Editoria Política
Para aqueles que já cantavam vitória em relação na certeza da cassação do vereador Ralf Leite(PRTB), uma decisão da desembargadora Clarice Claudino da Silva, proferida no início da noite de ontem, deu sobrevida ao parlamentar, cujo pedido de perda de mandato seria julgado hoje pela Câmara de Cuiabá.
A magistrada acatou parcialmente uma medida cautelar proposta pelos advogados do vereador para suspender a execução do acórdão da Quarta Câmara Cível que deu prosseguimento aos trabalhos da Comissão de Ética da Câmara. Assim, o julgamento em plenário do relatório propondo a perda de mandato está suspenso.
A desembargadora entendeu os argumentos da defesa, de que o acórdão não poderia ser executado antes do julgamento dos embargos declaratórios com efeito infringente, propostos por Ralf Leite. “Defiro parcialmente a garantia cautelar vinculada para suspender a execução do acórdão exarado no RAI [Recurso de Agravo de Instrumento] 27090/2009 até o julgamento dos embargos apostos e sua publicação”, escreveu a desembargadora.
O presidente da Câmara Deucimar Silva (PP) foi notificado da decisão por volta das 20h30, quando participava de uma sessão itinerante no Jardim Florianópolis. Em entrevista por telefone, o vereador se disse surpreso com a decisão.
Na sessão de hoje seria colocado em votação o parecer da Comissão de Ética favorável à cassação de Ralf. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) também considerou que o vereador cometeu quebra de decoro parlamentar. Ele foi preso no dia 6 de fevereiro passado, em flagrante, na companhia de um travesti menor de idade.
Pesa neste episódio o uso do cargo de vereador para intimidar e até mesmo tentar subornar policiais militares para se livrar da prisão em flagrante, o que configuraria quebra de decoro parlamentar.
Conjecturas apontavam que pelo menos 70% dos parlamentares votariam favoravelmente à perda do mandato. O índice pode ser ainda maior desde que a declaração do voto seja aberta. Temendo desgaste com a opinião pública, os vereadores se sentirão pressionados a votar pela perda do mandato.
Já há até votos declarados, como Everton Pop (PP), Domingos Sávio (PMDB) e Adevair Cabral (PDT). Os três compuseram a Comissão de Ética que emitiu parecer favorável à perda do mandato.
Os parlamentares Deucimar Silva (PP), Toninho de Souza (PDT), Lúdio Cabral (PT), Washington Barbosa (PRB) e Francisco Vuolo (PR) também sinalizaram ser favoráveis à perda do mandato.
O estopim da crise de relacionamento de Ralf Leite com outros vereadores foi a agressão física à sua ex-namorada Cristina Biezus Gentil. O episódio levou a Delegacia Especializada de Defesa da Mulher (DEDM) a abrir inquérito para apurar suposta tentativa de homicídio contra a garota.
Por conta disso, Ralf Leite perdeu até o apoio dos poucos parlamentares que o defendiam das acusações. A vereadora Lueci Ramos (PSDB), que chegou a defendê-lo no episódio do Lago do Manso, já anunciou que votará a favor da perda de mandato. A bancada tucana composta também por Antônio Fernandes, Roosivelt Coelho e Paulo Borges Junior já havia fechado entendimento em conjunto e é favorável à perda do mandato.
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