Polícia leva 23 à prisão, envolvidos com esquema de distribuição de drogas comandado dentro de presídios
Francis Amorim
Acusados vão responder por crime de tráfico e associação para o tráfico; parte ficará presa em Água Boa
FRANCIS AMORIM
Da sucursal/Barra do Garças
A Polícia Civil prendeu nesta terça-feira 23 pessoas suspeitas de integrar uma quadrilha que comandava o tráfico de drogas dentro e fora da Penitenciária Central do Estado e na Cadeia Pública de Barra do Garças (520 quilômetros a leste da Capital). A operação denominada “Entre Rios” foi desencadeada nas primeiras horas da manhã, em Mato Grosso e Goiás.
Vinte e três dos 28 mandados de prisão temporária e preventiva, e de busca e apreensão expedidos pela 2ª Vara Criminal do município foram cumpridos por 80 policiais civis nas cidades de Barra do Garças, Aragarças e Jussara, as duas últimas, em Goiás. Três mandados foram contra traficantes que comandavam todo o esquema de dentro da prisão. Entre os presos está um agente do sistema prisional e um líder comunitário, acusados de dar suporte à quadrilha.
As investigações que resultaram na operação foram iniciadas há cerca de quatro meses, com escutas e interceptações telefônicas entre os chefes da quadrilha e o agente prisional Ueides Rocha Gouveia, lotado na cadeia local, que agia como interlocutor do grupo. As investigações contaram com o apoio de policiais da Delegacia Especializada de Repressão a Entorpecentes (DRE) de Cuiabá.
Todo o esquema de entrada de drogas e aparelhos de telefonia móvel era feito via telefone celular a partir da Penitenciária Central do Estado e da Cadeia Pública de Barra do Garças. O entorpecente que abastecia o “mercado” no sistema prisional era adquirido na fronteira entre Mato Grosso e Bolívia, e na Capital, mas sempre em pequenas quantias para não despertar a atenção da polícia.
Segundo o delegado Adilson Gonçalves de Macedo, titular da Delegacia Municipal de Polícia de Barra do Garças e responsável pelas investigações, Rodney Rodrigues dos Santos, de 31 anos, o “Pinguim” (preso em Cuiabá), e Maurício Martins de Oliveira (detido em Barra) abasteciam o tráfico na prisão e em cidades vizinhas.
“São pessoas de alta periculosidade que estavam planejando um atentado contra o carro do diretor da Cadeia Pública e que, por meio de interceptações, conseguimos identificá-los e evitar toda a ação” disse.
O diretor da Cadeia Pública de Barra do Garças, Flávio Monteiro Ferreira de Oliveira, passou a ser o alvo da quadrilha a partir do momento que intensificou as revistas no interior das celas com a colaboração da Força Tática da Polícia Militar, passando a dificultar o acesso de drogas e telefones na cadeia.
Nesta operação, a Polícia Civil apreendeu também meio quilo de drogas (pasta-base de cocaína e maconha), balanças de precisão, munições e objetos pessoais.
Os acusados vão responder por crime de tráfico de drogas e associação para o tráfico. Parte será encaminhada à Penitenciária de Segurança Máxima Major Zuzi, em Água Boa, a fim de mantê-los separados para eventuais ações.
PM está entre novos denunciados no caso
Seis pessoas foram formalmente acusadas de integrar quadrilha de narcotráfico desarticulada pela PF em julho. Policial é irmão de suposto traficante
KEITY ROMA
O Ministério Público Estadual (MPE) denunciou mais seis pessoas acusadas de integrar a quadrilha de tráfico de drogas desarticulada durante a Operação Volver, entre elas está o policial militar Paulo César França. Na segunda denúncia oferecida à Justiça contra o bando, os integrantes são acusados de associação para o tráfico e formação de quadrilha.
No documento, o policial militar é acusado de participar da negociação de armamentos de grosso calibre junto com criminosos liderados pelo irmão dele, Adomício França, e por Everton Cândido, traficante conhecido como “Pupunha”. Dentro da unidade prisional, a dupla dividia um aparelho celular e continuava comandando o tráfico interestadual. O PM seria ainda o responsável pela aquisição e repasse de cocaína para traficantes de Uruaçu (GO).
Entre as armas enviadas de Várzea Grande a Cáceres havia três metralhadoras, um fuzil 762, duas pistolas, uma espingarda calibre 12, 275 munições calibre 9 milímetros e 29 munições de fuzil. O armamento seria usado para a prática de assaltos na região e, também, trocados por entorpecentes, se o bando precisasse de dinheiro para manter as atividades criminosas.
As investigações revelaram ainda que em 2008 o policial se associou aos demais denunciados Darly Pontes Estevo, Pablo Maciel de Souza dos Anjos e Kilderney de Oliveira Goes para traficar drogas. Paulo teria se tornado o “braço direito” da quadrilha, que negociava com Darly e Kildeney as remessas de drogas e a forma de pagamento.
Apesar de constar na denúncia o nome de Everton e Adomício, eles também são investigados em outros inquéritos que têm como foco a estrutura do tráfico de drogas praticado pela quadrilha. Após a Operação Volver, a Polícia Federal instaurou cinco inquéritos para apurar os crimes, segundo o delegado federal Dennis Maximino.
O delegado finalizou o primeiro inquérito no dia 13 de agosto e nele indiciou a advogada Lucy Rosa da Silva, acusada de tráfico de influência e corrupção ativa, e Otoniel da Silva Pimentel. Também é citada na investigação a advogada Kattlen Káritas, cujo nome consta em um dos documentos ainda não fiscalizados pela polícia.
As advogadas e outras 26 pessoas foram presas no dia 10 de julho com a ação policial, acusadas de integrar a organização criminosa. As duas profissionais obtiveram liberdade com a intervenção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que interpôs um habeas corpus em favor delas, mas os demais envolvidos continuam na prisão.
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