segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Cuiabano faz humor em 'Caras e bocas', mas seguirá como apresentador

Globo

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Otaviano Costa vai virar o ano trabalhando no Piscinão de Ramos. Depois de passar os últimos nove meses exercitando sua porção ator na pele do impagável malandro Adenor, de "Caras & bocas" - que termina dia 8 de janeiro -, o cuiabano dará expediente como apresentador no comando de um dos links da transmissão de réveillon da Globo. O fato de começar 2010 na labuta não incomoda o também jornalista, de 36 anos, que já fez de tudo na televisão: desde manipular marionetes em programa infantil até atuar em pegadinhas. - Será a oportunidade de voltar ao ar como apresentador, agora na Globo - destaca Otaviano, que estreou na TV como ator da "Escolinha do Golias", no SBT (no fim da década de 1990), mas acabou firmando-se no veículo no comando de programas de auditório. - Quero rasgar todos os caminhos e abrir fronteiras. Também tenho vontade de fazer cinema e teatro - anuncia. A novela de Walcyr Carrasco é só o começo. A trama deu a Otaviano a chance de trabalhar sua veia cômica ao lado de Fábio Lago (o Fabiano) e Suzana Pires (a Ivonete). Para viver o baiano Adenor, tipo que combina boné com pochete e quer ver o mundo acabar em barranco só para ficar encostado até o fim, o ator precisou ter foco. - Adenor me desafia o tempo todo. A concentração é grande porque tem aquele sotaque e o personagem passa por uma curva do humor escrachado. Mas não posso deixar virar esbórnia - observa o ator. - Eu me machuco em cena, me jogo, vou para o chão, e me lambuzo sem problemas - diz. Piadista e chegado a fazer imitações, Otaviano diz "brincar o tempo todo". - O humor está no meu DNA, é minha filosofia de vida - anuncia o marido da protagonista de "Caras & bocas", Flávia Alessandra, que planeja férias com a mulher após o fim da novela. - Somos grandes companheiros - conta. Casado desde outubro de 2006, Otaviano aprendeu a administrar o fato de estar ao lado de uma estrela da TV, capa da "Playboy" pela segunda vez este mês. - No início eu estava despreparado para tanta coisa - admite o ator, que tinha poucos meses de namoro quando a atriz fez seu primeiro ensaio de nu. - Fui escolher as fotos com ela, mas não me sentia naquele direito. Era só um namorado. Acabei acompanhando tudo de perto, de forma discreta. Otaviano confessa que sentia um certo ciúme de Flávia no começo da relação. Mas sequer tinha muita ideia do que representava a figura pública da atriz, saída da novela "Alma gêmea" à época. - Juro por Deus que não conhecia o trabalho da Flávia. Não sabia nem mesmo se ela era uma boa atriz - revela, aos risos. Hoje, o casal se encontra nos bastidores de "Caras & bocas", mas quase não se esbarra em cena. Apesar de Walcyr Carrasco adorar juntar personagens de vários núcleos numa mesma sequência da novela. - Cada cena é motivo para uma grande história dentro da trama - aponta Otaviano, que tem um método quase visceral de trabalho. - Atuar para mim é sangue, coração e o momento. Decoro o texto, mas entro no set preparado para receber os apontamentos do diretor. Mais relaxado nesta reta final da trama, Otaviano lembra que o trabalho até aqui foi grande. - No começo eu tinha dificuldade de ficar histérico e brigar de uma forma tão explosiva com aquele sotaque do Adenor. E ainda tinha aquela pochete na cintura, com aquilo tudo de informação que o personagem carrega - enumera. - Adenor beira o cartoon. Já gravei cena dele correndo atrás de pneu. Mas faço tudo com verdade - afirma. Até agora, a experiência do ator em novelas ainda é pequena. Otaviano já fez uma participação em "Éramos seis", do SBT, em 1994. E atuou em "Amor & intrigas", exibida entre o fim de 2007 e o ano passado, pela Record. - A minha carreira como ator foi baseada no trabalho, na experiência. E a minha formação não foi pelo teatro e, sim, pela TV - frisa Otaviano, que trocou Cuiabá por São Paulo para jogar vôlei, aos 15 anos. A carreia esportiva durou pouco. Não demorou e Otaviano logo arrumou emprego como locutor e imitador numa rádio paulistana. Dali, foi para o SBT, onde ficou por um ano. Em 1991, integrou o primeiro time de VJs da MTV. - Não me considero um apresentador. Sou comunicador - explica. - Sabe o que é estar rodeado por um auditório com 400 pessoas? Aquilo é atuar. É como estar em praça pública - compara o jornalista, que já trabalhou em quase todas as emissoras da TV aberta. Depois de dois anos na MTV, Otaviano retornou ao canal de Silvio Santos para trabalhar com Angélica no infantil comandado pela apresentadora. Lá, dava vida e emprestava vozes aos personagens animados. - As coisas foram acontecendo. Quem iria planejar ser manipulador de marionetes como eu fui? Eu fazia a florzinha, o cãozinho... - recorda. - Sempre fui muito despudorado e cara de pau. Características que Otaviano seguiu explorando quando foi convidado para atuar nas pegadinhas do "Domingão do Faustão", na Globo. Depois de apenas quatro meses naquela função, o jornalista foi promovido e virou repórter de música e comportamento jovem do semanal. - Eu cheguei fazer a animação da plateia antes do Fausto entrar para gravar - lembra Otaviano, que diz ter criado uma relação afetiva com o apresentador do "Domingão". - Ele deu a chance da minha vida ao me indicar para substituir o Luciano Huck na Band. Com a ida de Huck para a Globo, Otaviano ganhou o programa "H" (que virou "O+"). Herdou uma plateia jovem e o comando da atração que tinha como maior chamariz a Feiticeira, personagem sensual vivido por Joana Prado. - Costumava entrar no palco 15 minutos antes do programa para conversar com a plateia. Às vezes enfrentava estresses. No dia em que o Sepultura foi tocar no programa precisei dar esporro nos fãs durante o intervalo. As pessoas se comportavam como se estivem num show, sem se importar com as câmeras, a gravação. Isso está até no YouTube - conta Otaviano, que ainda trocou a Band pela Record, onde também comandou atrações diante de um auditório. A cobertura agora do dia 31 marca o reencontro de Otaviano com grandes plateias e TV feita ao vivo. - A primeira transmissão de réveillon que fiz foi na Band, em 1999, em São Paulo. Apresentei a virada de ano diante de um milhão e meio de pessoas na Avenida Paulista - conta Otaviano, empolgado. - Minha cabeça não parava. Depois que acabou a festa e o público começou a dispersar eu procurei um canto e fiquei lá chorando - revela o ator.

Selzy Quinta

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