terça-feira, 7 de julho de 2009

Práticas milionárias de irmãos grileiros

KEITY ROMA - DC

Ademilson e Gilberto Rezende, o “Gilbertão”, acusados de causar terror no Vale do Araguaia por terras, chegaram a ostentar cifras vultosas e inexplicáveis

Relatos de poder da Justiça dão conta de que Gilberto e irmãos se diziam detentores de reserva indígena

Foi no ano em que a grilagem na reserva indígena Maraiwatsede, em Alto Boa Vista, se intensificou que os irmãos Ademilson Rezende e Gilberto Rezende começaram a apresentar movimentações financeiras milionárias. O primeiro deles chegou a registrar R$ 7 milhões em sua conta bancária no ano de 2003, contudo declarou à União, no mesmo ano, renda mensal inferior a R$ 5 mil. As cifras vultosas e inexplicáveis reforçam as acusações de apropriação ilegal de terras públicas com a ação criminosa de oficiais militares e pistoleiros no Araguaia.
Gilberto Luiz Rezende movimentou entre 2003 e 2005 o montante de R$ 6,9 milhões, sem declarar ao poder público qualquer recebimento de ativos lícitos. A Justiça Federal decretou o seqüestro e a indisponibilidade dos bens de ambos, presos semana passada com mais 13 pessoas durante a Operação Pluma, acusados de integrar uma das quadrilhas mais perigosas de grilagem e de pistolagem no Estado.
O terror liderado pelos irmãos que fizeram fortuna no Vale do Araguaia começou no ano de 2003, segundo relatos de habitantes da região. Já em 2004, o administrador regional da Funai de Campinápolis à época, Eduardo Barbosa, relatou em uma reunião com o Ministério Público Federal que Gilberto Rezende e os irmãos diziam-se detentores da reserva Maraiwatsede e juntos estavam promovendo o parcelamento da área.
O representante dos índios xavantes afirmou ainda que a dupla estava realizando a venda e escrituração de parcelas das terras indígenas no cartório de registro de imóveis de São Felix do Araguaia, que pertence a Maria Carvalho, também presa sexta-feira passada. Na mesma ocasião, “Gilbertão”, como é conhecido o líder, foi acusado ainda de comandar o esquema de pistolagem e promover o desmatamento intenso da reserva.
Sob influência de “Gilbertão”, a liderança Xavante teria até mesmo escrito uma carta ao presidente da República abrindo mão da posse da área. A venda dos lotes permitiu aos irmãos o enriquecimento e expansão dos negócios para a grilagem de assentamentos rurais.
A presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Confresa, Aparecida Silva, relatou que “Gilbertão” ganhou a confiança de posseiros de Confresa e que aos poucos começou a influenciá-los a vender suas terras. Quando já possuía boa parte das propriedades e não precisava de colaboração, “Gilbertão” passou a intimidar os posseiros que não queriam abandonar as terras. O grileiro lançou mão então do aparato de oficiais militares, aos quais pagava com o dinheiro das invasões para manter o esquema criminoso.

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