terça-feira, 8 de junho de 2010

Presidente da Agecopa tenta censurar site de notícias em divulgar fatos

O presidente da Agecopa, Adilton Sachetti, notificou o MidiaNews extrajudicialmente com o objetivo de impedir que o site divulgue reportagens em que ele figure como réu em processos judiciais. De acordo com levantamento junto ao Tribunal de Justiça, Sachetti responde a 53 ações, uma delas sob a acusação de estelionato pelo Bic Banco, que lhe emprestou 500 mil dólares.

Na notificação, segundo o advogado Décio José Tessaro, o cunho jornalístico e informativo da reportagem foi "subvertido e extrapolado a partir do estabelecimento de um vínculo tendencioso entre a pessoa de Adilton Sachetti na qualidade de réu nessas ações e a função pública exercida na Presidência da Agecopa, com sérios prejuízos à sua imagem pública, honra e moral".

Segundo Sachetti e Tessaro, o site MidiaNews utilizou de "sensacionalismo" e "jogo de palavras" para "insinuar que Adilton Sachetti não seria a pessoa ideal, ou confiável, a presidir a instituição que será responsável pela administração de um montante superior a R$ 1 bilhão em investimentos".

O advogado afirma ainda que o site tem como intenção "incitar o público a julgar premeditadamente e sem acesso à informação fidedigna dos fatos, a reputação, a honra, e até mesmo a probidade do acusado Adilton Domingos Sachetti".

Através de expressões exageradas, o advogado ainda questiona a enquete realizada pelo site, que perguntou aos leitores se, para eles, "é normal o fato do presidente da Agecopa responder a 53 ações na Justiça".

Por fim, segundo Tessaro, "não há dúvidas que as reportagens vêm causando prejuízos nefastos à honra e imagem pública de Adilton Sachetti e, se reiteradas, serão objeto de ações cíveis e criminais cabíveis".

"Assim sendo, fica o site MidiaNews notificado para que se abstenham de promover a divulgação de reportagens que tenham o condão de denegrir a imagem pública e manipular a opinião pública quanto à reputação ilibada de Adilton Sachetti, sob pena de responderem na esfera civil e criminal".

Sem intimidação

Segundo o diretor do MidiaNews, jornalista Ramon Monteagudo, tanto o empresário Adilton Sachetti quanto o advogado Décio José Tessaro cometem um equívoco ao julgar que o site busca denegrir a imagem de quem quer que seja.

"O MidiaNews tem por norma básica relatar os fatos e, neste caso, as pendências judiciais relacionadas ao presidente da Agecopa são públicas. Ninguém inventou nada, basta acessar o site do Tribunal de Justiça para se comprovar a veracidade das informações", afirmou.

Quanto às acusações de "sensacionalismo" e "jogo de palavras", Monteagudo as classificou de "ridículas e impertinentes".

"Talvez o senhor Sachetti queira posar de vítima, o que lhe é de direito. Mas não se pode fechar os olhos para o fato de ele responder a essas ações e, ao mesmo tempo, ser o presidente de uma entidade como a Agecopa. Na minha opinião, se estivéssemos em um país sério, isso nunca aconteceria. As reportagens do MidiaNews não afirmaram isso, mas a minha opinião é essa: os processos a que o senhor Sachetti respondem, pos si só, já deveriam impedir sua indicação para o cargo", afirmou.

O jornalista ressaltou ainda que o site não se omitirá de divulgar fatos de interesse social, como o que está em questão.

"Não se pode admitir qualquer tentativa de intimidação. Em todas as reportagens feitas o senhor Sachetti foi exaustivamente procurado para dar a sua versão, mas preferiu se omitir. O site não age de má-fé ou persegue quem quer que seja; o site não afirmou, em momento algum, que o senhor Sachetti foi condenado. Procuramos apenas jogar luz sobre os fatos para que a sociedade tire as suas próprias conclusões", afirmou.

Segundo Monteagudo, os leitores do MidiaNews têm o direito de saber fatos de suma importância relacionados ao principal gestor da Agecopa. "Se apurarmos fatos novos, certamente os publicaremos. O problema das nossas autoridades é justamente levar tudo para o lado pessoal e fazer papel de vítima. Mas o site continuará a noticiar os acontecimentos com imparcialidade e independência, coisa que, infelizmente, desagrada a muitos", afirmou.

Fonte: O Documento

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