segunda-feira, 2 de novembro de 2009

ARTIGO - Conversa à luz das saudades no Dia de Finados

Por: Batista Custódio

Gostaria de deixar esta página sobre todos os túmulos para os que perderam entes queridos lessem nesse Dia de Finados como consolo da certeza de que a vida continua.
Hoje muitos irão aos cemitérios levar as suas saudades, a maioria é dessas saudades que vêm rasgando-nos nas feridas das dores que não passam, e mostrarei as saudades que chegam abraçando-nos nas lembranças dos que se foram dos corpos e permanecem vivos nos espíritos que às vezes nos visitam com mais frequência de que vários parentes e amigos que moram próximos de nós.
Minha filha Tanila Romana morreu aos 2 meses e 10 dias de idade na manhã de 13/6/1968, Dia de Corpus Christi. Ao levantar-me olhei-a no berço e não me esqueço de seu olhar acompanhando-me até a porta do quarto. Barbeava-me, feliz, no banheiro e ouvi o grito de Consuelo, alucinada: “A minha filha morreu!!!”
Sepultei meu filho Fábio Nasser em 18/1/1999 na mesma gaveta do mausoléu. Havia um ossinho dela e a imagem dele tocou-me com a força de um contato da presença de Tanila.
A minha filha Maria do Céu nasceu na madrugada de 16/6/2004 e, ao vê-la à tarde no berçário da Fêmina, com a cunhada Sônia, ela estava suavemente morena como a Tanila, olhou-me com aquele mesmo olhar da irmã e instantaneamente o semblante foi assumindo a tonalidade natural da sua tez clara.
A Sônia viu o meu espanto e ouviu-me exclamar:
– Ela é a Tanila!...
Fui ao apartamento e disse à Marly:
– A minha filha Tanila Romana voltou na nossa filha Maria do Céu.
A Marly relutou um pouco com o nome e concordou que eu a registrasse Maria do Céu.
Os que convivem comigo comprovam que desde menino sou liberto das coisas terrenas e os fatos relatados a seguir foram testemunhados pelos que frequentam o Centro Espírita Irmã Dulce, nesta Capital, Rua F-29, Qd. 147, Lt. 5, Setor Faiçalville.
O que lerão das duas mensagens do Fábio Nasser está em Misericórdia Divina e, a do meu avô Anicézio Cardoso, foi publicada pelo Diário da Manhã e constará do livro que o meu filho está ditando para a médium Mary Alves.
Na página 98, a 4ª mensagem finaliza com a revelação:
“Pai, abrace a Marly e ao pequeno João do Sonho, não do sonho, pois ele é o sonho que se materializou em sua vida”.
E na página 140, a 5ª mensagem traz a seguinte manifestação do meu filho Fábio neste tópico:
“Estou imensamente feliz pelos meus irmãos.
Chorei muito ao depositar o meu beijo na Maria do Céu. Se o senhor soubesse quem ela é... Será um gênio em matéria de amor e bondade”.
Meses depois, recebi a mensagem do meu avô Anicézio Cardoso, falecido em 1938 – eu tinha três anos e  vi seu espírito até aos oito –, com essa abertura:
“É com muita emoção que venho até este recinto de oração, pois o tempo surge para nós com oportunidade de trabalhar em favor da família.
Enquanto vinha para cá, recordava-me de você, ainda criança e tão inteligente, com o seu dom de ver os mortos”.
E esclareceu-me ao final:
“Vim informá-lo de que a pequenina Tanila daquela época encontra-se bem pertinho do seu coração”.
Os jornalistas que acompanharam-me no Cinco de Março e no Diário da Manhã presenciaram minha serenidade ao enfrentar as crises e com a tranquilidade de que venceria todas elas, porque guia-me o espírito no cumprimento da missão que me reencarnei para realizar no jornalismo. Nesses momentos, há sempre muito desespero à minha volta. Na quarta-feira passada, quando anunciei minha decisão de promover a reforma no Diário da Manhã, até meu filho Júlio Nasser ficou apreensivo e fez-me ponderações sobre os prejuízos que poderiam causar ao crescimento do jornal em franca expansão na credibilidade editorial. Escutei a minha premunição espiritual e determinei a mudança imediata.
Não há como evitar uma solidão torturante nessas horas. Como sei que nas quartas-feiras o Fábio Nasser dita à noite um novo capítulo de seu próximo livro, para a Mary Alves, solicitei que ela perguntasse ao espírito de meu filho se ele teria alguma ponderação para dar-me e fui calmo para casa. Mas ao me deitar, não consegui dormir. De repente, uma ansiedade foi asfixiando-me completamente. A respiração ficou difícil. Surgiram dores em todo o corpo. Rolava na cama e cada posição deixava-me ainda mais angustiado. Falei para a Marly que ia me levantar e descer para a sala. Ela perguntou-me: “O que vai fazer lá?” Vou ficar andando, justifiquei. Fui e deitei-me no sofá, dormi rápido e tive a impressão de que um grupo de vultos vagava sobre o meu corpo. Acordei como se houvesse sido despertado. Olhei, não havia nada. Mas me sentia outro, disposto, revigorado nas energias. Fiquei encabulado e comuniquei para Marly, a Verônica e a Sabrina a sensação estranha que eu tivera.
Na manhã de quinta-feira, a médium Mary Alves mandou entregar em minha casa a mensagem que me enviara o Fábio Nasser:
“Diga ao meu pai que as suas ponderações estão corretas e que a decisão é necessária; que marque com o governador, de amigo para amigo, um encontro e exponha a sua decisão, que terá uma ajuda de onde não espera.
Que o seu mal-estar à noite foi por conta de “vibrações” que duas pessoas lhe enviaram e que ele sabe quem são.
Que, por merecimento, ele está com uma equipe espiritual que lhe dá passes toda semana; que está ao seu lado sempre e que o ama”.
Como obedeço rigorosamente as orientações recebidas da espiritualidade, mesmo as que me deixam contrafeito, telefonei ao governador. Prontificou-se em receber-me, solícito, até porque – conforme disse – queria agradecer-me. O encontro não foi ainda possível, não da parte de Alcides Rodrigues, mas devido aos atopelos das minhas atribulações para chegar com o Diário da Manhã ao seu destino preconizado.
O  objetivo dessa conversa no dia dos mortos não é despertar a compreensão de ninguém para facilitar-me a carga do fado, mas dizer que é bom levar velas e flores para os mortos amados que o espírito deles receberá a luz e o perfume delas. Mas não pensem que eles estão lá no cemitério esperando, porque estão mais vivos do que nunca. Agora mesmo sinto o Fábio Nasser alegre aqui comigo. Não chorem seus mortos, porque eles chorarão também. Mas sorriam, porque eles também sorrirão. A vida continua. Porque é eterna.

Batista Custódio

DM

Selzy Quinta

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