu advogado, o prefeito cassado alegou ser impossível deixar uma dívida dessa proporção diante do orçamento do município e do período em que esteve no cargo.
    O prefeito em exercício informou ao G1 que a Rede Cemat já ingressou com ação judicial para receber a dívida deixada pelo antecessor e protocolou denúncia junto ao Tribunal de Contas do Estado (TCE). "Não foram feitos os pagamentos de energia de todos os órgãos municipais, incluindo escolas e creches", disse o republicano.
    Essa é uma das irregularidades que serão apresentadas pelo novo prefeito à equipe técnica do TCE que vai iniciar um trabalho de auditoria na administração de Alto Boa Vista na próxima segunda-feira (20), a pedido do próprio Perin.
    A verificação será feita in loco após várias denúncias de falhas cometidas pela gestão anterior. Entre elas, o suposto sumiço de mais de R$ 700 mil do cofre da prefeitura, que teria sido aberto para pagar o salário dos servidores. Porém, só foram encontrados R$ 13.
    Perin afirmou que virá a Cuiabá para tentar negociar a dívida com a Cemat e evitar o corte de energia nos órgãos públicos. "Temos que negociar se não correremos o risco de ficar sem luz". Ele adiantou ainda que pedirá a prorrogação e parcelamento do débito.
    Outro lado
    A equipe de reportagem do G1 conversou com o advogado de Milhomen, Romes da Motta Soares, e disse considerar praticamente impossível haver uma dívida como essa, sendo que as contas do município referentes a 2009 foram aprovadas pelo TCE e pela Câmara Municipal de Vereadores.
    Ele avaliou ainda que, pelo orçamento do município e pelo tamanho da dívida, o débito pode ser proveniente de antecessores, já que 2009 foi o primeiro ano de mandato do seu cliente. "Não teria como ter contraído uma dívida dessa proporção nesse curto períoto de tempo", reiterou.

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