Acusação é da PF, que desbaratou ontem grupo considerado ‘braço financeiro’ de esquema internacional de narcotráfico, com 13 presos
Lourival Fernandes/DC
Esquema era financiado e dinheiro, legalizado, através da comercialização de veículos de luxo
O “braço financeiro” de um grande esquema de tráfico internacional de drogas que operava em Cuiabá foi desarticulado ontem pela Polícia Federal com a prisão de 13 de pessoas, entre elas vários empresários da alta sociedade da Capital, um advogado e quatro policiais civis. Ao todo, foram autorizados 24 mandados de prisão e 42 de busca e apreensão.
Vários carros de luxo, entre eles uma Ferrari Spider 430 (avaliada em R$ 1,8 milhão), duas BMW (cerca de R$ 300 mil cada), um Corvette (aproximadamente R$ 270 mil), além de um Porsche (R$ 300 mil), três Mercedes e duas motos de luxo foram apreendidos. “O esquema era o que sustentava o tráfico de entorpecentes”, afirmou o secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, Diógenes Curado Filho.
Os veículos e as motos tinham duas finalidades: servir como pagamento das drogas que vinham da Bolívia e como forma de facilitar o esquema de lavagem do dinheiro, que era “esquentado” por meio da comercialização, segundo informações da Polícia Federal.
Preso na operação Maranello – em referência à cidade italiana onde são fabricados os carros Ferrari -, o empresário Alexandre Zangarini, proprietário do veículo da mesma marca, é considerado pelas investigações da PF o financiador do esquema de tráfico internacional de drogas. Ele é acusado pelos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Ele teria enviado dinheiro ao exterior por meio de uma operação financeira ilegal denominada como “dólar-cabo”.
O esquema consiste na remessa de valores ao exterior por meio de um sistema de compensação que tem por base a confiança. É uma forma de enviar dinheiro para fora do país sem precisar informar ao Banco Central. No caso investigado, os traficantes brasileiros, que compravam a droga na Bolívia, repassavam dinheiro a uma empresa de Zangarini no Brasil. Então, outra empresa sua, com sede no país vizinho, destinava o mesmo valor aos fornecedores da droga.
Factorings, empresas de cobrança, garagens de automóveis e até mesmo uma panificadora, localizada no Goiabeiras Shopping, eram utilizadas em nome de membros da organização criminosa, de seus familiares e de terceiros como forma de lavar o dinheiro oriundo do tráfico. Algumas das empresas situadas em três estados eram fantasmas, segundo a PF.
Além dos veículos apreendidos, a Justiça Federal autorizou o bloqueio de 42 contas bancárias e vários bens móveis e imóveis, adquiridos pelos acusados a partir de 2004. Na casa da filha de Zangarini, Michele Zangarini, foram apreendidas jóias que estavam em um cofre.
De acordo com o MPF, os lucros do tráfico eram distribuídos por empresas e contas correntes de familiares e colaboradores. Calcula-se que tais transações financeiras identificadas ultrapassem o montante de R$ 3.000.000.
Os denunciados, agindo de comum acordo, ocultaram e dissimularam a origem, a localização, a disposição, a movimentação e a propriedade de bens e valores provenientes direta e indiretamente de tráfico cocaína. Ao todo, o Ministério Público Federal denunciou 35 pessoas na operação. Confira a lista no quadro.
STEFFANIE SCHMIDT - DC
Selzy Quinta
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