Maluf quer devolver salário; prefeitura não se interessa

Antonielle Costa

Mesmo depois de o deputado Guilherme Maluf (PSDB) ter se prontificado em ressarcir o dinheiro que recebeu indevidamente da Prefeitura Municipal de Várzea Grande desde 2007, quando assumiu uma vaga na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, a Administração Municipal, ao que parece, não tem muita pressa em receber de volta o dinheiro do contribuinte.
Há 15 dias, MidiaNews busca junto à secretaria de Administração, comandada por Faustino Dias Neto, levantar o período real em que o parlamentar recebeu sem trabalhar e qual o montante que deverá ser devolvido aos cofres públicos.
A cada tentativa, Faustino informa que os valores "estão sendo somados". As suspeitas são de que o caso envolve muito dinheiro, falta agilidade no setor dito competente para fazer o que, aparentemente, seria um simples cálculo ou interesse por parte da administração municipal.
O secretário Dias explicou que houve "um equívoco" tanto por parte do servidor (o médico Gulherme Maluf, que, antes de se eleger deputado estadual, era servidor concursado), por não ter solicitado o afastamento logo após ter sido eleito deputado, em 2006, quanto por parte da própria Administração Municipal. A verdade é que, até o momento, não há nenhuma demonstração de que existe interesse em corrigir tal erro.
Denúncia
Conforme denuncia protolocada pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), junto ao Ministério Público, Guilherme Maluf continuou recebendo salários pela função de cirurgião-geral, concursado da Prefeitura da Cidade Industrial, desde quando assumiu uma cadeira da Assembleia Legislativa, em 2007.
Conforme MidiaNews revelou com exclusividade no dia 28 de maio, Maluf constava na folha de pagamento do mês de abril e, segundo demonstrativo mensal, o parlamentar recebeu, como salário-base, R$ 1.035,67; adicional por tempo de serviço, R$ 331,41; adicional de insalubridade, R$ 414,26. O salário bruto foi de R$ 1.781,34 e líquido, de R$ 1.616,24.
Devolução
Maluf ingressou, no último dia 1º, com pedido de devolução do dinheiro que teria recebido de forma ilegal e, em entrevista ao site, informou que desconhecia o caso e que tomou conhecimento do assunto pela imprensa. Segundo ele, quando se elegeu, pediu desligamento dos órgãos em que atuava.
"Achei que estivesse sido desligado da prefeitura, mas já entrei com um pedido de ressarcimento do valor. Não sei quanto tempo e nem o valor. Eles lá [na Prefeitura] é que vão fazer os cálculos", completou

Selzy Quinta